São Paulo, domingo, 19 de junho de 2005

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FUTEBOL

"Vai Robinho"

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

A campanha nacional "Fica Robinho" ganhou grande espaço nas últimas semanas. Respeito tal manifestação e, mesmo não querendo lançar ou comandar movimento contrário, uso este espaço para externar minha modesta opinião: "Vai Robinho".
São inúmeras as razões para eu desejar a saída do astro santista para o futebol europeu. Colocarei aqui apenas as principais, deixando claro que não tenho nada contra o Santos. Muito ao contrário. Como esta é uma coluna de futebol internacional, poucos clubes são tão respeitados por mim quanto o glorioso time de Pelé.
Robinho teve origem humilde, como a esmagadora maioria dos jogadores brasileiros. Nada mais justo do que lucrar com seu talento, financeiramente falando mesmo. Além da grana, atuar na Europa seria tecnicamente melhor para alguém que já está há muito tempo entre os melhores do mundo. Seu lugar é entre os melhores.
Alguns torcedores lamentam que não verão mais Robinho se ele for para a Europa. Bom, se ele jogar no Real Madrid, que passa mais na TV do que qualquer outro time do mundo, será mais visto do que nunca. No Brasil (dou meio um chute), cerca de 10 mil torcedores, em média, vão ao estádio ver um jogo de Robinho. Na Europa, esse número seria quadruplicado, quintuplicado...
A situação de risco que ele e sua família vivem em Santos, com seqüestros e presença forte de traficantes, não é nada animadora. No exterior, além de segurança, ele e seus pais teriam sabidamente uma vida melhor. Robinho cresceria em todos os sentidos e poderia assim continuar sendo o garoto alegre que conhecemos.
Profissionalmente, o jovem atacante não teria seus sonhos furtados. Duvido que ele seja sacado da reta final da Copa dos Campeões da Europa como foi da Libertadores. Duvido que ele não concorra ao prêmio de melhor jogador do planeta atuando na Europa. Duvido que seu lugar na seleção não seja cativo defendendo um grande do velho continente.
"Mas o Pelé não foi para a Europa..." Eram outros tempos, e Robinho não é Pelé. Seria um pecado negar sua ida à elite da bola, um egoísmo não querer o melhor para o garoto (pensar em "nós").
A história de o governo ajudar a mantê-lo aqui é ainda mais absurda. Por que não com os tantos outros craques? Por que usar dinheiro público para deixar no país alguém que está louco para se realizar no exterior? Por que não se preocupar com as coisas muito mais importantes que assustam agora todos os brasileiros? A negociação de Robinho ainda trás um bom dinheiro ao Brasil.
A Folha já destacou ontem o plano de levar o pai Gilvan e a mãe Marina à Europa mesmo se não ocorrer a esperada transferência para o Real Madrid. Só Marcelo Teixeira, presidente santista, impede a saída de Robinho. Há um contrato em vigor, mas o clube corre sério risco de ficar sem sua jovem estrela na reta final da Libertadores-06 também (Mundial vale mais que Copa das Confederações) e, pior, não lucrar o esperado com ele após a Copa.
Robinho, resumindo, quer ir. E merece, até pelo que fez na Vila.

Vai Robinho
Nas próximas semanas, Robinho grava comercial da Vivo com Gisele Bündchen, decide entre Coca-Cola e Pepsi, fecha com um banco e acerta com fabricante de bicicletas a criação de uma "magrela" amarela número 7 e de comercial "Pedala Robinho". Assediado pela Adidas, deve estender por dez ou até 15 anos seu contrato com a Nike.

Vai Copa das Confederações
Esta é a melhor que já teve, mas torço para que o torneio acabe.

Vai coluna
Domingo passado, levei a Copa-2006 ao inverno europeu. Como a geografia ensina, será verão na Europa. Faltaram aspas no inverno europeu, pois o Mundial alemão registrará 15C de dia e 10C à noite.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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