São Paulo, segunda-feira, 19 de agosto de 2002

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Com tratamento de 1º piloto, brasileiro consegue seu 3º triunfo na F-1

Barrichello vence e dá Mundial à Ferrari

FÁBIO SEIXAS
ENVIADO ESPECIAL A BUDAPESTE

Foi preciso Michael Schumacher conquistar o pentacampeonato e, depois, ganhar uma prova em casa. Mas ontem, enfim, Rubens Barrichello descobriu o que é ser primeiro piloto da Ferrari.
Largando da pole position, com toda a equipe trabalhando em seu favor, o brasileiro venceu o GP da Hungria, 13ª etapa do Mundial.
Foi seu terceiro triunfo na F-1, o segundo na temporada. Desde 1993, o Brasil não ganhava mais de uma prova num ano -na ocasião, Ayrton Senna venceu cinco.
Foi, ainda, o sexto triunfo brasileiro na Hungria. Senna venceu três vezes e Nelson Piquet, duas.
Com o resultado, a 11ª dobradinha da história da dupla, a Ferrari atingiu duas metas de uma só vez: garantiu o Mundial de Construtores com quatro GPs de antecedência e alçou o brasileiro à vice-liderança do Mundial de Pilotos.
E foi exatamente esse segundo objetivo que deu a Barrichello tratamento prioritário do time.
Assim que Schumacher conquistou o penta, há quase um mês, a Ferrari anunciou que passaria a se empenhar para dar o vice-campeonato ao brasileiro.
A corrida seguinte, porém, foi o GP da Alemanha, a única no calendário que Schumacher nunca havia vencido. Saindo da pole, com o brasileiro em terceiro, o alemão disparou na frente, não deu chances para ninguém e venceu diante de seus torcedores.
Na Hungria, foi diferente. A começar pelo treino oficial, quando Barrichello conseguiu cravar a pole. A partir de então, a F-1 já esperava que a Ferrari fosse adotar uma tática que o beneficiasse.
Tal estratégia ficou flagrante ontem. Em duas oportunidades, logo após os pit stops, Schumacher precisou se esforçar para não ultrapassar o companheiro.
Em ambas as vezes, o alemão estava embalado e encontrou Barrichello devagar, saindo dos boxes. Schumacher, porém, evitou o ataque e mudou até a trajetória para não ganhar a posição.
E, no final da corrida, o campeão deliberadamente deu uma mostra de que, se quisesse, poderia lutar pela vitória: cravou a volta mais rápida do GP e, nos seis últimos giros, reduziu a folga do brasileiro de 3s937 para 0s434.
A maior prova de que Barrichello não precisava se preocupar com o companheiro estava na placa mostrada aos pilotos a cada passagem pela reta dos boxes. Nas informações para o brasileiro, a Ferrari indicava apenas sua diferença para o terceiro colocado, Ralf Schumacher. Era como se o pentacampeão não existisse.
Após a prova, Barrichello admitiu que a equipe ordenou, pelo rádio, que os pilotos mantivessem as posições. Mas negou que a vitória de ontem tenha sido fácil.
"É até feio falar isso, mas é mais difícil andar devagar do que andar rápido. Você tem que tomar cuidado para não perder a concentração, não sair da linha."
Ele tem agora 45 pontos no campeonato, cinco a mais que Juan Pablo Montoya e Ralf, empatados na terceira posição.


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