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Entre a papelada e o Canindé
ALBERTO HELENA JR.
da Equipe de Articulistas
Qualquer que seja o desfecho
desse "imbróglio", só a Lusa
sairá prejudicada. Não bastasse ter demitido o técnico Edinho às vésperas da fase decisiva do campeonato, a Lusa
trouxe um treinador -Carlos
Alberto Silva- que está com
um pé cá, outro lá... Coruña.
É provável que a estas horas
o enrosco já tenha se desfeito.
Mas o estrago já está feito. Afinal, a Lusa, que perdeu na estréia para o Flamengo, deveria
ter passado estes dias afiando
suas garras para recuperar-se
diante do Juventude, jogo-chave para os componentes desse
grupo que pretendam realmente disputar o título.
O técnico, em vez de mergulhado na papelada legal que o
prende ainda aos espanhóis,
deveria estar engendrando estratégias e táticas para soltar a
imaginação da gente lusitana.
Na pior das hipóteses, conhecendo mais de perto a turma
que deveria estar sob o seu comando, no Canindé.
Até parece piada d'álém
mar, sô!
Uma perguntinha: a quem
interessa esse clima de Grenal,
criado em torno da estréia do
Palmeiras, e que, por certo, vai
se exacerbar no jogo da volta,
no Beira-Rio? Só ao Inter e à
mentalidade provinciana de
alguns dos envolvidos.
Com toda certeza, ao Palmeiras, nunca!
Cabe, portanto, ao Palmeiras, retomar a postura cosmopolita que marcou seus momentos de glória nesta década,
para não voltarmos aos tempos da Academia.
E impor seu estilo tradicional -o de um time vencedor,
que dá espetáculo em qualquer
canto do mundo.
Nesta altura do campeonato,
até o derrotado de ontem tem
chances de se transformar no
vitorioso de amanhã.
Mas é inegável que dois times, pelo que fizeram desde o
início, exibiram um padrão de
jogo qualificado para a decisão: Vasco e Atlético. Isto é:
conseguiram dar ao espírito de
competitividade um toque de
classe indispensável para que
o futebol não vire tourada.
O Vasco, com seus Juninhos e
Pedrinhos girando em torno
do veterano Evair, um pivô
ofensivo de rara funcionalidade, leva a vantagem de ter Edmundo em plenitude -não só
desmonta as defesas com seus
dribles desmoralizadores, como ainda por cima descobriu o
atalho para as redes inimigas.
Já o Atlético, graças à velocidade e talento de Marques,
Valdir e Almir, sempre pronto
para entrar na hora decisiva, é
um terror nos contragolpes.
Ainda por cima, revela uma
garotada de ouro, tendo à
frente esse menino Dedé (parece que vivemos sob o signo dos
laterais-esquerdos), que o veterano Jorginho põe pra correr
com ciência e precisão.
Em nome do que resta de
graça e emoção neste amaldiçoado futebol de resultados,
torço para que Vasco e Atlético
nos ofereçam a final que o
campeonato não mereceria,
mas o torcedor sim.
E o Corinthians, hein? Que se
desate logo esse nó com o Candinho. Ou vai ou fica, e fim de
papo, gente. Pois esta é a hora
de armar o time para a próxima temporada.
Senão, é aquele sufoco de
sempre: começa com um time,
vai mal, aí bate o desespero e
tome dinheiro pela janela.
Alberto Helena Jr. escreve às segundas, quartas e domingos
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