|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FUTEBOL
Troféus conquistados pelo Brasil são protegidos por esquema precário
CBF abandona história da seleção em sua sede antiga
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Quase todos os troféus, medalhas e flâmulas conquistados pela
seleção na sua história foram deixados pela CBF na desativada e
empoeirada ex-sede da entidade.
A maioria dos prêmios, fora a
taça Fifa e a réplica da Jules Rimet,
está trancada em uma sala do terceiro andar do edifício da rua da
Alfândega, no centro do Rio.
Com a mudança da entidade
para a Barra da Tijuca (zona oeste
do Rio), em agosto, o presidente
Ricardo Teixeira decidiu manter
no prédio vazio os mais de 500
objetos conquistados pelo Brasil.
Entre os tesouros escondidos na
antiga sede estão os troféus das
copas Oswaldo Cruz, Rio Branco
e Roca. Lá, também estão troféus
obtidos por craques como Garrincha, Pelé e Leônidas da Silva
em torneios pelo mundo. Muitos
são preciosidades artísticas.
Como se não bastasse o descuido com o patrimônio da seleção, o
acervo é protegido por um esquema de segurança mambembe.
Para tomar conta do prédio,
cinco funcionários se revezam
durante todo o dia. Todos trabalham desarmados. À noite, o vigia
fica trancado em uma sala para
não ficar exposto na portaria.
De madrugada, a rua da Alfândega fica deserta. A calçada do
prédio da CBF serve como dormitório para a população de rua.
O descaso com a segurança no
prédio antigo choca se comparado com o forte esquema para proteger os dirigentes na nova sede.
Na Barra, várias câmeras registram atitudes suspeitas. Inúmeros
vigilantes trabalham no local,
além de os dirigentes contarem
com saídas especiais para evitar
torcedores e jornalistas.
Longe da fortaleza moderna,
não são só os troféus que são maltratados. A biblioteca da CBF
também não foi completamente
transferida para a nova sede. Com
isso, muitas publicações editadas
pela entidade e livros históricos
continuam no prédio velho.
O descaso da CBF com a segurança já levou o Brasil a amargar
um de seus maiores vexames. Nos
anos 80, ladrões renderam com
facilidade o único vigia do prédio
e roubaram a Taça Jules Rimet,
conquistada após a vitória na Copa de 70 -o troféu foi derretido.
Apesar disso, o presidente interino da CBF, Nabi Abi Chedid, diz
que os prêmios obtidos pela seleção não "estão abandonados".
"Os troféus não estão sujos. Estão só esperando um novo destino", disse Chedid, que substitui
Teixeira, que se licenciou do cargo para acompanhar a seleção na
Copa das Confederações e para
participar de reuniões na Fifa.
Segundo Chedid, o acervo "não
ficará por muito tempo na antiga
sede". "Os troféus poderão ir a
um museu, que ficará na sede que
a CBF vai construir. Também recebemos o pedido de enviar os
troféus para o museu do Maracanã", acrescentou o dirigente.
Texto Anterior: O escudeiro: Contido, Leal é o Zagallo de Parreira Próximo Texto: Taça Fifa tem segurança especial Índice
|