São Paulo, sexta-feira, 19 de novembro de 2010

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Caiu na área é pênalti

Número de faltas cai 25% nos pontos corridos , enquanto penalidades máximas crescem 10% e superam outros Nacionais

PAULO COBOS
EDITOR-ASSISTENTE DE ESPORTE

A ordem para deixar a bola rolar, diminuindo o número de faltas marcadas, relevando lances antes considerados faltosos, não vale para o que acontece dentro da área.
Esse é o retrato atual do Campeonato Brasileiro, em que a marcação de pênaltis virou a principal polêmica na reta final da edição de 2010. Na contramão das infrações fora da área, que tiveram uma redução de 25% em relação ao início da era pontos corridos, em 2003, o número de pênaltis é hoje maior do que há sete anos.
Em média, segundo o Datafolha, o torneio atual tem 0,34 pênalti por partida, a terceira maior marca sob as atuais regras e com um considerável aumento de 10% em relação a 2009.
A incidência de pênaltis nos jogos do Brasileiro é maior do que em outras grandes ligas. No Inglês, por exemplo, a marcação de penalidades máximas é 24% menor. No Italiano, 21%.
Os árbitros declaram abertamente que receberam instrução para serem menos rigorosos na hora de marcar faltas fora da área. "É orientação nossa que deixem o jogo fluir, para diminuir o número de faltas", diz Marcos Antonio Martins, o presidente da Anaf, a associação nacional dos árbitros.
Ele reconhece que dentro da área o rigor é outro. "Dentro da área, são lances capitais. Os árbitros estão mais atentos ao que acontece dentro da área", diz Martins, que aponta a evolução na preparação física dos juízes como motivo do grande número de pênaltis anotados.
Por seu raciocínio, como estão em melhor forma, os homens do apito sempre estão perto do lance nos jogos.
A CBF também pede rigor no assunto. Em manual distribuído para os árbitros, a entidade diz que "ao cometer um pênalti, a equipe defensora, teoricamente, impede que a atacada assinale um gol. Consequentemente, toda possibilidade deve ser oferecida para que a equipe que sofreu o prejuízo com a infração possa se ressarcir".
Quem se sente prejudicado muitas vezes diz que o juiz marcou pênalti em falta que não seria apontada se acontecesse no meio de campo.
É o caso, por exemplo, do lance mais polêmico dos últimos meses, o pênalti marcado pelo árbitro Sandro Meira Ricci a favor do Corinthians depois de entrada do zagueiro cruzeirense Gil sobre o atacante Ronaldo.
Na mesma rodada, o Goiás reclama de penalidade marcada a favor do Fluminense no empate em 1 a 1.
Dois clubes paulistas são os maiores beneficiados pelo rigor da arbitragem na hora de interpretar lances faltosos dentro da área.
O Santos, já fora da luta pelo título, é o clube, segundo ranking feito pelo Datafolha, que teve mais pênaltis a favor até agora. Foram 12 em 35 rodadas, ou praticamente um a cada três jogos. O Corinthians vem logo atrás, com 11 a favor. No outro lado do ranking estão clubes de Estados com menos tradição.
De acordo com o Datafolha, o Ceará teve só dois pênaltis anotados a seu favor. Divide com o São Paulo, clube desafeto da CBF, a lanterna no ranking. Logo depois aparecem o catarinense Avaí e o baiano Vitória, com apenas três penalidades cada.


Colaborou LEONARDO LOURENÇO, de São Paulo


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