São Paulo, domingo, 20 de janeiro de 2008

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Copa da África é 56,5% da Europa

Mais da metade dos jogadores inscritos para o torneio africano de seleções, que começa hoje, joga no velho continente

Disputa em Gana, mesmo com alguns times poupando suas principais estrelas, tem mais de 200 atletas que atuam em ligas estrangeiras

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Pegue cinco times franceses, três equipes da Inglaterra mais oito reservas, um onze alemão, um português e mais um apanhado de jogadores espalhados por outras 41 ligas mundo afora. Aí você tem algo parecido com a Copa da África deste ano.
A disputa africana de seleções começa hoje em Gana, com duelo entre a equipe da casa e Guiné, mostrando bem como a Europa absorve comercialmente o talento alheio. Dos 368 atletas inscritos no torneio, 208 atuam em países com federações filiadas à Uefa (56,5%).
Só a França cedeu 57 jogadores para a Copa da África, que ainda se dá ao luxo de ver algumas de suas estrelas poupadas -a África do Sul abriu mão, por exemplo, de Benni McCarthy, craque do Blackburn (ING).
A Inglaterra, cuja liga nacional é a mais turbinada do planeta, cedeu 41 jogadores para a Copa da África mesmo com os poupados. O Chelsea ""devolverá" à África por ao menos duas semanas astros como Drogba e Kalou (Costa do Marfim), Essien (Gana) e Mikel (Nigéria).
""Mais e mais africanos estão figurando entre os titulares dos grandes europeus. Há alguns anos, africanos só integravam elencos. Drogba e Essien são importantes para o Chelsea. Eu e o Yaya Toure somos para o Barcelona, Diarra é para o Real Madrid...", falou o camaronês Eto'o à ""France Football".
Eto'o foi o 12º jogador mais votado na eleição de melhor do mundo da Fifa no ano passado.
""É óbvio que o futebol africano parece agora muito mais respeitado", diz Eto'o, que tem brigado nas últimas temporadas com Drogba, o quarto na lista da Fifa em 2007, pelo título de melhor jogador africano.
""O que eu admiro no Eto'o é sua passada, seu instinto na cara do gol, sua corrida e, acima de tudo, o fato de ser indispensável para o Barcelona. Quando enfrentamos o Barcelona sem o Eto'o, nós no Chelsea sabíamos já antes do jogo que venceríamos", disse Drogba, também à revista especializada francesa.
Os clubes europeus lamentam como nunca a realização da Copa da África entre janeiro e fevereiro. E algumas estrelas africanas, apesar do orgulho em defender o próprio país, também já sugerem a mudança do período da disputa bienal.
""Sei que vou fazer falta à minha equipe, mas, por outro lado, não posso abandonar o meu país", falou Drogba, que sugeriu junho para a Copa da África -nesse caso, a disputa seria na mesma época da Eurocopa.
No total, são 22 ligas nacionais de países ligados à Uefa com jogadores cedidos à disputa africana, cuja decisão acontecerá no dia 10 de fevereiro.
Dos 16 times participantes da Copa da África deste ano, apenas o Sudão conta com todos os seus jogadores no campeonato do próprio país. A Nigéria, com futebol mais valorizado, não tem nenhum convocado local -seus 23 estão em ligas nacionais de países ligados à Uefa.
Dentre os 368 inscritos, há 11 atuando no futebol asiático e dois em ligas da Concacaf (um nos EUA e outro no México). Dois atletas ainda estão no momento sem clube, segundo a lista da Confederação Africana.


NA TV - Gana x Guiné
ESPN Brasil, ao vivo, às 15h


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