São Paulo, sexta-feira, 19 de agosto de 2005

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Fifa ignora Corinthians na taça que planeja eternizar

Entidade que rege o futebol aposenta troféu erguido pelo time no Mundial de 2000 e define que não colocará o nome do clube na nova peça, que fará menção aos futuros campeões

Ayrton Vignola/Folha Imagem
Maior glória da história do Corinthians, o troféu ganho no Mundial de Clubes da Fifa de 2000, que está em sala


RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians é o primeiro campeão mundial da Fifa, mas, se não voltar a vencer o torneio, não terá o troféu que marcará a história do evento nem verá seu nome gravado na nobre peça.
A Fifa lançou no sorteio dos grupos da segunda edição do Mundial de Clubes a taça que será perpetuada como a de campeão mundial -a entidade absorveu o antigo Mundial interclubes e agora não deve haver qualquer senão sobre quem é o melhor time do planeta em uma temporada.
O troféu que representa as seis confederações continentais pesa 5,5 kg, tem 50 cm de altura e 20 cm de largura. Foi desenhado por Thomas Fattorini. O que o Corinthians ganhou em 2000 no Rio e que é guardado no Parque São Jorge como a maior conquista corintiana pesa 4 kg, tem 37,5 cm de altura e 10 cm de largura e foi produzido por Sawaya & Moroni.
Segundo as regras do Mundial de Clubes, o novo troféu será de posse transitória e ganhará ao longo dos tempos os nomes de seus campeões. O Corinthians, que não foi chamado para defender seu título como campeão da primeira edição, não aparece na peça e, segundo a Fifa explicou à Folha, só terá seu nome gravado na taça se um dia conquistá-la.
""O nome do Corinthians não será gravado no novo troféu desenhado para o Mundial. Isso é simples, pois na edição de 2000 os participantes jogaram pelo outro troféu. De 2005 em diante, os clubes disputarão o novo troféu e somente seus vencedores terão seus nomes gravados nessa taça", afirmou John Schumacher, do departamento de comunicação da Fifa.
A taça corintiana -o clube ficou com a peça original, além de ter feito réplicas- passa a ser, portanto, um caso raro para a Fifa e a história do futebol dada a relevância da disputa. As demais competições da Fifa costumam perpetuar seus troféus. A Jules Rimet, primeiro troféu da entidade, só saiu de cena porque o Brasil a ganhou em definitivo em 1970.
Para justificar a ausência do nome Corinthians no novo troféu, que será disputado anualmente, a Fifa tomou como base o que já é feito na Taça Fifa, o troféu entregue aos campeões da Copa.
""É o mesmo funcionamento do troféu da Copa do Mundo. As gravações de nomes são apenas para os times que venceram aquele particular troféu. Os vencedores da Copa antes de 1974 não têm seus nomes gravados na taça do Mundial", afirmou Schumacher.
Assim como os troféus da Copa dos Campeões e da Libertadores são facilmente reconhecidos por estarem em disputa há décadas, a Fifa quer eternizar sua mais nova peça, fundida principalmente em ouro e prata e que tem o globo terrestre sobre seis colunas curvadas -o troféu corintiano é prateado, vertical, com uma bola no topo.
Os campeões mundiais a partir de agora ficarão com uma réplica desse novo troféu. Cuidarão do original até o sorteio da edição seguinte do torneio, sendo responsáveis pela peça, assim como a federação nacional vencedora da Copa preserva a Taça Fifa temporariamente e depois a devolve.
O Mundial de Clubes deste ano, que acontecerá de 11 a 18 de dezembro, rompeu fortemente com a primeira edição da disputa, no Brasil. A Fifa mudou o número de participantes (caiu de oito para seis), exigiu a participação só de clubes campeões continentais vigentes e apontou um campo neutro para os jogos (não há mais representante do país-sede).
Além da parceria com a Toyota, que colocou seu nome no evento e também no novo troféu -a empresa japonesa teve peso na elaboração da nova taça-, a Fifa deixou a Dentsu explorar comercialmente a competição -em 2000, foi a brasileira Traffic.
A entidade tentou repetir a fórmula de 2000 no ano seguinte, mas problemas de calendário e a falência da ISL adiaram o que seria, na Espanha, o segundo Mundial de Clubes. Só quando se aproximou do tradicional formato do Mundial interclubes ela ressuscitou na prática seu evento.


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