São Paulo, sábado, 19 de novembro de 2005

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FUTEBOL

Atletas devem seguir orientação do clube em entrevistas, e Antônio Lopes usa livro em palestra para acalmar grupo

Corinthians instala censura e auto-ajuda

EDUARDO ARRUDA
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia após a discussão dos jogadores no estádio Anacleto Campanella, a diretoria do Corinthians decidiu censurar o time e submetê-lo a um tratamento psicológico ministrado pelo técnico Antônio Lopes baseado em um livro de auto-ajuda.
As confusões provocadas pelas declarações dos corintianos nos últimos dias e pela briga entre atletas deixaram o clima tenso no Parque São Jorge e irritaram os dirigentes da equipe.
Anteontem, após reunião entre a diretoria de futebol e o elenco, ficou definido que os jogadores seguiriam uma linha de conduta estabelecida pelo clube para as entrevistas. Ontem, só Nilmar foi liberado para falar com os jornalistas. Fábio Costa, pivô do entrevero com Carlos Alberto no vestiário após derrota para o São Caetano, estava relacionado para falar com a imprensa, mas não falou.
Segundo a assessoria do clube, o goleiro disse que dará entrevista hoje. O zagueiro Marinho, outro que deveria falar, também não foi ao encontro dos jornalistas.
Ontem, o técnico corintiano reuniu seus comandados e, com base no livro "Você... um caminho para a felicidade", de Monica Guedes e Manuel Port, fez palestra com os jogadores durante pouco mais de 20 minutos.
A sinopse do livro, no site da editoria DPL, que o publica, o resume como "uma atitude saudável diante da vida para que tudo corra da melhor forma possível, com alegria como marca característica da personalidade e a felicidade de viver transbordando aos olhos...a partir do coração" .
Lopes não quis dar detalhes de como fez o trabalho com seus atletas. "Ganhei da minha mulher. Eu estou lendo e decidi que seria bom", afirmou o treinador, que mostrou o livro, ilustrado com fotos de cães, crianças e adultos, mas se recusou a comentá-lo.
"Precisamos trabalhar a cabeça dos jogadores. Nesse momento eles precisam muito da parte psicológica e estamos fazendo isso", falou o treinador. "Mas é um grupo responsável, que tem a cabeça no lugar", completou.
Antes da derrota para o São Caetano, alguns atletas disseram que havia um pacto no grupo para conquistar o título no confronto diante do Internacional. Após o revés por 1 a 0, os corintianos perderam a oportunidade de dar a volta olímpica amanhã.
A diretoria e Lopes decidiram conter a euforia do grupo, o mais jovem do Brasileiro, com média de idade de 22,5 anos.
"Mas é importante trabalhar nesse sentido, de não dar arma para o adversário [com declarações provocativas]. Não podemos fugir da realidade. Ainda não ganhamos nada", comentou.
Lopes ontem tratou de tentar amenizar o clima criado após a briga entre seus atletas no ABC.
"Os jogadores já vinham do campo discutindo, mas foi coisa de jogo. Tem ser humano que não aceita a derrota. Uns aceitaram perfeitamente a derrota e outros não. Quase brigaram, mas não passou disso", falou.
O treinador também disse não concordar com a declaração do vice de futebol, Andrés Sanchez, que provocou os gaúchos ontem.
Ao saber que o técnico do Inter, Muricy Ramalho, disse que sua equipe merecia o título por ter investido 5% do que gastou a MSI [o time corintiano custou R$ 113 milhões] para montar o time gaúcho, afirmou que "alguns andam de Mercedes e outros de ônibus". "Isso não é o meu sentimento nem dos meus jogadores nem da minha comissão técnica", afirmou Lopes.
"Ninguém está dizendo que somos favoritos. Os números mostram que somos os melhores do campeonato. Não considero o Inter favorito também", disse Lopes. Os corintianos treinarão hoje no estádio do Pacaembu, local do jogo de amanhã.


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