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BASQUETE
Entrevista com o vampiro
MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE
O ouro masculino no Pan
prestou um serviço inestimável. Não foi fantástico ver a
Globo arrombar o "Esporte Espetacular", na manhã de domingo,
para encaixar a transmissão do
teste contra o Uruguai, o último
da seleção antes do Pré-Olímpico?
- O qualificatório para Atenas-2004, que começa amanhã
em Porto Rico, seguia fora da grade da TV brasileira até a noite de
ontem. Inclusive das emissoras fechadas, tradicional palco do basquete. O basqueteiro pode ser privado da mais importante competição do ano. Você festejaria a
exibição de um amistoso Nike se
soubesse que a Copa do Mundo
de futebol não passaria na TV?
Não se pode negar que a seleção
comandada por Lula Ferreira, invicta há 16 partidas, mostra muita empolgação. E que isso contaminou de vez a torcida, certo?
- Entusiasmo em demasia às
vezes significa insegurança. Relembre a festa da vitória quase
histérica sobre o combinado B/C
argentino no Sul-Americano. O
Pré-Olímpico é uma competição
duríssima, com dez rodadas em 11
dias. Como os jogadores brasileiros reagirão a uma eventual, e
provável, derrota ao longo da
campanha? E como essa legião reconquistada de torcedores reagirá a uma eventual, e infelizmente
possível, desclassificação?
A seleção tem levado à quadra
um jogo de primeira, com defesa
forte e muitos contra-ataques.
Não é esse justamente o receituário do basquete moderno?
- A equipe incorporou virtudes ausentes na era Hélio Rubens.
Mas, ao menos por enquanto, o
que mudou foi a atitude -o time
não se porta de modo covarde. A
marcação, desentrosada, comete
tantas falhas de cobertura como
no passado. Diante do ginásio lotado do Tijuca, por exemplo, tomou 93 pontos de um Uruguai
que disputará a sexta colocação
em Porto Rico. E os contra-ataques têm apenas aparecido no segundo tempo, amparados nos
atributos físicos de jogadores-chave do banco. A marca ofensiva
do Brasil nessa temporada permanece o chute de três pontos.
Ninguém se prepara há tanto
tempo como o Brasil. São quase
três meses. Isso não conta nada?
- O próprio Lula admite prejuízo de continuidade nesse trabalho, devido à apresentação escalonada dos 12 atletas. O grupo
que embarcou para San Juan,
com Nenê e Leandrinho, cumpriu
exatos sete dias de treinos. Dois a
menos do que o "Dream Team"
norte-americano, sabido modelo
de esculacho no aprestamento para torneios. Já os argentinos estão
juntos há quase quatro semanas.
EUA e Argentina são potências
nas Américas. É a terceira vaga
que está em jogo. Os outros adversários, como no Pan, são fracos?
- Os brasileiros poderão tropeçar em duas, no máximo três, das
sete partidas da fase de classificação. E basta uma derrota nos mata-matas para enterrar o sonho
ateniense. A seleção anfitriã mesclará experiência e arrojo e contará com a arquibancada mais fanática do Caribe. A canadense terá Steve Nash -Valtinho, Leandrinho e Demétrius no mesmo
corpo. Seria também imprudente
descartar o imponderável. A agonia só terminará no dia 31.
Sangue 1
Muitos leitores exortam a coluna a engrossar a corrente que pede a
cabeça de Antonio Carlos Barbosa. Culpam o estabanado técnico pela apatia do feminino em Santo Domingo. Mas, até por coerência
-na saúde ou na doença, falta legitimidade técnica ao basquete do
Pan-, prefiro aguardar o Pré-Olímpico, mês que vem, no México.
Até lá, para mim, vale o brilho do outro bronze, o de Sydney-2000.
Sangue 2
Boletim do Comitê Olímpico dá pistas sobre o uso no basquete das
verbas da Lei Piva (não é engraçado, e sintomático, que a imprensa
nacional tenha encaixado Agnelo no nome da lei tão logo foi nomeado o ministro do Esporte?). Sugere que o dinheiro das loterias federais bancou a excursão da comissão técnica a Denver, em fevereiro.
E-mail melk@uol.com.br
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