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TOSTÃO
Escritores, poetas e o futebol
Escritores, filósofos e artistas
deveriam escrever mais sobre
futebol. Eles enriquecem
muito a crônica esportiva
DE VEZ em quando, jornalistas
de outras áreas, escritores,
poetas, filósofos e artistas escrevem sobre futebol. Alguns fazem
de rotina. Isso é ótimo. Por escreverem muito bem, não terem o olhar
viciado nem conhecerem os clichês,
eles enriquecem a crônica esportiva.
Muitos desses pensadores não entendem de detalhes técnicos e táticos nem querem entender. Isso
também é ótimo.
Nelson Rodrigues tinha fama de
não entender nada de futebol nem
de ver o jogo por causa de uma limitação visual. Mestre Armando Nogueira, que entende muito do assunto e que tem ainda a alma de poeta e
escritor, conta que assistia aos jogos
no Maracanã ao lado de Nelson Rodrigues. Quando acabava a partida,
Nelson segurava Armando pelo braço e perguntava: "Como foi o jogo?".
"Quem foi o craque?".
Nelson Rodrigues ia para a redação do jornal e, com suas delirantes e
espetaculares metáforas, escrevia os
textos mais bonitos que já li sobre
futebol.
As crônicas de Luís Fernando Veríssimo sobre futebol são também
deliciosas. Uma que não esqueço é a
do menino que ganha uma bola de
presente do pai e pergunta: "Onde liga? Tem manual? É em inglês?".
Aprendo também com as colunas
escritas por jornalistas esportivos
que leio diariamente nos principais
jornais brasileiros. Todas vão além
de detalhes técnicos e táticos.
Aprendo ainda com alguns comentários de programas diários de
esportes de rádios e televisões e durante as transmissões de partidas. O
"Linha de Passe" e o "Pontapé Inicial", ambos da ESPN Brasil, são imperdíveis.
Mauro César, Paulo Vinícius Coelho e Paulo Calçade, da ESPN Brasil,
sabem muito de futebol. Paulo Vinícius compete com o Google. Gosto
ainda dos comentários do Flávio
Prado, na rádio Jovem Pan, e do Alberto Helena e do Marco Antônio,
do Sportv. Há outros de que não me
lembro neste momento.
No sonho, as minhas colunas seriam uma mistura de textos de vários colunistas esportivos, de Nelson
Rodrigues, Luís Fernando Veríssimo e Carlos Heitor Cony, que deveria escrever mais sobre futebol.
Acordo e não fico frustrado. Sinto
apenas uma inveja, uma boa e carinhosa inveja.
Tento apenas escrever textos claros, concisos e técnicos. Quase sempre não consigo. Mas ainda vou
aprender. Sou novo. Não tenho orgulho nem vergonha de aprender.
Juca Kfouri, uma das minhas referências na crônica esportiva, disse
que meus textos parecem com os
de Graciliano Ramos. Juca, menos,
menos. Além disso, gosto de adjetivos e palavras bonitas. Graciliano
detestava. Por isso, escreveu: "As palavras existem para dizer, e não para
enfeitar".
Decisões nos Estaduais
Mesmo não tendo nada novo
nem diferente para dizer sobre as
decisões estaduais, preciso falar alguma coisa. Não sei se vai ter hoje
futebol de boa qualidade, mas certamente haverá vários gols, reclamações de todos os lados, polêmicas, violência dentro e fora de campo, muitos erros dos árbitros e auxiliares, tristezas e alegrias.
Estarei ausente por duas semanas. A coluna voltará a ser publicada no dia 7.
Até lá.
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