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XADREZ
Três principais nomes do esporte no país não vão à Olimpíada para pressionar mudança no comando da confederação
Tabuleiro copia tênis e organiza boicote
Dani Cardona - 15.out.04/Reuters
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Mais de 1.400 enxadristas de 137 países participam da primeira rodada da Olimpíada de xadrez, realizada em Calvia, na Espanha |
GUILHERME ROSEGUINI
MARIANA LAJOLO
DA REPORTAGEM LOCAL
A inspiração veio do tênis. Após
verem Gustavo Kuerten e cia. boicotarem a Copa Davis para pressionar mudanças na confederação, os principais enxadristas do
país decidiram fazer o mesmo.
Apenas dois dos seis Grandes
Mestres brasileiros -grau máximo de um atleta da modalidade- estão disputando a Olimpíada de Calvia, na Espanha.
Giovanni Vescovi, Gilberto Milos Jr. e Rafael Leitão, os três primeiros do Brasil, respectivamente, não aceitaram o chamado para
participar da competição.
Com o não, divulgaram manifesto em que criticam o presidente da Confederação Brasileira de
Xadrez, Darcy Lima, e pedem
eleições antecipadas sem sua participação. O pleito está previsto
para janeiro, e a oposição já articula sua candidatura.
Segundo os enxadristas, Lima
tem usado a CBX para alcançar
objetivos pessoais, prejudicar
seus desafetos e não demonstra
transparência na organização de
torneios e na definição de prêmios. "É muito complicado ser
dirigente e jogador ao mesmo
tempo. Não vemos transparência
na confederação, não temos acesso aos trâmites da entidade, nem
sabemos quem são os diretores
que atuam com ele", disse Milos.
"Ele usa o site da confederação
para mandar recadinhos de mau
gosto. Já publicou conversas pessoais sobre negociação de cachê,
que é praxe, como se estivéssemos
nos recusando a defender o Brasil.
Ele já fez uma série de desmandos
e precisávamos tomar uma atitude drástica", completou Leitão.
Um dos questionamentos do
trio é sobre a premiação estipulada para esta edição da Olimpíada.
Os atletas receberão US$ 3.000
cada um se ficarem entre primeiro e quinto lugar -no total, seriam distribuídos US$ 18 mil. O
prêmio vai diminuindo a medida
que a classificação cai.
Na última edição do torneio, em
2002, os brasileiros terminaram
na 35ª posição. Por colocação semelhante, cada enxadrista receberia agora US$ 200. Se ficarem
acima de 40º, não levarão nada.
"A maior prova da farsa desta
premiação é oferecer prêmios altíssimos para colocações jamais
conquistadas por nossa equipe na
história", diz a carta dos atletas.
Os enxadristas acreditam que,
com seis GMs, poderiam chegar
até o 20º posto. Sem eles, esperam
resultado pior que o de 2002.
Lima não foi encontrado pela
Folha para comentar o boicote.
Ele está em Calvia. Ao lado de
Henrique Mecking, o Mequinho,
é um dos Grandes Mestres que representam o país nos Jogos.
Os atletas que lideram o boicote
também reclamam dos critérios
usados pela CBX para a definição
do time que foi à Olimpíada.
Foram chamados cinco GMs.
Para o sexto tabuleiro, o técnico
Christian Toth alegou não ter
conseguido "chegar a uma conclusão a respeito da vaga" e deixou de fora o sexto GM do país,
Jaime Sunye Neto, que já foi medalhista de ouro nos Jogos.
"Não há critério que explique
deixá-lo de fora. Só pode ser explicado como perseguição pessoal", afirmou Leitão.
Sem poder contar com força total, a CBX realizou um Pré-Olímpico às pressas para formar a
equipe. E teve surpresas.
Cícero Braga, oitavo melhor do
país pela lista da federação internacional, classificou-se com facilidade. Com ele também está Alexandre Fier (27º), de 16 anos.
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