São Paulo, terça-feira, 19 de dezembro de 2000

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FUTEBOL

Técnico e sua ex-assessora, réus em caso de sonegação fiscal, se encontraram em depoimento ontem à tarde, no Rio

Luxemburgo e Renata ficam cara a cara

RAPHAEL GOMIDE
DA SUCURSAL DO RIO

Pela primeira vez desde o início das disputas judiciais e trocas de acusações entre o ex-técnico da seleção brasileira Wanderley Luxemburgo e sua ex-assessora Renata Alves, que se encontraram ontem, os advogados dos dois concordaram em alguma coisa.
Eles afirmaram que a testemunha de acusação arrolada pelo Ministério Público Federal (MPF) e ouvida ontem no processo em que Luxemburgo e Renata são acusados de sonegação fiscal não conhecia suficientemente o caso.
A auditora fiscal Lúcia Carneiro foi convocada para depor ontem, na presença dos dois acusados, que não se viam havia mais de quatro anos. Luxemburgo e Renata se sentaram à mesma mesa, na 8ª Vara Federal Criminal do Rio, mas garantiram não ter se falado. O técnico é acusado de dever R$1,4 milhão à Receita Federal.
"Convocaram a mulher errada", afirmou o advogado do treinador, Michel Assef. "A testemunha não sabia nada dos fatos. Ela não trabalhou nos autos da infração", corroborou Remo Lainetti, um dos responsáveis pela defesa de Renata Alves.
Sobre as declarações dos advogados, a procuradora Lílian Dore -que arrolou a testemunha- disse que "o Ministério Público sabe o que faz". "Arrolei a testemunha que quis arrolar. Para o que eu queria saber, foi esclarecedor", disse. Segundo ela, "a prova de acusação é eminentemente documental" e não testemunhal.
A Folha telefonou para a auditora fiscal Lúcia Carneiro, que se negou a comentar o assunto.
Os advogados de defesa celebraram o que consideraram um enfraquecimento da acusação.
De acordo com o pai de Renata e seu advogado, Roberto Carlos Alves, a auditora ouvida ontem está atuando em outro processo contra o treinador. "São dois cheques emitidos por um empresário do Paraná para a conta do Wanderley (Luxemburgo). Não há referência a esses cheques neste processo", disse.
Sem uma prova testemunhal, restam os documentos nos quais o MPF se baseou para oferecer denúncia. Mais nenhuma outra testemunha de acusação pode ser chamada a depor.
"A prova de acusação ficou enfraquecida. O conteúdo acusatório foi nenhum hoje", afirmou Roberto Carlos Alves.
A procuradora Lílian Dore afirmou, entretanto, que o depoimento foi "proveitoso". Questionada sobre qual havia sido a participação da auditora fiscal no processo, Lílian Dore se negou a responder. "O caso corre em segredo de Justiça. Eu não posso dizer o que aconteceu."
O próximo passo do processo será a prova de defesa. Luxemburgo e Renata Alves vão arrolar suas testemunhas de defesa.
Segundo Assef, o treinador deverá convocar pessoas ligadas ao futebol -como o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, e os jogadores Edmundo e Djalminha.
As testemunhas precisam ser escolhidas até o dia 6 de janeiro. O prazo é de cinco dias após a prova de acusação, mas foi estendido porque a Justiça Federal entra em recesso de final de ano amanhã.



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