São Paulo, segunda, 20 de abril de 1998

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BASQUETE
Dirigente diz que time feminino é única coisa positiva do clube, mas equipe pode acabar ao fim do Nacional
Hortência quer gratidão do Fluminense

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

Perfil
Nome Hortência de Fátima Marcari Oliva
Nascimento 23.set.59, em Potirendaba (SP)
Profissão Dirigente de basquete (Fluminense)

"Estou dando a única coisa positiva que o Fluminense tem, mas o presidente não quer me atender. O que é isso?"
Desse modo, a ex-jogadora Hortência, 38, dirigente esportiva desde o primeiro semestre de 96, demonstrou sua revolta com, segundo ela, a falta de atenção do presidente Álvaro Barcellos, 61, em relação ao basquete.
Rebaixado à segunda divisão no último Campeonato Brasileiro de futebol, o nome do Fluminense tem estado recentemente em evidência devido ao sucesso da equipe feminina de basquete, finalista do Campeonato Nacional.
Hortência diz querer chegar a um acordo com a federação do Rio a fim de realizar, em junho, um estadual carioca, mas que precisa do apoio do Fluminense, que conta com o patrocínio da Oceânica (empresa de seguros).
Em entrevista à Folha, Hortência falou da dificuldade em obter patrocínio (já perdeu o da Seara e o da Data Control) em sua carreira como dirigente.

Folha - Para este Nacional feminino, você conseguiu montar dois times fora de São Paulo (no Rio de Janeiro, com o Fluminense, e em Goiás, com o Vila Nova). A experiência deu certo?
Hortência Oliva -
Plantei uma semente no Rio, e acho que valeu. Mas está difícil continuar, porque está difícil arrumar patrocinador. Estou perdendo patrocinadores e não sei se vou conseguir outros. O contrato é de três meses, até o fim do campeonato. Tinha proposta de patrocínio de três anos, mas decidi assinar com o Fluminense. Agora, tento falar com o presidente, mas ele não me atende. Está sempre ocupado.
Folha - Por que acha que isso está acontecendo?
Hortência -
Ele sabe que existe uma pressão para a equipe continuar. A torcida está do nosso lado, mas acho que ele não está a fim. Qual a modalidade que mais deu retorno para o Fluminense neste ano? É a única coisa positiva lá. Quero que todos saibam que se a equipe sair de lá, a culpa é só do presidente. Sei que a Oceânica quer continuar com o basquete, e não quero deixar o basquete morrer no Rio. Depois, em agosto, o Fluminense jogaria em São Paulo. A federação paulista faria um convite para o estadual.
Folha - E em Goiás?
Hortência -
Estou negociando com a Massageol (pomada anestésica, patrocinador) para patrocinar um time no próximo Paulista. Mas é uma empresa nova no mercado, e está com medo de investir e não ter como distribuir o produto em São Paulo. O Vila Nova parece não estar interessado em fazer um trabalho com crianças em Goiás.
Folha - O que fazer para aumentar o interesse das empresas em patrocinar o basquete?
Hortência -
Um time de basquete de alto nível precisa de US$ 1 milhão por ano. A CBB (Confederação Brasileira de Basquete) tem que ajudar a gente, fazer mais contratos com as televisões. É o único caminho: ou bota na TV ou não atrai patrocinador.

Álvaro Barcellos disse à Folha que não pôde atender Hortência telefone por estar em reuniões importantes. "O ideal é manter a equipe, mas não temos no Rio um campeonato à altura dela. E não acho que seja factível o Fluminense disputar o Paulista", afirmou.
Barcellos e Hortência devem finalmente se encontrar hoje à tarde, no Rio, para conversar sobre o futuro da equipe.



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