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BASQUETE
Por superstição ou imposição, jogadores usam cada vez mais a numeração livre, como é feito na NBA
Camisas libertam números no Brasil
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
Por causa de superstição, falta
de opção ou até por uma "sugestão obrigatória" da CBB (Confederação Brasileira de Basquete),
os jogadores do Brasil estão, paulatinamente, imitando a numeração da NBA, liga norte-americana
profissional de basquete.
No Paulista-99, 5 das 12 equipes
(42%) da fase de classificação do
torneio masculino, que está agora
na fase de playoffs, contaram com
atletas que utilizam números em
suas camisas fora dos padrões (4 a
15) da Fiba (Federação Internacional de Basquete).
No torneio feminino -também já na fase de mata-mata-,
seis dos nove inscritos (67%) optaram por identificar suas jogadoras com números "diferentes".
No total, há 21 atletas no masculino e 17 no feminino com numeração fora do padrão. Total: 38.
No Paulista-98, apenas três times (Pinheiros, Arcor e Uniban)
e um total de oito atletas saíram
da numeração tradicional.
Neste ano, o mais utilizado é o
17, quase sempre porque o time
apresenta ao jogador a camisa
com o número e não há opção de
troca. Mas os preferidos, quando
se pode escolher, são os "dobrados" (44, 55, 66, 77, 88 e 99) -por
questão de superstição.
A armadora Gigi, 19 anos, da
Arcor/Santo André, até já solicitou à comissão técnica uma mudança na camisa para o Nacional-2000. Ela quer voltar a usar a 55,
com a qual obteve destaque.
No Paulista-99, com a saída de
Helen Luz, ela passou a usar a 5.
Perdeu a posição de titular para
Vivian, 23 anos, número 88.
Feita a contabilidade no Nacional-99, a numeração fora do padrão foi ainda mais contundente.
Somando-se os campeonatos
masculino e feminino, houve 72
jogadores nessa situação, exatamente o dobro do Nacional-98.
O próprio regulamento do Nacional "obriga" as equipes a isso.
Um dos artigos diz que a numeração pode ser de 4 a 99. Outro,
que é obrigatória a colocação do
nome do atleta na parte posterior
da camisa, acima do número.
Assim, todo time tem que dar a
cada atleta um número distinto.
A explicação, com um exemplo
imaginário: Oscar Schmidt, camisa 14 do Flamengo, se não puder
jogar por algum motivo, não pode emprestar seu uniforme para
um reserva, pois este acabaria
identificado erroneamente.
E mesmo que a equipe tenha
feito outra camisa 14, esta com o
nome do reserva, a CBB veta o
uso, alegando que interfere no
trabalho do departamento estatístico.
No Paulista não existe esse problema, pois o regulamento não
exige o nome nas costas.
Na NBA, sempre foi prática comum o atleta escolher a camisa
com o número de sua preferência,
desde que um companheiro já
não esteja usando-a.
"Lá, 90% são fora do padrão,
acima de 15", comenta José Roberto Lux, o Zé Boquinha, técnico
da Knorr/Campinas, que diz acreditar que possa haver uma tendência ainda maior de os brasileiros usarem uma numeração variada. "O mais importante é que o
jogador passa a ser identificado
com determinado número, e esse
número, com o jogador", diz ele.
"É uma característica, como o
sobrenome", acrescenta José Medalha, treinador da Unisanta.
São justamente os times de Medalha e de Zé Boquinha os que
mais fogem do padrão no Paulista-99. A Unisanta, no masculino,
tem 7 de 14 atletas nessa condição,
e a Knorr, no feminino, 6 de 15.
Na NBA, os números até são
imortalizados, como no caso de
Michael Jordan, hoje aposentado:
o 23 jamais será visto na camisa
de outro jogador, por melhor que
seja, que atue pelo Chicago Bulls.
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