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São Paulo, quinta-feira, 19 de junho de 2003

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FUTEBOL

Troféus conquistados pelo Brasil são protegidos por esquema precário

CBF abandona história da seleção em sua sede antiga

SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO

Quase todos os troféus, medalhas e flâmulas conquistados pela seleção na sua história foram deixados pela CBF na desativada e empoeirada ex-sede da entidade.
A maioria dos prêmios, fora a taça Fifa e a réplica da Jules Rimet, está trancada em uma sala do terceiro andar do edifício da rua da Alfândega, no centro do Rio.
Com a mudança da entidade para a Barra da Tijuca (zona oeste do Rio), em agosto, o presidente Ricardo Teixeira decidiu manter no prédio vazio os mais de 500 objetos conquistados pelo Brasil.
Entre os tesouros escondidos na antiga sede estão os troféus das copas Oswaldo Cruz, Rio Branco e Roca. Lá, também estão troféus obtidos por craques como Garrincha, Pelé e Leônidas da Silva em torneios pelo mundo. Muitos são preciosidades artísticas.
Como se não bastasse o descuido com o patrimônio da seleção, o acervo é protegido por um esquema de segurança mambembe.
Para tomar conta do prédio, cinco funcionários se revezam durante todo o dia. Todos trabalham desarmados. À noite, o vigia fica trancado em uma sala para não ficar exposto na portaria.
De madrugada, a rua da Alfândega fica deserta. A calçada do prédio da CBF serve como dormitório para a população de rua.
O descaso com a segurança no prédio antigo choca se comparado com o forte esquema para proteger os dirigentes na nova sede.
Na Barra, várias câmeras registram atitudes suspeitas. Inúmeros vigilantes trabalham no local, além de os dirigentes contarem com saídas especiais para evitar torcedores e jornalistas.
Longe da fortaleza moderna, não são só os troféus que são maltratados. A biblioteca da CBF também não foi completamente transferida para a nova sede. Com isso, muitas publicações editadas pela entidade e livros históricos continuam no prédio velho.
O descaso da CBF com a segurança já levou o Brasil a amargar um de seus maiores vexames. Nos anos 80, ladrões renderam com facilidade o único vigia do prédio e roubaram a Taça Jules Rimet, conquistada após a vitória na Copa de 70 -o troféu foi derretido.
Apesar disso, o presidente interino da CBF, Nabi Abi Chedid, diz que os prêmios obtidos pela seleção não "estão abandonados".
"Os troféus não estão sujos. Estão só esperando um novo destino", disse Chedid, que substitui Teixeira, que se licenciou do cargo para acompanhar a seleção na Copa das Confederações e para participar de reuniões na Fifa.
Segundo Chedid, o acervo "não ficará por muito tempo na antiga sede". "Os troféus poderão ir a um museu, que ficará na sede que a CBF vai construir. Também recebemos o pedido de enviar os troféus para o museu do Maracanã", acrescentou o dirigente.


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