São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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Fifa cede a clubes e abraça velho Mundial interclubes

Diante da posição firme dos europeus de não disputar o seu campeonato, entidade máxima do futebol vai turbinar tradicional disputa de final do ano no Japão

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

Se não pode com ele, junte-se a ele. Foi mais ou menos o que a Fifa fez com o Mundial interclubes.
A entidade anunciou mudanças drásticas no seu Mundial de Clubes, torneio criado em 2000 e que ainda não teve uma segunda edição. A disputa será agora no fim do ano no Japão, fórmula que é tradicionalmente adotada, desde 1980, pelo Mundial interclubes.
A Fifa trabalhava com a possibilidade de fazer o Mundial no meio de 2005 nos EUA. Porém a posição firme dos clubes europeus em não disputar a competição por problemas de calendário levou a entidade a mudar seus planos.
A comissão organizadora do Mundial, presidida pelo russo Viacheslav Koloskov, determinou que a disputa terá só seis clubes, os seis campeões continentais, e que acontecerá em dezembro de 2005 no Japão. Em 2006, o país-sede do Mundial interclubes receberá novamente o torneio da Fifa devido ao contrato firmado entre Uefa, Conmebol e Toyota.
Os participantes serão sempre campeões vigentes de seus continentes. A segunda edição terá sete partidas em oito dias. Os representantes de Europa e América do Sul, pela tradição dos continentes, entram apenas na semifinal.
Os campeões de África, Ásia, Concacaf e Oceania disputam antes quem pega os cabeças-de-chave (europeus e sul-americanos). Além da decisão, haverá disputa de terceiro e de quinto lugares.
A decisão de ontem deverá ser ratificada no dia 29 de março em Londres pelo Comitê Executivo da Fifa. O presidente da entidade, Joseph Blatter, disse que as mudanças no Mundial de Clubes são "uma mostra de solidariedade no mundo do futebol". O dirigente acredita agora poder convencer os times europeus a jogar a competição, uma vez que o vencedor da Copa dos Campeões já tem por hábito viajar ao Japão no fim do ano para o Mundial interclubes.
Com o novo formato, os times europeus e sul-americanos farão no máximo dois jogos no Mundial de Clubes, não tendo assim muito prejuízo com viagens e com um calendário atribulado.
Na Europa, porém, as notícias das mudanças no Mundial não alteraram, a princípio, a forma como os dirigentes vêem o torneio. "Os clubes europeus foram unânimes, em nosso encontro, em não apoiar qualquer campeonato mundial", disse David Dein, vice-presidente do Arsenal.
Já o presidente da Conmebol, Nicolás Leoz, disse à Folha que questões contratuais podem fazer o Mundial interclubes continuar sendo jogado. "Foi uma surpresa para nós o anúncio da Fifa. Temos contrato com a Uefa e a Dentsu. Haverá Copa Intercontinental [Mundial interclubes] até 2006. São 44 anos de tradição."


Com agências internacionais

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