São Paulo, sábado, 19 de novembro de 2005

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FUTEBOL

A sombra de Rinus Michels

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Na Alemanha, em 1974, a maior das obras de Rinus Michels encantou o mundo. Na Alemanha, em 1988, a segunda maior obra do genial holandês conquistou a Europa. Na Alemanha, em 2006, o legado do "General" se fará bastante presente.
A primeira Copa depois da morte do mentor do "Carrossel Holandês" terá quatro conterrâneos dele, tudo indica, no comando de comissões técnicas, um recorde. Curioso ver que quatro continentes terão um "treinador laranja", todos com algum tipo de relação com a maior lenda da prancheta que o futebol já viu.
Van Basten era "só" um camisa 12 na Holanda que iria disputar a Eurocopa de 1988. Nas mãos do mestre Marinus Michels, aquele promissor atacante com vulnerável calcanhar de Aquiles virou um dos maiores centroavantes de todos os tempos. Hoje, Van Basten ganha elogios por uma ousada revolução na seleção holandesa, equipe que é a mais séria candidata a ostentar a menor média de idade no próximo Mundial. Perdeu seu primeiro jogo como técnico do time no último amistoso contra a Itália (1 a 3), mas mesmo a formação quase sub-23 que levou a campo estava desfalcada.
O planeta estranhou a campanha pífia da Holanda na Copa de 1990. Como a seleção campeã européia, cheia de craques consagrados, dentre os quais Van Basten, não conseguiu vencer um jogo sequer? A culpa ficou com o técnico Leo Beenhakker, que não tinha o apoio dos atletas. Esse, porém, volta agora ao Mundial simplesmente com o menor país de todas as Copas: Trinidad e Tobago. A história é bem complicada, mas, após Rinus Michels ter deixado o comando técnico da Holanda em 1988, indicou Beenhakker para o posto. Seus ex-comandados clamavam por Cruyff no Mundial da Itália e não jogaram com muita vontade nem mesmo para os padrões holandeses.
Beenhakker se queimou, lógico, e Michels reassumiu a Holanda, que voltou a encantar na Eurocopa seguinte, caindo só na disputa de pênaltis em sensacional semifinal contra a Dinamarca. Quem tinha sido convidado para ser o primeiro auxiliar do ""General" na Euro-1992? Dick Advocaat, que viria a ser o técnico da Holanda na Copa de 1994 e que será o treinador da Coréia do Sul em 2006. Talvez seja ele o maior seguidor de Michels, mas não tem o carisma do mestre, tanto que o povo holandês o condenou mais pelo jogo meio burocrático do que pela falta de grandes resultados (foi à semifinal da última Euro).
Os sul-coreanos tentam pela segunda vez brilhar em Mundial com um holandês. Em 2002, Guus Hiddink virou herói no país asiático. Ele já tinha guiado sua terra natal à semifinal da Copa-1998, quando caiu apenas nos pênaltis diante do Brasil em épica semifinal. Agora, é herói também na Austrália, que, apesar do pouco tempo de contato com seu treinador (vive no PSV), já mostra muito mais dinâmica em seu jogo. Hiddink superou Michels em títulos nacionais holandeses (5 contra 4) e em jogos de Copa (17, com a primeira fase de 2006, contra 7). Mas, como os demais conterrâneos, vive na sombra do mestre.

A sombra de Carlos Alberto Parreira
Indo à semifinal, Parreira superará Zagallo em jogos na Copa (está 20 a 15 para o chefe de 1970). Sendo bicampeão, igualará Vittorio Pozzo.

A sombra de Aimé Jacquet
Além de Raymond Domenech (França), temos Roger Lemerre (fracasso com a França em 2002 e hoje na Tunísia) e Henri Michel (foi de França, Camarões e Marrocos e agora vai de Costa do Marfim).

A sombra de Carlos Bilardo
José Pekerman (Argentina), Gabriel Calderón (Arábia Saudita) e Ricardo Lavolpe (México). Três argentinos ""verdes" em Copas.
A sombra do México A Holanda tem fama e craques, mas o México será cabeça-de-chave.

E-mail rbueno@folhasp.com.br


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