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FUTEBOL
A sombra de Rinus Michels
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL
Na Alemanha, em 1974, a
maior das obras de Rinus
Michels encantou o mundo. Na
Alemanha, em 1988, a segunda
maior obra do genial holandês
conquistou a Europa. Na Alemanha, em 2006, o legado do "General" se fará bastante presente.
A primeira Copa depois da
morte do mentor do "Carrossel
Holandês" terá quatro conterrâneos dele, tudo indica, no comando de comissões técnicas, um recorde. Curioso ver que quatro
continentes terão um "treinador
laranja", todos com algum tipo de
relação com a maior lenda da
prancheta que o futebol já viu.
Van Basten era "só" um camisa
12 na Holanda que iria disputar a
Eurocopa de 1988. Nas mãos do
mestre Marinus Michels, aquele
promissor atacante com vulnerável calcanhar de Aquiles virou
um dos maiores centroavantes de
todos os tempos. Hoje, Van Basten ganha elogios por uma ousada revolução na seleção holandesa, equipe que é a mais séria candidata a ostentar a menor média
de idade no próximo Mundial.
Perdeu seu primeiro jogo como
técnico do time no último amistoso contra a Itália (1 a 3), mas mesmo a formação quase sub-23 que
levou a campo estava desfalcada.
O planeta estranhou a campanha pífia da Holanda na Copa de
1990. Como a seleção campeã européia, cheia de craques consagrados, dentre os quais Van Basten, não conseguiu vencer um jogo sequer? A culpa ficou com o
técnico Leo Beenhakker, que não
tinha o apoio dos atletas. Esse, porém, volta agora ao Mundial simplesmente com o menor país de
todas as Copas: Trinidad e Tobago. A história é bem complicada,
mas, após Rinus Michels ter deixado o comando técnico da Holanda em 1988, indicou Beenhakker para o posto. Seus ex-comandados clamavam por Cruyff no
Mundial da Itália e não jogaram
com muita vontade nem mesmo
para os padrões holandeses.
Beenhakker se queimou, lógico,
e Michels reassumiu a Holanda,
que voltou a encantar na Eurocopa seguinte, caindo só na disputa
de pênaltis em sensacional semifinal contra a Dinamarca. Quem
tinha sido convidado para ser o
primeiro auxiliar do ""General"
na Euro-1992? Dick Advocaat,
que viria a ser o técnico da Holanda na Copa de 1994 e que será o
treinador da Coréia do Sul em
2006. Talvez seja ele o maior seguidor de Michels, mas não tem o
carisma do mestre, tanto que o
povo holandês o condenou mais
pelo jogo meio burocrático do que
pela falta de grandes resultados
(foi à semifinal da última Euro).
Os sul-coreanos tentam pela segunda vez brilhar em Mundial
com um holandês. Em 2002, Guus
Hiddink virou herói no país asiático. Ele já tinha guiado sua terra
natal à semifinal da Copa-1998,
quando caiu apenas nos pênaltis
diante do Brasil em épica semifinal. Agora, é herói também na
Austrália, que, apesar do pouco
tempo de contato com seu treinador (vive no PSV), já mostra muito mais dinâmica em seu jogo.
Hiddink superou Michels em títulos nacionais holandeses (5 contra 4) e em jogos de Copa (17, com
a primeira fase de 2006, contra 7).
Mas, como os demais conterrâneos, vive na sombra do mestre.
A sombra de Carlos Alberto Parreira
Indo à semifinal, Parreira superará Zagallo em jogos na Copa (está 20
a 15 para o chefe de 1970). Sendo bicampeão, igualará Vittorio Pozzo.
A sombra de Aimé Jacquet
Além de Raymond Domenech (França), temos Roger Lemerre (fracasso com a França em 2002 e hoje na Tunísia) e Henri Michel (foi de
França, Camarões e Marrocos e agora vai de Costa do Marfim).
A sombra de Carlos Bilardo
José Pekerman (Argentina), Gabriel Calderón (Arábia Saudita) e Ricardo Lavolpe (México). Três argentinos ""verdes" em Copas.
A sombra do México
A Holanda tem fama e craques, mas o México será cabeça-de-chave.
E-mail rbueno@folhasp.com.br
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