São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 2005

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FUTEBOL

O maior clube do Brasil

JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA

O São Paulo é agora o clube mais vitorioso do futebol pentacampeão mundial.
Ao ganhar o tri, superou até mesmo o Santos de Pelé.
Até ontem, quando ambos eram bicampeões mundiais, a diferença estava exatamente no Rei do futebol, o que não é pouco.
Mas a nova conquista tricolor dá inegável vantagem ao ainda jovem clube do Morumbi.
Em 70 e poucos anos de vida, ninguém ganhou mais do que o São Paulo F.C.
E, se não teve um Pelé, embora tenha tido Leônidas da Silva, o tricolor consagrou o mais simbólico de todos os inesquecíveis goleiros cujos nomes são associados automaticamente a um clube.
Nem é preciso dizer que se trata de Rogério Ceni, que ontem viveu uma noite de sonhos, daquelas que, depois de vividas, podem encerrar uma carreira, uma vida até. E que vida.
Porque, se foi o Mineiro (que é gaúcho de Porto Alegre) que entrou entre os grandalhões para fazer o gol do trítulo (perdão) -e que gol, sô!, uai!, bah, tchê!-, o outro maior responsável pela conquista tratou de defender três bolas impossíveis, a primeira na cobrança perfeita batida pelo imbatível e batido Gerrard, cracaço.
O paranaense (de Pato Branco) Rogério não precisa fazer mais nada para ter seu lugar como Raí, como Telê Santana, como poucos.
Com 20 títulos estaduais, a melhor média entre todos os clubes paulistas, três brasileiros, três Libertadores e três Mundiais, não há como negar o óbvio, nem no botequim freqüentado pelos mais fanáticos adversários do São Paulo. Não tem para ninguém.
Essencial a firme, sensata, discreta e eficaz condução de Paulo Autuori, assim como é evidente que, com pequenos intervalos excepcionais, as diretorias do São Paulo têm se distinguido da incompetência generalizada que caracteriza a nossa cartolagem.
Pois de Lugano ao tri Mundial, Marcelo Portugal Gouvêa, o único presidente de clube que não votou pela reeleição do eterno manda-chuva da CBF, também merece ser louvado.
Mas, como sempre, os maiores méritos são dos atletas. E na vitória sobre o Liverpool alguns se destacaram mesmo, ou por causa do natural sufoco sofrido no segundo tempo da final.
Rogério, Lugano -que não é um novo Dario Pereyra porque é Diego Lugano e basta-, Mineiro, Josué, Danilo, Aloísio (que passe para Mineiro!) e Amoroso foram os grandes nomes desta curta e impagável epopéia.
O São Paulo se deu maravilhosamente bem de novo onde, depois dele em 1993, o Grêmio (em 1995), o Cruzeiro (em 1997), o Vasco (em 1998) e o Palmeiras (em 1999) fracassaram.
E que nunca mais se diga que os europeus ligam pouco para o Mundial. Podem ligar de maneira diferente, de fato, mas o desespero que os Vermelhos mostraram a cada chance conjurada e a tristeza no final do jogo são suficientes para pôr as coisas em seus devidos lugares. Finalmente, parabéns à arbitragem mexicana, perto da perfeição.

Ano brasileiro
2005 foi um ano brasileiro. A seleção ganhou a Copa das Confederações com exibições de gala contra alemães e argentinos e terminou as eliminatórias sul-americanas em primeiro lugar. Ronaldinho é o craque número 1 do mundo. E o São Paulo fez o que fez, tanto na Libertadores, decidida pela primeira vez entre dois times do mesmo país, quanto no Mundial. E quase só deu clubes tricolores nas competições mais importantes: do São Paulo, novamente, no Campeonato Paulista, ao Fluminense, no do Rio de Janeiro. Tricolores também, o Paulista levou a Copa do Brasil, e o Grêmio, a Série B do Nacional, da qual subiu ao lado do Santa Cruz. Restou só (?) o Campeonato Brasileiro para um bicolor alvinegro, o Corinthians.

@ - blogdojuca@uol.com.br


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