São Paulo, sexta-feira, 20 de fevereiro de 2004

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BOXE

Decisão unânime

EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL

James "Lights Out" Toney, americano, é o lutador do ano.
Esta semana ele foi apontado como tal pela Associação dos Jornalistas de Boxe dos EUA.
Na semana passada, esta coluna já havia informado que a publicação especializada "The Ring" o selecionou como "lutador do ano" (o que poderá ser confirmado na edição de maio, nas bancas dos EUA em 1º de março).
Toney, 35, obteve tal distinção com base em seus dois únicos combates em 2003: a conquista do cinturão dos cruzadores (até 86,1 kg) da FIB ao superar por pontos Vassilyi Jirov e pelo nocaute registrado sobre Evander Holyfield.
(A boa notícia, ou melhor, constatação, para os brasileiros que gostam de boxe é que ambos os combates contaram com transmissão ao vivo para o Brasil. O primeiro, pelo canal HBO 2, e o segundo, pelo canal Premiere).
Mas, com só duas lutas, Toney mereceu mesmo tal distinção?
Bom, ele superou aquele que vinha sendo reconhecido como o melhor cruzador do momento, o até então invicto Jirov. Na seqüência, o ex-campeão dos médios (até 72,6 kg) bateu na categoria máxima de peso Holyfield, futuro membro do hall da fama.
Foi surpreendente ver o carrancudo, irascível e temperamental Toney voltar a ser campeão após ter ficado "desaparecido" desde seu último título, o dos supermédios da FIB, por quase dez anos.
Como um boxeador de seu nível não teve uma nova chance de disputar um título durante todo esse tempo é difícil de ser justificado.
Dizem que Toney, que dentro do ringue representa um retorno aos lutadores técnicos e aguerridos do passado, não é um bom político. Também, o que esperar do lutador que depois da derrota para Roy Jones Jr., em 1994, foi armado à casa da empresária Jackie Kallen (que será interpretada por Meg Ryan no cinema), a quem culpava por sua derrota?
Ou que afirmou que daria um tiro em seu próprio pai, que abandonou a família quando Toney era criança, caso viesse à sua casa depois que virou campeão. "Posso fazer isso, ele estará invadindo propriedade alheia", resumiu ele.
Outra coisa que atrapalhou Toney durante o período em que ficou sumido foi sua indisciplina fora dos ringues. Ele engordou, não treinava com empenho e por isso perdeu de quem não devia, como o medíocre Drake Thadzi.
Mas há quem acredite que foram mais dignos de ser "lutador do ano" Jones Jr., que se tornou campeão dos pesos-pesados, ou Manny Pacquiao, que bateu o celebrado Marco Antonio Barrera.
Acho que não. Primeiro, o que Jones Jr. ganhou foi só uma fração do título dos pesados ao superar John Ruiz. Se o campeão que Jones Jr. derrotou tivesse sido Lennox Lewis, a conversa seria outra.
Toney é melhor que ele? Não necessariamente. Mas teve o melhor ano e pegou Holyfield, a quem Jones Jr. se recusou a enfrentar.
Para encerrar os argumentos pró-Jones Jr., basta lembrar que foi contestada a sua vitória sobre Antonio Tarver, pelos cinturões dos meio-pesados, no fim do ano.
Já Pacquiao venceu um ótimo rival. Porém só teve uma luta considerada "grande" em 2003.

TV 1
Teve início oficialmente anteontem durante reunião em Nova York a negociação oficial entre representantes de Popó e a rede de TV a cabo norte-americana HBO. O contrato do brasileiro com a concorrente Showtime expirou em 3 de janeiro e informalmente o baiano já vinha conversando com a HBO. Porém, por lei, o campeão dos leves da OMB tinha de dar à Showtime a preferência nas negociações.

TV 2
A HBO Plus exibe na próxima quinta, às 0h, dentro do programa "Boxeo de Oro", disputa do título dos supergalos da OMB, entre os dominicanos Joan "Little Tyson" Guzman e Agapito Sanchez. O grande problema é que o ex-campeão Sanchez não luta desde novembro de 2001, quando empatou com "Pac Man" Pacquiao.

E-mail eohata@folhasp.com.br


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