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FUTEBOL
Pão amanhecido, vinho avinagrado
JUCA KFOURI
COLUNISTA DA FOLHA
Na guerra de desgaste que o
Corinthians move contra a
MSI, a contratação de Marcelinho é só mais um capítulo.
Marcelinho ganhou tudo o que
poderia ganhar pelo Corinthians,
mas seu tempo já passou.
Se um dia foi o "Marcelinho,
pão e vinho", título de um filme
espanhol dos anos 50 -épico/religioso que, na verdade, tinha como personagem um menino chamado Marcelino-, hoje o pão
amanheceu e o vinho avinagrou.
São tempos de Carlitos Tevez.
Uma coisa é o Corinthians, dentro de seu direito, negociar a pendência trabalhista que tem com o
ex-atleta, outra é contratá-lo para jogar no time de profissionais
em vez de no de veteranos.
Não será surpresa se a MSI simplesmente vetar a presença do
ídolo, mesmo sob o risco de ficar
mal com parte da torcida -embora desfrute de consistente capital acumulado com ela.
Porque ou Kia Joorabchian rejeita a provocação ou dá adeus à
sua autoridade sobre o futebol corintiano -coisa que o contrato
da parceria lhe garante.
Aliás, surpreendente tem sido a
manifestação colhida em meu
blog no UOL sobre o assunto.
Um comentário como este lá
publicado, na sexta-feira, tem recebido muito mais opiniões contrárias ao pequeno grande encrenqueiro do que a favor, o que
pode significar que a "Gaviões da
Fiel" (trabalhada pelo marqueteiro nos últimos meses, aí incluída a manifestação no jogo contra
o Brasiliense, no Pacaembu) está
na contramão do sentimento do
torcedor comum, ou, pelo menos,
do mais consciente.
No sábado, esta Folha mostrou
os números da óbvia decadência
de Marcelinho, que, além do
mais, no máximo, poderá ser recebido com resignação por Ricardinho, nunca com entusiasmo.
Enciumado com o prestígio que
Joorabchian angariou entre os
fiéis, Alberto Dualib, não satisfeito em se cercar do que há de pior
dentro do Corinthians (dois
"anões do orçamento" e, agora,
um grandão), busca mais uma
maçã decomposta para ver se diminui sua rejeição entre os alvinegros. Mais: o cartola do "um-zero-zero" quer que a MSI volte a
pagar a mesada que deu ao clube
social durante o ano passado (R$
600 mil por mês), com o que ficará
bem com seu eleitorado da bocha
etc, algo que poderá ser resolvido
nestes dias, em Londres, onde
Dualib está e para onde Joorabchian, contrariado por achar que
deveria permanecer com o time
na Libertadores, embarcaria ontem à noite.
Há, ainda, um interesse não explicitado neste cipoal de comissões sempre nebulosas: a advogada Gislaine Nunes tem como seus
clientes Marcelinho e Luizão.
E por falar em transações nebulosas: quanto tempo mais levará
a Polícia Federal para concluir o
inquérito MSI-Corinthians?
Afinal, as relações com o mafioso russo Boris Berezovski já estão
mais que comprovadas pelos próprios cartolas corintianos.
A demora pega mal, mesmo
porque um dos advogados da
MSI é sobrinho do ministro da
Justiça, chefe da Polícia Federal.
Fácil como nunca
Não é à toa que São Paulo e Corinthians têm feito tantos gols
no Campeonato Paulista. Exceção feita ao Noroeste, que já enfrentou dois grandes (ganhou
do Corinthians com ajuda da
arbitragem, logo na rodada inicial, e perdeu para o Santos), e o
sempre duro São Caetano, os
demais pequenos estão fragílimos. Uma festa para o artilheiro Nilmar, embora o São Paulo
seja o time que dê mais gosto de
ver. O tricolor, por sinal, pode
até não ganhar nada neste ano,
porque futebol é futebol. Mas,
se mantiver o nível, poderá,
também, ganhar tudo o que
disputar. Thiago é um achado,
e Danilo se firmou como um jogador de rara eficácia, tanto na
armação quanto na finalização.
São Paulo e Corinthians são,
com folga, os melhores times
do país.
blogdojuca@uol.com.br
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