São Paulo, Segunda-feira, 19 de Julho de 1999
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Brasil é bi na Copa América; Luxemburgo ganha 1º título

Reuters
O técnico Wanderley Luxemburgo, que após a partida de ontem destacou a união de sua equipe na Copa América, é festejado pelos jogadores


ALEXANDRE GIMENEZ
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
RODRIGO BERTOLOTTO
enviados especiais a Assunção


A seleção brasileira se tornou ontem bicampeã da Copa América de 1999, ao derrotar na final o Uruguai por 3 a 0, no estádio Defensores del Chaco, em Assunção (Paraguai).
Hoje, a seleção deve ser recebida pelo presidente da República, Fernando Henrique Cardoso, em Brasília. Amanhã, viaja ao México para disputar a Copa das Confederações a partir do dia 24.
Esta é a primeira vez que a seleção ganha a Copa América duas vezes seguidas -a outra conquista foi em 1997, na Bolívia.
Na história da competição, os brasileiros têm seis títulos, ainda bem menos do que uruguaios e argentinos (14 cada um).
Essa foi a vitória num jogo decisivo de Copa América por maior diferença de gols desde 1957, quando os argentinos venceram os brasileiros pelos mesmos 3 a 0.
O resultado coroa a seleção que teve a melhor campanha. Foram seis vitórias em seis jogos, 17 gols marcados (o melhor ataque) e dois sofridos (a segunda melhor defesa, pior apenas que o Paraguai, que levou um).
De quebra, os brasileiros ficaram com os três principais artilheiros da competição: Rivaldo -o destaque do jogo, com dois gols e o passe para o terceiro- e Ronaldo, ambos com cinco gols, e Amoroso, com quatro.
O bicampeonato também estabelece a mais longa hegemonia brasileira no torneio.
A seleção não sofre uma derrota desde a Copa do Equador, em 1993, quando levou de 3 a 2 para o Chile ainda na primeira fase.
Ao todo são 20 jogos invictos, dos quais apenas três foram empates.
O Brasil foi eliminado nos pênaltis dos torneios de 93 (quartas) e 95 (final). Em 97 e 99, o Brasil venceu os 12 jogos que disputou.
Esse título também tem um sabor especial para Wanderley Luxemburgo, campeão na sua primeira competição como técnico da seleção brasileira.
A seleção do Uruguai, apesar de atuar com um time de jovens, equilibrou a partida desde o início. Com cinco jogadores no meio-campo, eles bloquearam os avanços dos brasileiros com marcação ou com faltas. Os brasileiros sentiram a pressão e, em muitos momentos, tiveram problemas com a saída de bola.
Aos 9min, a comissão técnica pediu pênalti quando Lembo empurrou Ronaldo com o peito.
Aos 11min, numa jogada de todo o ataque, Zé Roberto entrou na área, driblou o goleiro Carini, mas perdeu o ângulo.
Aos 18min, os uruguaios, numa tabela entre Coelho e Zalayeta, venceram a defesa brasileira, mas finalizaram mal.
O primeiro gol brasileiro saiu aos 21min numa jogada ensaiada malfeita. Flávio Conceição cobrou falta da esquerda, e Rivaldo, na primeira trave, cabeceou de costas, mas, em vez de tocar para trás, mandou a bola para o gol.
Seis minutos depois, Rivaldo fez um belo gol. Após receber passe da esquerda, driblou o zagueiro Lembo e tocou na saída de Carini.
Aos 44min, o lateral-direito Del Campo invadiu a área brasileira e chutou no travessão.
Logo depois de repor a bola em jogo, o goleiro Dida foi atingido no ombro direito por um rádio de pilha atirado por um torcedor no setor dos uruguaios.
No segundo tempo, o atacante Ronaldo, que vinha tendo uma atuação discreta, melhorou e desequilibrou o jogo.
Aos 2min, foi lançado por Rivaldo, esperou a bola atingir a altura certa e chutou no ângulo direito de Carini para fazer 3 a 0. Nos minutos seguintes, os brasileiros perderam três chances claras.
Aos poucos, os uruguaios equilibraram o jogo e surgiram chances para os dois lados.
Apesar do resultado elástico, o confronto foi tenso e cheio de jogadas duras de ambos os lados.
Meia hora antes de começar o jogo, houve confronto entre torcedores brasileiros e uruguaios, o que levou a polícia paraguaia a separar as duas torcidas.
Antes desse jogo, a única vez que os adversários do Brasil tiveram grande torcida a favor fora contra a Argentina.
No jogo, os uruguaios cometeram a primeira falta com seis segundos de partida.
Só no primeiro tempo, houve quatro cartões amarelos, dois para cada lado.
O zagueiro brasileiro João Carlos poderia ter sido expulso aos 29min, quando atingiu com a chuteira a cabeça do meia Magallanes. Ele já tinha cartão amarelo, mas foi salvo pelo juiz Oscar Ruiz, que apontou uma solada do uruguaio no lance.
No segundo tempo, João Carlos voltou a ser perdoado pelo juiz após cometer uma falta dura.
Mas Ruiz também protegeu os uruguaios que cometeram faltas violentas em Zé Roberto, Amoroso e Antônio Carlos. Nessa etapa, Guigou levou cartão.
Curiosamente, o único jogador a sair machucado do jogo, o volante uruguaio Coelho, torceu o tornozelo ao pisar num buraco.


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