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GINÁSTICA
Alta do dólar e burocracia consomem US$ 31 mil em equipamentos que contemplariam a melhor ginasta do país
Câmbio faz sumir aparelhos "de Daniele"
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
A alta do dólar, a demora na regulamentação da lei que permite a
importação de material esportivo
com isenção fiscal e outras burocracias fizeram com que verba liberada pelo Ministério do Esporte
e Turismo para aquisição de equipamento que será usado pela ginasta Daniele Hypólito, 18, sofresse perda superior a US$ 31 mil.
Da época em que a Confederação Brasileira de Ginástica recebeu do ministério R$ 299.487,30
até o fim do processo para a compra dos conjuntos feminino e
masculino de ginástica, o dólar
valorizou cerca de 40% em relação ao real, representando uma
queda de 28% no valor aquisitivo.
"É a lei, não foi culpa do ministério", argumenta Lars Grael, o
secretário nacional do Esporte.
Foi o próprio presidente Fernando Henrique Cardoso que,
meses atrás, intercedeu em favor
da ginasta ao declarar que ""não
queria mais ouvir Daniele reclamando por causa da falta de equipamentos para treinamento".
Em meados de junho, a CBG recebeu do ministério os R$
299.487,30, que, convertidos em
dólar, representariam à época
cerca de US$ 113 mil para serem
utilizados para adquirir dois conjuntos de aparelhos, um masculino e outro feminino, e pagar as
despesas de frete. O dólar valia então aproximadamente R$ 2,65.
O dinheiro, porém, só poderia
ser usado após a lei de isenção para a importação, aprovada em 10
de maio, ser regulamentada, o
que ocorreu só no dia 9 de agosto.
Depois foi necessário esperar
que os procedimentos para a CBG
fossem publicados na edição de 12
de agosto do "Diário Oficial".
Somente então a entidade tomou conhecimento da lista de documentos necessários para a isenção na importação dos materiais,
como certidões negativas, carta
da FIG (Federação Internacional
de Ginástica) e parecer do COB
(Comitê Olímpico Brasileiro).
A burocracia foi finalizada só no
início deste mês, quando o dólar
atingia a marca de R$ 3,68.
Assim, a CBG foi forçada a realizar cortes na lista de materiais a
serem importados: não adquiriu
colchões (de apoio, da trave de
equilíbrio e das argolas), a esteira
de saltos, onde as ginastas correm, e a proteção para saltos, que
fica em volta do trampolim.
Em vez de quatro trampolins,
foi adquirido só um. Também foi
descartada a compra do tumbling, o aparelho que serve para o
aperfeiçoamento das acrobacias.
"No caso dos colchões, podemos usar aqueles feitos no Brasil
mesmo ou até mesmo reformar
os antigos", afirma Vicélia Florenzano, presidente da CBG. Já
Daniele absteve-se de comentar.
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