|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Governo lança tabela para driblar fraudes
FGV encontra diferenças de até 100% em preços de materiais esportivos
Ferramenta, encomendada pelo Ministério do Esporte, servirá para a produção de orçamentos da pasta e de organizadores de eventos
EDUARDO OHATA
DA REPORTAGEM LOCAL
O mesmo tipo de sunga de
náilon é encontrado no Rio
Grande do Sul por R$ 58,54 e
em Pernambuco por R$ 32,49.
Um aparador de chutes custa
R$ 82 no Distrito Federal e R$
126,14 no mercado gaúcho.
Bloco de saída de natação em
inox oficial custa R$ 1.943,30.
Já o bloco do tipo utilizado na
Olimpíada de Pequim custa
mais que o dobro: R$ 3.959,50.
Essas foram algumas disparidades detectadas pela Fundação Getúlio Vargas ao compilar
base de preços médios de produtos esportivos no país. Segundo técnicos, a lista, encomendada pelo Ministério do
Esporte, servirá para a confecção de orçamentos e será útil
para evitar superfaturamentos.
Mais de 1.200 produtos, que
vão de simples bolas de futebol,
passando por jogos de barreiras
ajustáveis utilizadas em provas
de atletismo, chegando a serviços como a mão de obra para a
montagem de um ringue de boxe, estão contemplados na lista.
A nova ferramenta terá atualização a cada três meses.
A FGV trabalha na construção de um site por meio do qual
será possível consultar os preços. Segundo o ministério, as
informações poderão ser acessadas por quem organiza eventos, caso de prefeituras.
Técnicos do governo federal
já realizam testes a fim de verificar a funcionalidade da lista.
A ideia surgiu depois dos Jogos Pan-Americanos de 2007,
no Rio, quando houve dificuldades na obtenção de preços de
referência de itens esportivos.
""Esse projeto facilitará a
criação de orçamentos de projetos e eventos do Ministério
do Esporte. Trata-se de uma
base de dados de preços de referência de materiais esportivos", argumenta Ricardo de
Oliveira, consultor da FGV.
Apesar de oficialmente a tabela não ter sido criada com o
objetivo específico de prevenir
a ocorrência de superfaturamento, dirigentes do Ministério do Esporte reconhecem que
desempenhará essa função.
""Hoje, quem pede auxílio [do
ministério] para a compra de
materiais volta com um recibo
e pede ressarcimento", explica
Ricardo Leyser, responsável
pelo alto rendimento no Ministério do Esporte. ""De vez em
quando, fica uma sensação de
que um item que custou R$ 200
poderia ter custado R$ 50. A tabela servirá de parâmetro para
verificar se o preço apresentado é justo ou não."
""Acho que o objetivo é identificar se a verba do ministério
está sendo bem administrada,
verificar como está sendo usada", diz Coaracy Nunes, presidente da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos.
A criação da tabela é o primeiro de diversos projetos do
Ministério do Esporte em andamento que têm como objetivo o profissionalismo na gestão
esportiva, a Folha apurou.
Uma dificuldade enfrentada
pela FGV é que muitas confederações não trabalhavam com
as especificações técnicas.
Suas indicações tinham como base as fabricantes dos produtos, o que criava margem para eventuais discrepâncias.
A metodologia da FGV seguiu algumas diretrizes. Para
cada um dos produtos listados
foram pesquisados os preços
de quatro ou cinco marcas.
Com esses dados em mãos,
foram descartados os preços
mais baixos ou mais altos que
pudessem causar distorções.
A pesquisa foi baseada em
especificações técnicas (peso,
material etc.), e não em marcas. E ela foi regionalizada. Foram calculados preços médios
que servirão de valor de referência de cada um dos itens.
Texto Anterior: Curingas são apostas para o clássico Próximo Texto: Frase Índice
|