São Paulo, quinta-feira, 19 de dezembro de 2002

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POLÍTICA

Comunistas recuam e podem levar a pasta, que já foi oferecida ao PTB

PC do B agora aceita Esporte e cria impasse para o PT

FÁBIO VICTOR
DA REPORTAGEM LOCAL

Após rejeitar, há duas semanas, o Ministério do Esporte e Turismo, o PC do B voltou atrás e comunicou ontem ao presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, que aceita ficar com a pasta.
A decisão criou mais uma dor de cabeça política para os petistas na transição, pois o partido havia acertado anteontem, numa reunião entre o futuro chefe da Casa Civil, José Dirceu, e líderes do PTB, que o Esporte deveria ser comandado pelos trabalhistas.
O PTB até apresentou o nome do deputado mineiro Walfrido Mares Guia para comandar o ministério, mas o governo eleito não oficializou a indicação.
Ontem pela manhã, Lula se reuniu na Granja do Torto, em Brasília, com o presidente do PC do B, Renato Rabelo, e com o deputado federal Aldo Rebelo (SP), um dos ministeriáveis do partido.
Eles disseram ao presidente eleito que o PC do B havia revisto a idéia de rejeitar o Esporte.
Há duas semanas, o próprio Renato Rabelo havia afirmado que o seu partido poderia colaborar com o governo eleito em vários setores, mas que não aceitaria atuar na área de esportes.
O PC do B gostaria de ficar com a Defesa, mas o PT considera arriscado dar o ministério aos comunistas -quer para a pasta um titular menos ligado a partidos.
Com a recusa do PC do B, os petistas acabaram incluindo o Esporte nas negociações com outras siglas, e o PTB disse que aceitaria ficar com o ministério.
A mudança de posição do PC do B em relação ao esporte ocorreu após a repercussão negativa do desprezo dos comunistas à área.
Oficialmente, Lula apenas confirmou que o partido terá um ministério no governo, enquanto Renato Rabelo disse que o PC do B não rejeitava o Esporte.
Mas, na reunião, o presidente eleito disse a Aldo Rebelo que não tem restrições ao seu nome para a Defesa, externou a opção do partido em "desideologizar" o ministério e afirmou que o PC do B pode colaborar em outras áreas.
Ofereceu um pacote que inclui o Esporte e a liderança do governo na Câmara. Como Rebelo -que tem a preferência de Lula para o ministério- resiste em assumi-lo, poderia se tornar o líder do governo petista. Seria um "consolo" para o parlamentar, cuja preferência era comandar a Defesa.
Se Rebelo não quiser mesmo pegar o Esporte, o PC do B já tem opções para a pasta, e as apresentou a Lula: o deputado federal Agnelo Queiroz (DF) e a secretária de Esportes da Prefeitura de São Paulo, Nádia Campeão.
O primeiro, co-autor da Lei Piva (que destina dinheiro das loterias federais às modalidades olímpicas), tem como vantagem o apoio da bancada petista na Câmara e o respaldo de várias entidades dirigentes do esporte, como o COB (Comitê Olímpico Brasileiro).
Queiroz conta ainda com a aprovação de integrantes do atual governo, como o secretário nacional de Esporte, Lars Grael.
E, diferentemente de Rebelo, o parlamentar do DF tem muita vontade de assumir a pasta.
Já Nádia Campeão tem como trunfos a experiência na secretaria paulistana e uma forte ligação com a direção do PC do B.
Nádia afirmou ontem que não pensou na possibilidade de virar ministra. "Estou na secretaria e não gosto de falar em hipóteses."
Ela saudou, entretanto, a mudança de postura do PC do B. "Trabalhar com esporte é bom para o partido. Se o Lula quiser valorizar essa área, tem muita coisa positiva que pode ser feita", declarou a secretária.
Já está praticamente certo que o turismo será desmembrado do esporte -ficando provavelmente com o PL- e que a pasta deve mudar de nome, para Ministério do Esporte e Lazer, conforme antecipou a Folha há duas semanas.


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