São Paulo, domingo, 19 de dezembro de 2004

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FUTEBOL

Reverenciado como uma lenda por seus atletas, técnico persegue 5º título

Luxemburgo cria legião de súditos para erguer a taça

DOS ENVIADOS A SÃO JOSÉ DO RIO PRETO

Para a história do Brasileiro, um recordista. Para os seus jogadores, muito mais que isso.
Vanderlei Luxemburgo, 52, quatro títulos no currículo, tem a chance de ampliar hoje a sua própria marca, e o faz amparado por um time que bem poderia ser confundido com um séquito.
Como em nenhum outro grande clube do país, o treinador santista é tido por seus pupilos como um totem, uma lenda.
Nos dias que antecederam a decisão, os jogadores passaram a cobri-lo de elogios desbragados, muitas vezes sem nem terem sido questionados sobre o assunto.
"Passamos por muitas dificuldades neste campeonato, mas, verdade seja dita: ele [Luxemburgo] consegue tirar leite de pedra, tem inteligência de passar motivação nos momentos mais difíceis. A gente se apega ao que ele fala com facilidade, é até difícil de vocês entenderem", abre o festival de elogios o lateral Léo.
Mesmo tendo surgido com destaque no cenário nacional sob o comando de Leão, ele parece esquecer o antecessor de Luxemburgo quando fala do atual técnico. "Com o Vanderlei aprendi a me posicionar muito melhor", afirma Léo, que joga na mesma posição que o seu comandante atuou nos tempos de jogador.
A toada segue com o volante Preto Casagrande, que estava encostado no Santos de Leão e virou titular no de Luxemburgo: "Ele nos coloca a todo instante no lugar certo. É um vencedor". Questionado sobre a forma ríspida com que o chefe comanda os treinos, sai em sua defesa. "É que ele está sempre ligado, não perde a atenção. A mania de perfeição é o maior diferencial dele."
A bola é passada para Deivid, que já foi atleta de Luxemburgo no Corinthians e no Cruzeiro. "Sou suspeito para falar. Trabalho com ele já há quatro anos. É só você ver que pegou o time em 20º e agora disputamos o título. Não precisa nem de comentário."
O reserva Basílio, que passou a titular com o afastamento de Robinho e hoje volta ao banco, não desafina o coro. "Basta você ver os títulos dele. Esteve na seleção, é um técnico de ponta no Brasil e no mundo. Ele tem uma postura que todo mundo respeita." Aqui, mais uma vez, a fidelidade ao treinador tem razões pessoais. "Eu estava prestes a sair do Santos em junho, e ele me segurou. Você fica tranqüilo quando sabe que um comandante confia em você."
O meia e capitão Ricardinho, pupilo no Corinthians de 98, falou sobre a escalação de Robinho após a libertação da mãe: "O Vanderlei toma decisões certas, e essa foi mais uma que ele teve de tomar num momento importante".
Uma das marcas da carreira de Luxemburgo é incluir como requisito para sua contratação que o clube inclua no pacote jogadores e comissão técnica de sua extrema confiança. Ao assumir o Santos pela segunda vez, em maio, levou consigo vários profissionais, como o preparador físico Antônio Mello, o preparador de goleiros Luiz Alberto e a nutricionista Patrícia Teixeira.
Depois, mudou a cara do elenco, repatriando Deivid, Antônio Carlos, Zé Elias, Fabinho e William. Contratou ainda o goleiro chileno Tápia, indicado pelo seu genro, o volante Maldonado.
Pediu como auxiliar técnico o ex-jogador Gallo e ganhou também para a função, por um pedido da direção santista, o ex-artilheiro Serginho Chulapa, que hoje se derrama pelo comandante: "Digo e repito, sem medo de errar, que ele está muito à frente dos outros técnicos".
A questão é saber se toda essa gente acompanhará Luxemburgo caso ele deixe o clube. O técnico, que recebe R$ 400 mil por mês, tem uma proposta da MSI para ir para o Corinthians, onde ganharia cerca de R$ 600 mil. (FÁBIO VICTOR E MÁRVIO DOS ANJOS)


NA TV - Globo (só para São Paulo) e Record (só para São Paulo e Santos), aos vivo, às 16h


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