FERNANDO MELLO
DO PAINEL FC
MARÍLIA RUIZ
DA REPORTAGEM LOCAL

O sonho são-paulino de fazer fortuna na Coréia do Sul pode custar R$ 10 milhões. É o que prevê uma cláusula do contrato de TV do Brasileiro-2003 em caso de descumprimento de seus artigos, entre eles o do veto à participação das equipes em campeonatos paralelos ao Nacional.
O São Paulo chegou a essa conclusão ontem depois de uma consulta a um grupo de advogados.
Ávida pelos US$ 2 milhões em jogo na Copa da Paz, a diretoria do clube procurou especialistas para confirmar a sua participação no torneio mesmo sem a autorização expressa da CBF. Só aí soube da multa que poderia receber se levasse a cabo a decisão de dividir a equipe em duas -para viajar à Coréia do Sul e continuar na disputa do Brasileiro em julho.
Isso porque o contrato de cessão de direitos televisivos firmado entre o Clube dos 13 e a Globo prevê multa em caso de viagens dos clubes não expressamente autorizadas pela CBF, organizadora do Brasileiro -cláusulas 11 e 21.
"Após me reunir com os advogados, chegamos à conclusão de que não poderemos infringir essa cláusula. Há uma grande multa prevista. Não tinha nada no Estatuto do Torcedor nem no regulamento do Brasileiro que nos proibisse de viajar, mas há no contrato de TV", disse o diretor de futebol do clube, Juvenal Juvêncio.
O São Paulo pediu mais prazo para dar sua resposta final à organização do torneio internacional, mas acredita que tem mesmo só até amanhã para confirmar a sua participação na Copa da Paz.
A desistência, caso o prazo não seja prorrogado e a CBF não libere a viagem do São Paulo, também incidirá em uma multa, de aproximadamente US$ 350 mil -cerca de R$ 1,01 milhão.
"Eles [organizadores do torneio] estão apreensivos porque já sabem do problema que estamos tendo com a CBF para conseguir a liberação. Acho que, se não pudermos ir, vamos dialogar com eles para não pagar nenhuma multa. Não estamos desistindo. Na verdade, não estão nos deixando ir. Mas vamos ter esperança e esperar até sexta [amanhã], porque depois temos que dar uma satisfação", afirmou o diretor são-paulino.
Nabi Abi Chedid não deve atender o São Paulo dentro desse prazo. O presidente em exercício da CBF, que havia vetado a participação do time paulista no torneio internacional alegando não poder mexer na tabela do Brasileiro, ainda não respondeu à nova consulta do clube. O dirigente disse que só vai se pronunciar sobre esse assunto na semana que vem, quando já será tarde para o São Paulo.
Procurada pela Folha, a Globo Esportes, detentora dos direitos de TV do Brasileiro-2003, preferiu não comentar o caso.


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