São Paulo, sexta-feira, 20 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

rede de intrigas

Para ex-general do Pan, segurança vive revanchismo

Em carta, militar que era responsável pela proteção dos Jogos cita disputa entre ministérios da Defesa e da Justiça

Sérgio Rosário critica sua demissão, feita pelo Co-Rio, e contesta a capacidade da Senasp de organizar o setor durante o evento esportivo


MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

O general Sérgio Rosário, que há uma semana foi afastado da chefia da segurança do Pan, criticou o presidente do Co-Rio (Comitê Organizador dos Jogos), Carlos Arthur Nuzman, por retirá-lo do cargo. Rosário tachou a decisão de "revanchismo" contra o Exército.
Em carta enviada ao coronel Luiz Paes Barreto e a colegas militares, à qual a Folha teve acesso, Rosário cita que, em meados de 2006, começaram a surgir ruídos entre a gerência de segurança do Pan, da qual ele fazia parte, a Abin (Agência Brasileira de Inteligência) e a Senasp (Secretaria Nacional de Segurança Pública).
Em 12 itens, Rosário pontua a disputa travada entre os ministérios da Defesa e da Justiça -ao qual a Senasp está vinculada- pela segurança do evento e insinua que a razão para isso é a cifra destinada ao setor pelo governo federal, que gira em torno de R$ 400 milhões.
O general reclama, no documento, da forma como foi demitido, na sexta-feira passada, por Carlos Arthur Nuzman.
"O Nuzman viajou para o exterior, deixou um ofício assinado e não teve a ética de, pessoalmente, poucas horas depois, estar presente ao desligamento", afirma, no documento. Nuzman estava em viagem à China no dia da demissão.
Segundo Rosário, os policiais federais da Senasp (que passa a comandar a segurança do Pan) não têm a experiência necessária num evento desse porte. Para o general, a transferência de atribuição à secretaria nacional não tem respaldo legal.
""Entendo que existem decisões políticas, mas há, salvo melhor juízo, um "cheiro de revanchismo" no tocante à segurança pública, quanto aos militares do EB [Exército Brasileiro]", diz ele na carta.
"O nosso grupo, ainda que pequeno, sem nenhuma vaidade, pela experiência profissional e dedicação de cada um, era dos mais qualificados do Co-Rio", prossegue o general.
Rosário não faz nenhuma referência ao episódio de vazamento à imprensa do veto durante ao Pans de guias cívicos recrutados em favelas. A Senasp preferia manter, por enquanto, em segredo o tema.
Na semana passada, no estádio do Maracanã (zona norte do Rio), diante do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), e de cinco ministros, os guias cívicos recrutados para o Pan se envolveram em agressões.
A carta do general circula em uma rede restrita de oficiais da reserva na internet desde anteontem à noite. O coronel Paes Barreto, a quem é endereçada, era um dos integrantes da equipe afastada pelo Co-Rio.
Rosário foi designado para gerenciar a segurança do Pan em julho de 2003 pelo então ministro da Defesa, o vice-presidente José Alencar.
"Até hoje, não existe nenhum documento legal publicado pela União atribuindo à Senasp esta responsabilidade [segurança do Pan]", escreve o general na carta.


Texto Anterior: Painel FC
Próximo Texto: Outro lado: Co-Rio e Senasp não comentam
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.