São Paulo, quinta-feira, 19 de agosto de 2004

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Déjà vu

Holandês voa na piscina e confirma a Olimpíada dos bicampeões

DA REPORTAGEM LOCAL
E DO ENVIADO A ATENAS

Pieter van den Hoogenband tinha duas medalhas de prata no peito quando decidiu mudar de degrau no pódio e mostrar por que é chamado de "holandês voador".
Resultado: em uma arrancada espetacular, deixou os rivais dos 100 m livre para trás e conquistou ontem o que tem sido rotina nessa Olimpíada: um bicampeonato.
Atenas já registra um total de 12 provas individuais em que o campeão é o mesmo de Sydney -foram cinco apenas ontem, incluindo o triunfo de Hoogenband na prova mais nobre da natação.
Nos pódios individuais disputados até agora, a taxa de repetição de medalhas de ouro está em 21% -há quatro anos, esse número não passou de 12%.
Na natação, com pouco mais da metade do programa completo, já são quatro provas com competidores bicampeões. Há quatro anos, só duas terminaram assim.
A ucraniana Yana Klochkova é a primeira mulher a conquistar o ouro em duas Olimpíadas seguidas. Fez isso nos 200 m medley e nos 400 m medley. "Quando você vence duas vezes, faz história, entra para os livros de recordes para sempre. Isso é a melhor coisa para mim", disse a nadadora, que fez 22 anos no início de agosto.
A conquista do segundo título consecutivo teve um sabor ainda mais especial para o australiano Ian Thorpe. Em 2000, ele estraçalhou o recorde mundial dos 400 m livre sob aplausos de 17 mil conterrâneos nas arquibancadas.
Sua vitória em 2004 era apontada como barbada. O problema é que, nas eliminatórias australianas para os Jogos, em março, ele queimou a largada e foi desclassificado. A vaga sobrou para o desconhecido Craig Stevens -que, após uma grande celeuma, abriu mão do evento.
Thorpe aceitou a doação e conquistou o ouro. "Eu nunca me senti tão pressionado. Se eu não vencesse, as cobranças seriam insuportáveis", disse ele, que ontem levou o bronze nos 100 m livre.
O fenômeno dos bicampeões se alastra por quase toda a Olimpíada. Das 11 modalidades que já decidiram provas individuais, 7 tiveram repetição no topo do pódio.
Alguns desses triunfos foram escritos com traços heróicos. Três dias depois de sofrer um grave acidente na prova de estrada, onde também tentava o bicampeonato, a ciclista holandesa Leontien Zijlaard-Van Moorsel faturou ontem seu segundo ouro seguido na prova contra o relógio.
"Sentia dores em todos os lugares. E estava ficando pior a cada parte da prova. Não acho que esporte de elite seja saudável", disse, extenuada, após a disputa. (PAULO COBOS E GUILHERME ROSEGUINI)


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