|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Déjà vu
Holandês voa na piscina e confirma a Olimpíada dos bicampeões
DA REPORTAGEM LOCAL
E DO ENVIADO A ATENAS
Pieter van den Hoogenband tinha duas medalhas de prata no
peito quando decidiu mudar de
degrau no pódio e mostrar por
que é chamado
de "holandês
voador".
Resultado:
em uma arrancada espetacular, deixou os
rivais dos 100
m livre para
trás e conquistou ontem o
que tem sido
rotina nessa
Olimpíada: um
bicampeonato.
Atenas já registra um total de 12
provas individuais em que o campeão é o mesmo de Sydney -foram cinco apenas ontem, incluindo o triunfo de Hoogenband na
prova mais nobre da natação.
Nos pódios individuais disputados até agora, a taxa de repetição
de medalhas de ouro está em 21%
-há quatro anos, esse número
não passou de 12%.
Na natação, com pouco mais da
metade do programa completo, já
são quatro provas com competidores bicampeões. Há quatro
anos, só duas terminaram assim.
A ucraniana Yana Klochkova é
a primeira mulher a conquistar o
ouro em duas Olimpíadas seguidas. Fez isso nos 200 m medley e
nos 400 m medley. "Quando você
vence duas vezes, faz história, entra para os livros de recordes para
sempre. Isso é a melhor coisa para
mim", disse a nadadora, que fez
22 anos no início de agosto.
A conquista do segundo título
consecutivo teve um sabor ainda
mais especial para o australiano
Ian Thorpe. Em 2000, ele estraçalhou o recorde mundial dos 400 m
livre sob aplausos de 17 mil conterrâneos nas arquibancadas.
Sua vitória em 2004 era apontada como barbada. O problema é
que, nas eliminatórias australianas para os Jogos, em março, ele
queimou a largada e foi desclassificado. A vaga sobrou para o desconhecido Craig Stevens -que,
após uma grande celeuma, abriu
mão do evento.
Thorpe aceitou a doação e conquistou o ouro. "Eu nunca me
senti tão pressionado. Se eu não
vencesse, as cobranças seriam insuportáveis", disse ele, que ontem
levou o bronze nos 100 m livre.
O fenômeno dos bicampeões se
alastra por quase toda a Olimpíada. Das 11 modalidades que já decidiram provas individuais, 7 tiveram repetição no topo do pódio.
Alguns desses triunfos foram
escritos com traços heróicos. Três
dias depois de sofrer um grave
acidente na prova de estrada, onde também tentava o bicampeonato, a ciclista holandesa Leontien Zijlaard-Van Moorsel faturou ontem seu segundo ouro seguido na prova contra o relógio.
"Sentia dores em todos os lugares. E estava ficando pior a cada
parte da prova. Não acho que esporte de elite seja saudável", disse,
extenuada, após a disputa.
(PAULO COBOS E GUILHERME ROSEGUINI)
Texto Anterior: Programação da TV Próximo Texto: Hoogenband se supera nos 50 m finais Índice
|