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Tiro com arco confina seleção em sede militar e vira pioneiro
Sem instalações prontas, Deodoro abriga até amanhã treino de 12 atiradores
CRISTIANO CIPRIANO POMBO
DA REPORTAGEM LOCAL
As instalações esportivas de
tiro com arco para o Pan-2007
ainda estão cruas, mas a modalidade comemora hoje o fato de
ser a primeira e única dos esportes dos Jogos a treinar e a
conviver na sede das provas.
Como parte da preparação
para o evento de julho, a
CBTarco (Confederação Brasileira de Tiro com Arco) mantém confinados até amanhã 12
atiradores, seis homens e seis
mulheres, no Complexo Esportivo Deodoro. "Estrutura da
competição ainda não tem. Mas
montamos um bom local. E o
barulho, as obras e o vaivém do
pessoal até ajudam, pois exigem mais do atleta para manter
a concentração", diz Eros Fauni, diretor técnico da CBTarco.
Ao todo, serão cumpridos 13
dias de concentração e treinos
no local dos Jogos, ação que, segundo o Co-Rio (Comitê Organizador do Pan-07), é pioneira.
Para os atletas, que usam a
estrutura do Exército, o confinamento é válido. "Aqui, esquecemos os problemas e focamos
só o tiro com arco. É diferente
de voltar para casa e ter que lidar com contas a pagar", diz a
paulista Petra Sanches Ruocco.
Os atletas -metade recebe
entre R$ 250 e R$ 500 mensais
da CBTarco e nenhum tira sustento do esporte- treinam em
dois períodos. Pela manhã, no
campo de pólo, até 12h, quando
às vezes almoçam com militares. E à tarde, no campo ou na
academia, até o pôr-do-sol.
Entre as vantagens de estar
em Deodoro está a aclimatação.
"Aqui tem muita árvore, o que
muda o vento e a luz. É importante identificar a condição climática, porque a prova não pára nem com chuva. E, por atuar
em casa, o trunfo nosso é conhecer o local", diz o mineiro
Leonardo Lacerda de Carvalho.
A seleção de tiro com arco
também identificou problemas
que vão além das obras inacabadas. "O som dos carros na av.
Brasil é audível. Eles até gritam: "Acerta o alvo", "Treina,
porque nada aí ficará pronto". É
engraçado. No Pan, creio que a
organização deva reduzir o fluxo dos veículos", diz Petra.
Outro entrave é lidar com a
falta nas aulas e no trabalho.
"Minha faculdade não entende
a ausência. Devia ser como nos
EUA, onde estudante esportista tem respaldo", diz Leonardo,
que cursa o último ano de medicina. A seleção, que abriga fisioterapeuta, jornalista, biólogo, designer gráfica, mecânico e
arquiteta, tem três estudantes.
A modalidade, que ganhou
R$ 456.683,40 de verba da Lei
Piva em 2005 (foi a 23ª entre as
que mais receberam no último
balanço divulgado), até chamou a atenção de militares. Alguns buscaram informações
sobre o tiro com arco. "Com R$
500, é possível começar, pois
não requer, de cara, material
top", afirma Joana Blumenschein, diretora da CBTarco.
Este é o segundo contato da
seleção com o Exército. Em
março, o treino foi no Círculo
Militar de São Paulo. Como naquele confinamento, amanhã,
último dia de treino, dois atletas serão cortados do time, que
voltará a Deodoro em maio. "É
nosso "Big Brother'", fala Petra.
A seleção terá seis atletas no
Pan -o país, em jejum há 24
anos, soma quatro bronzes nos
Jogos- e fará em julho duas decisões. "Para nós, o Mundial, do
dia 8 a 13, vale mais, pois dá vaga na Olimpíada. Mas um pódio
no Pan [do dia 24 a 28] terá
mais visibilidade", diz Eros.
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