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POLÍTICA
Comunistas recuam e podem levar a pasta, que já foi oferecida ao PTB
PC do B agora aceita Esporte e cria impasse para o PT
FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL
Após rejeitar, há duas semanas,
o Ministério do Esporte e Turismo, o PC do B voltou atrás e comunicou ontem ao presidente
eleito, Luiz Inácio Lula da Silva,
que aceita ficar com a pasta.
A decisão criou mais uma dor
de cabeça política para os petistas
na transição, pois o partido havia
acertado anteontem, numa reunião entre o futuro chefe da Casa
Civil, José Dirceu, e líderes do
PTB, que o Esporte deveria ser comandado pelos trabalhistas.
O PTB até apresentou o nome
do deputado mineiro Walfrido
Mares Guia para comandar o ministério, mas o governo eleito não
oficializou a indicação.
Ontem pela manhã, Lula se reuniu na Granja do Torto, em Brasília, com o presidente do PC do B,
Renato Rabelo, e com o deputado
federal Aldo Rebelo (SP), um dos
ministeriáveis do partido.
Eles disseram ao presidente
eleito que o PC do B havia revisto
a idéia de rejeitar o Esporte.
Há duas semanas, o próprio Renato Rabelo havia afirmado que o
seu partido poderia colaborar
com o governo eleito em vários
setores, mas que não aceitaria
atuar na área de esportes.
O PC do B gostaria de ficar com
a Defesa, mas o PT considera arriscado dar o ministério aos comunistas -quer para a pasta um
titular menos ligado a partidos.
Com a recusa do PC do B, os petistas acabaram incluindo o Esporte nas negociações com outras
siglas, e o PTB disse que aceitaria
ficar com o ministério.
A mudança de posição do PC do
B em relação ao esporte ocorreu
após a repercussão negativa do
desprezo dos comunistas à área.
Oficialmente, Lula apenas confirmou que o partido terá um ministério no governo, enquanto
Renato Rabelo disse que o PC do
B não rejeitava o Esporte.
Mas, na reunião, o presidente
eleito disse a Aldo Rebelo que não
tem restrições ao seu nome para a
Defesa, externou a opção do partido em "desideologizar" o ministério e afirmou que o PC do B pode colaborar em outras áreas.
Ofereceu um pacote que inclui o
Esporte e a liderança do governo
na Câmara. Como Rebelo -que
tem a preferência de Lula para o
ministério- resiste em assumi-lo, poderia se tornar o líder do governo petista. Seria um "consolo"
para o parlamentar, cuja preferência era comandar a Defesa.
Se Rebelo não quiser mesmo
pegar o Esporte, o PC do B já tem
opções para a pasta, e as apresentou a Lula: o deputado federal Agnelo Queiroz (DF) e a secretária
de Esportes da Prefeitura de São
Paulo, Nádia Campeão.
O primeiro, co-autor da Lei Piva
(que destina dinheiro das loterias
federais às modalidades olímpicas), tem como vantagem o apoio
da bancada petista na Câmara e o
respaldo de várias entidades dirigentes do esporte, como o COB
(Comitê Olímpico Brasileiro).
Queiroz conta ainda com a
aprovação de integrantes do atual
governo, como o secretário nacional de Esporte, Lars Grael.
E, diferentemente de Rebelo, o
parlamentar do DF tem muita
vontade de assumir a pasta.
Já Nádia Campeão tem como
trunfos a experiência na secretaria paulistana e uma forte ligação
com a direção do PC do B.
Nádia afirmou ontem que não
pensou na possibilidade de virar
ministra. "Estou na secretaria e
não gosto de falar em hipóteses."
Ela saudou, entretanto, a mudança de postura do PC do B.
"Trabalhar com esporte é bom
para o partido. Se o Lula quiser
valorizar essa área, tem muita coisa positiva que pode ser feita", declarou a secretária.
Já está praticamente certo que o
turismo será desmembrado do
esporte -ficando provavelmente
com o PL- e que a pasta deve
mudar de nome, para Ministério
do Esporte e Lazer, conforme antecipou a Folha há duas semanas.
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