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São Paulo, sexta-feira, 19 de dezembro de 2003

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HIPISMO

Federação reitera que país não irá à Olimpíada como equipe, e CBH tem de definir se leva ou não Rodrigo Pessoa

Apelação falha, e Brasil vê encruzilhada

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

A cartada final da Confederação Brasileira de Hipismo para definir de uma maneira pacífica os cavaleiros que irão à Olimpíada de Atenas-2004 foi por água abaixo.
A Federação Equestre Internacional informou à Folha que seu departamento jurídico rejeitou a apelação feita pela CBH para que o país pudesse participar da prova de saltos por equipe nos Jogos Olímpicos do próximo ano.
A questão é se a entidade enviará aos Jogos os ginetes que ganharam para o país no Pan duas vagas para a Olimpíada ou o melhor cavaleiro do Brasil, Rodrigo Pessoa, ex-número um do mundo, tricampeão da Copa do Mundo e também ex-campeão mundial.
Em setembro, uma comissão, integrada por Camillo Ashcar, presidente da CBH, Antonio Alegria, diretor técnico da entidade, e Nelson Pessoa, pai de Rodrigo, foi à sede da FEI, em Lausanne (SUI), para entregar documento com a argumentação dos brasileiros.
A CBH questionava o fato de o Brasil ter sido bronze no Pan e ter ficado fora da Olimpíada. Durante a competição, os brasileiros também alegaram que o regulamento da prova, classificatória para as Olimpíadas, dava margem para dupla interpretação.
Pelo regulamento, que foi aceito pelo Brasil, a competição classificaria para Atenas os três primeiros colocados cujos conjuntos tivessem o melhor desempenho, sem descarte do pior resultado.
Porém, para a definição do pódio do Pan, o cavaleiro com a pior performance teria o seu resultado desconsiderado. Assim, o Brasil desbancou a Argentina pelo bronze, mas viu o rival sul-americano amealhar a vaga olímpica.
A FEI analisou o recurso do Brasil e reiterou oficialmente que os três países que garantiram vagas por equipe para os Jogos de Atenas-2004 foram, pela seguinte ordem, EUA, México e Argentina.
No Pan, os ginetes Alvaro Affonso de Miranda Neto, o Doda, e Bernardo Resende obtiveram vagas individuais para o Brasil.
O primeiro alega que logo depois da conquista das vagas o presidente da CBH, Camillo Ashcar, prometeu que iria a Atenas quem garantiu as vagas para o país.
Mais recentemente, textos distribuídos pela assessoria de Doda davam como certa sua participação em Atenas-2004 e até cravavam com qual montaria ele formaria conjunto nos Jogos Olímpicos: Ski, de 8 anos.
Doda fez somente uma ressalva. "Se houver problemas, se alguém estiver sem cavalos à época dos Jogos, pode desistir e abrir uma vaga. Mas se estiver como hoje, com montaria nova, de primeiro mundo, não abriria mão dela."
Ao ser questionado sobre o tema, Pessoa, em um primeiro momento, chegou a dizer que "Ashcar havia explicado a situação de outra forma". Na sequência, porém, mudou o discurso, ao afirmar que no seu entender o mais lógico seria haver uma seletiva.
O próprio Ashcar, no entanto, afirmou que apenas se pronunciaria sobre o assunto após o julgamento do recurso pela FEI.
Questionado sobre as declarações que lhe foram imputadas, o dirigente não confirmou e tampouco negou que tivesse prometido vaga a Doda ou a Pessoa.
Algumas pessoas ligadas ao episódio, que pediram para não serem identificadas, dizem que o silêncio de Ashcar foi o modo que arrumou para não aumentar a polêmica até que fosse forçado a tomar uma decisão final.


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