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FUTEBOL
Entidade se recusa a incluir Gama na Série A, e disputa jurídica agora vai a esfera superior da Justiça
CBF apela e arrasta caso Gama
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio
A CBF (Confederação Brasileira
de Futebol) vai recorrer ao STJ
(Superior Tribunal de Justiça),
em Brasília, para manter a realização do Campeonato Brasileiro e
do torneio seletivo para a Libertadores do próximo ano.
Ontem à tarde, duas oficiais de
Justiça entregaram à CBF uma
carta precatória expedida pela
Justiça do Distrito Federal obrigando a entidade a cumprir a decisão de manter o Gama na primeira divisão do Brasileiro.
O documento foi entregue pelas
oficiais de Justiça ao presidente
interino da entidade, Alfredo Nunes, já que Ricardo Teixeira está
no exterior.
"Estamos diante de um conflito
de jurisdição. Na sexta-feira passada, a CBF recebeu duas liminares da Justiça do Rio obrigando à
realização do campeonato e do
torneio seletivo", afirmou Nunes.
"Agora temos que esperar que
haja uma definição para saber
qual a liminar que devemos acatar. Se a do Rio, onde temos sede,
ou a de Brasília", disse.
Agora o STJ vai decidir, dentro
de sete dias, qual dos dois juízes
tem competência para tomar decisões sobre o caso.
Pela decisão da Justiça do Distrito Federal, o não-cumprimento
da decisão, até as 19h de ontem,
também acarretaria a paralisação
do torneio seletivo para a Libertadores da América.
Preocupada com a decisão da
Justiça do Distrito Federal, a CBF
não garantiu a realização dos jogos do torneio seletivo no próximo fim-de-semana.
"Até agora está tudo mantido,
mas, se houver um fato novo, pode-se mudar", disse Nunes.
Pela decisão judicial, a CBF será
obrigada a pagar uma multa de
R$ 500 mil por dia pelo descumprimento até agora das determinações. "Isso não vou comentar",
disse Nunes ontem.
A sentença concedida ao Gama
pelo juiz Jansen Fialho de Almeida poderia, em tese, mudar a classificação do clube no Brasileiro e
as do São Paulo, que está classificado para a segunda fase da competição, e do Botafogo-RJ, que se
manteve na Série A.
No pedido feito pelo advogado
Paulo Goyaz, o Gama se baseou
no Código de Defesa do Consumidor e questionou a decisão do
Tribunal de Justiça Desportiva,
que deu os pontos do São Paulo
para o Botafogo-RJ e para o Internacional, nas partidas contra esses clubes, pela escalação do jogador Sandro Hiroshi. A transferência dos pontos praticamente decretou o rebaixamento do Gama,
15º colocado na classificação da
primeira fase, à Série B.
Segundo o clube de Brasília, a
CBF alterou sem ter esse poder o
artigo do CBDF (Código Brasileiro Disciplinar do Futebol) que regulamenta as penas para casos de
clubes que atuam no campeonato
com jogadores irregulares.
O Gama pede anulação dos julgamentos. Para o clube, o São
Paulo deve ser punido com a perda de cinco pontos, mas seus adversários não podem ser beneficiados, como determinava a versão anterior do CBDF.
Mas o próprio Goyaz acredita
que sua ação não tem poder para
isso. Segundo ele, a intenção clube é apenas de manter na Série A,
fazendo valer seus direitos e dos
consumidores (torcedores) do
DF, independente de afetar o São
Paulo ou o Botafogo-RJ.
"A situação do São Paulo, e até
mesmo a do Botafogo-RJ, já é
concreta e consumada", disse.
"A CBF não teve participação
no rebaixamento do Gama. A decisão de dar os pontos ao São Paulo e ao Botafogo foi do TJD, que é
um independente", disse Nunes.
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