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rede de intrigas
Para ex-general do Pan, segurança vive revanchismo
Em carta, militar que era responsável pela proteção dos Jogos cita disputa entre ministérios da Defesa e da Justiça
Sérgio Rosário critica sua demissão, feita pelo Co-Rio, e contesta a capacidade da Senasp de organizar o setor durante o evento esportivo
MARI TORTATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
O general Sérgio Rosário, que
há uma semana foi afastado da
chefia da segurança do Pan, criticou o presidente do Co-Rio
(Comitê Organizador dos Jogos), Carlos Arthur Nuzman,
por retirá-lo do cargo. Rosário
tachou a decisão de "revanchismo" contra o Exército.
Em carta enviada ao coronel
Luiz Paes Barreto e a colegas
militares, à qual a Folha teve
acesso, Rosário cita que, em
meados de 2006, começaram a
surgir ruídos entre a gerência
de segurança do Pan, da qual
ele fazia parte, a Abin (Agência
Brasileira de Inteligência) e a
Senasp (Secretaria Nacional de
Segurança Pública).
Em 12 itens, Rosário pontua
a disputa travada entre os ministérios da Defesa e da Justiça
-ao qual a Senasp está vinculada- pela segurança do evento e
insinua que a razão para isso é
a cifra destinada ao setor pelo
governo federal, que gira em
torno de R$ 400 milhões.
O general reclama, no documento, da forma como foi demitido, na sexta-feira passada,
por Carlos Arthur Nuzman.
"O Nuzman viajou para o exterior, deixou um ofício assinado e não teve a ética de, pessoalmente, poucas horas depois, estar presente ao desligamento", afirma, no documento.
Nuzman estava em viagem à
China no dia da demissão.
Segundo Rosário, os policiais
federais da Senasp (que passa a
comandar a segurança do Pan)
não têm a experiência necessária num evento desse porte. Para o general, a transferência de
atribuição à secretaria nacional
não tem respaldo legal.
""Entendo que existem decisões políticas, mas há, salvo
melhor juízo, um "cheiro de revanchismo" no tocante à segurança pública, quanto aos militares do EB [Exército Brasileiro]", diz ele na carta.
"O nosso grupo, ainda que
pequeno, sem nenhuma vaidade, pela experiência profissional e dedicação de cada um, era
dos mais qualificados do Co-Rio", prossegue o general.
Rosário não faz nenhuma referência ao episódio de vazamento à imprensa do veto durante ao Pans de guias cívicos
recrutados em favelas. A Senasp preferia manter, por enquanto, em segredo o tema.
Na semana passada, no estádio do Maracanã (zona norte
do Rio), diante do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, do
governador do Rio, Sérgio Cabral Filho (PMDB), e de cinco
ministros, os guias cívicos recrutados para o Pan se envolveram em agressões.
A carta do general circula em
uma rede restrita de oficiais da
reserva na internet desde anteontem à noite. O coronel
Paes Barreto, a quem é endereçada, era um dos integrantes da
equipe afastada pelo Co-Rio.
Rosário foi designado para
gerenciar a segurança do Pan
em julho de 2003 pelo então
ministro da Defesa, o vice-presidente José Alencar.
"Até hoje, não existe nenhum documento legal publicado pela União atribuindo à
Senasp esta responsabilidade
[segurança do Pan]", escreve o
general na carta.
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