São Paulo, Domingo, 19 de Dezembro de 1999


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BASQUETE
Por superstição ou imposição, jogadores usam cada vez mais a numeração livre, como é feito na NBA
Camisas libertam números no Brasil

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

Por causa de superstição, falta de opção ou até por uma "sugestão obrigatória" da CBB (Confederação Brasileira de Basquete), os jogadores do Brasil estão, paulatinamente, imitando a numeração da NBA, liga norte-americana profissional de basquete.
No Paulista-99, 5 das 12 equipes (42%) da fase de classificação do torneio masculino, que está agora na fase de playoffs, contaram com atletas que utilizam números em suas camisas fora dos padrões (4 a 15) da Fiba (Federação Internacional de Basquete).
No torneio feminino -também já na fase de mata-mata-, seis dos nove inscritos (67%) optaram por identificar suas jogadoras com números "diferentes".
No total, há 21 atletas no masculino e 17 no feminino com numeração fora do padrão. Total: 38.
No Paulista-98, apenas três times (Pinheiros, Arcor e Uniban) e um total de oito atletas saíram da numeração tradicional.
Neste ano, o mais utilizado é o 17, quase sempre porque o time apresenta ao jogador a camisa com o número e não há opção de troca. Mas os preferidos, quando se pode escolher, são os "dobrados" (44, 55, 66, 77, 88 e 99) -por questão de superstição.
A armadora Gigi, 19 anos, da Arcor/Santo André, até já solicitou à comissão técnica uma mudança na camisa para o Nacional-2000. Ela quer voltar a usar a 55, com a qual obteve destaque.
No Paulista-99, com a saída de Helen Luz, ela passou a usar a 5. Perdeu a posição de titular para Vivian, 23 anos, número 88.
Feita a contabilidade no Nacional-99, a numeração fora do padrão foi ainda mais contundente. Somando-se os campeonatos masculino e feminino, houve 72 jogadores nessa situação, exatamente o dobro do Nacional-98.
O próprio regulamento do Nacional "obriga" as equipes a isso.
Um dos artigos diz que a numeração pode ser de 4 a 99. Outro, que é obrigatória a colocação do nome do atleta na parte posterior da camisa, acima do número.
Assim, todo time tem que dar a cada atleta um número distinto.
A explicação, com um exemplo imaginário: Oscar Schmidt, camisa 14 do Flamengo, se não puder jogar por algum motivo, não pode emprestar seu uniforme para um reserva, pois este acabaria identificado erroneamente.
E mesmo que a equipe tenha feito outra camisa 14, esta com o nome do reserva, a CBB veta o uso, alegando que interfere no trabalho do departamento estatístico.
No Paulista não existe esse problema, pois o regulamento não exige o nome nas costas.
Na NBA, sempre foi prática comum o atleta escolher a camisa com o número de sua preferência, desde que um companheiro já não esteja usando-a.
"Lá, 90% são fora do padrão, acima de 15", comenta José Roberto Lux, o Zé Boquinha, técnico da Knorr/Campinas, que diz acreditar que possa haver uma tendência ainda maior de os brasileiros usarem uma numeração variada. "O mais importante é que o jogador passa a ser identificado com determinado número, e esse número, com o jogador", diz ele.
"É uma característica, como o sobrenome", acrescenta José Medalha, treinador da Unisanta.
São justamente os times de Medalha e de Zé Boquinha os que mais fogem do padrão no Paulista-99. A Unisanta, no masculino, tem 7 de 14 atletas nessa condição, e a Knorr, no feminino, 6 de 15.
Na NBA, os números até são imortalizados, como no caso de Michael Jordan, hoje aposentado: o 23 jamais será visto na camisa de outro jogador, por melhor que seja, que atue pelo Chicago Bulls.


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