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Arenas jazem seis meses após o Pan
Locais usados durante Jogos do Rio não possuem programas esportivos, sofrem com falta de atletas e têm rotina ociosa
Duplicação da avenida Ayrton Senna e construção da Estação de Tratamento de Arroio Fundo, destinadas ao evento, estão em obras
SÉRGIO RANGEL
DA SUCURSAL DO RIO
Arenas modernas e milionárias fechadas, sem receber nenhum atleta por semanas inteiras; outras, repassadas para a
iniciativa privada por valores
irrisórios; e um condomínio de
17 edifícios sem moradores.
Esse é o cenário do Rio seis
meses depois da abertura do
Pan, evento que consumiu R$
3,7 bilhões dos cofres públicos.
Das seis arenas erguidas para
os Jogos, nenhuma conta com
um programa esportivo oficial.
Construído por R$ 119,8 milhões do governo federal, o
Complexo Esportivo de Deodoro é um retrato desolador do
fim dos Jogos. Principais obras
do complexo, os centros de tiro
esportivo e de hipismo estavam
desertos na semana passada.
Apenas quatro militares tomavam conta do imenso CT de tiro, com dezenas de estandes,
iluminação especial, isolamento acústico e climatização.
Desde o final dos Jogos, em
julho, o centro abrigou apenas
parte do Sul-Americano aberto
de pentatlo moderno, em novembro, e alguns treinos promovidos pela confederação.
O centro de hipismo vive situação semelhante. O local foi
palco do Campeonato de Hipismo do Exército, em setembro, e
de treinos de militares até agora. O complexo de Deodoro
também abrigou partidas de
hóquei sobre a grama e provas
do pentatlo moderno. Na semana passada, apenas o acanhado
estádio de hóquei era utilizado.
A amadora seleção brasileira
treinava no campo, o único no
país com as medidas oficiais.
Na Barra, a situação não é diferente. O Parque Aquático
Maria Lenk (R$ 84,9 milhões,
sendo R$ 60 milhões do governo federal e R$ 24,9 milhões do
município) e o velódromo (R$
11,99 milhões -R$ 9,88 milhões da prefeitura e R$ 2,11 milhões dos cofres federais) também têm rotina preguiçosa.
Administrados pela prefeitura, os locais não têm escolinhas
e não abrigam equipes. Em
agosto, a Secretaria Municipal
de Esporte anunciou que projetos esportivos estariam funcionando nos dois locais no mês
seguinte, o que não ocorreu.
Nesse período, o parque
aquático recebeu o Mundial de
nado sincronizado e competições masters, infanto e paraolímpicas. O velódromo só abrigou dois torneios de patinação
em velocidade e clínicas.
Mais caras obras do Pan, o estádio João Havelange (R$ 380
milhões) e a Arena Multiuso
(R$ 125,9 milhões) foram licitados para a iniciativa privada.
Time do coração do prefeito
Cesar Maia (DEM), o Botafogo
ficou com o estádio com capacidade para 45 mil pessoas construído com dinheiro dos cofres
municipais. Para isso, o clube
vai pagar R$ 36 mil mensais.
A concessão durará 20 anos.
Pelos valores atuais, o Botafogo
desembolsaria R$ 8,6 milhões
até o término do período, ou
2,1% do custo da obra.
A Arena Multiuso também
foi para as mãos de uma empresa particular e agora pertence à
GL Events. Pelo acordo, desde
outubro, a empresa francesa
pagará R$ 269,6 mil mensais ao
município, até junho de 2016.
Assim como no estádio, o valor do contrato será reajustado
anualmente. A GL já tinha vencido a licitação para administrar o Riocentro, em acordo
que foi investigado numa CPI
na Câmara Municipal do Rio.
Nesses seis meses, a arena sediou o Mundial de judô, sob administração da prefeitura, e um
show do cantor Roberto Carlos.
Obras destinadas ao Pan ainda não foram concluídas. Perto
da Vila, uma série está parada.
A duplicação da avenida Ayrton
Senna está atrasada. Segundo a
prefeitura, deve ficar pronta
em março. A construção da Estação de Tratamento de Arroio
Fundo, fundamental para a
despoluição das lagoas de Jacarepaguá, prossegue em ritmo
lento -a obra deveria ter sido
inaugurada na última terça.
A Rio Águas informou que
aguarda os R$ 13 milhões do
Ministério do Esporte para retomar as obras. Segundo o ministério, o dinheiro será repassado no prazo de 30 dias.
Condomínio que abrigou milhares de atletas e foi vendido
em tempo recorde, a Vila do
Pan está fechada. Os apartamentos deveriam ser entregues
neste mês, mas muito terá que
ser feito para a prefeitura conceder o ""habite-se". A Vila foi
erguida com financiamento da
Caixa Econômica Federal, que
liberou R$ 232 milhões.
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