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BASQUETE
Dirigente diz que time feminino é única coisa positiva do clube, mas equipe pode acabar ao fim do Nacional
Hortência quer gratidão do Fluminense
LUÍS CURRO
da Reportagem Local
Perfil
Nome
Hortência de
Fátima Marcari
Oliva
Nascimento
23.set.59, em
Potirendaba (SP)
Profissão
Dirigente de
basquete
(Fluminense)
"Estou dando a
única coisa positiva que o Fluminense tem, mas o
presidente não
quer me atender.
O que é isso?"
Desse modo, a
ex-jogadora
Hortência, 38,
dirigente esportiva desde o primeiro semestre
de 96, demonstrou sua revolta
com, segundo ela, a falta de atenção do presidente Álvaro Barcellos, 61, em relação ao basquete.
Rebaixado à segunda divisão no
último Campeonato Brasileiro de
futebol, o nome do Fluminense
tem estado recentemente em evidência devido ao sucesso da equipe feminina de basquete, finalista
do Campeonato Nacional.
Hortência diz querer chegar a
um acordo com a federação do Rio
a fim de realizar, em junho, um estadual carioca, mas que precisa do
apoio do Fluminense, que conta
com o patrocínio da Oceânica
(empresa de seguros).
Em entrevista à Folha, Hortência falou da dificuldade em obter
patrocínio (já perdeu o da Seara e
o da Data Control) em sua carreira
como dirigente.
Folha - Para este Nacional feminino, você conseguiu montar dois
times fora de São Paulo (no Rio de
Janeiro, com o Fluminense, e em
Goiás, com o Vila Nova). A experiência deu certo?
Hortência Oliva - Plantei uma
semente no Rio, e acho que valeu.
Mas está difícil continuar, porque
está difícil arrumar patrocinador.
Estou perdendo patrocinadores e
não sei se vou conseguir outros. O
contrato é de três meses, até o fim
do campeonato. Tinha proposta
de patrocínio de três anos, mas decidi assinar com o Fluminense.
Agora, tento falar com o presidente, mas ele não me atende. Está
sempre ocupado.
Folha - Por que acha que isso está acontecendo?
Hortência - Ele sabe que existe
uma pressão para a equipe continuar. A torcida está do nosso lado,
mas acho que ele não está a fim.
Qual a modalidade que mais deu
retorno para o Fluminense neste
ano? É a única coisa positiva lá.
Quero que todos saibam que se a
equipe sair de lá, a culpa é só do
presidente. Sei que a Oceânica
quer continuar com o basquete, e
não quero deixar o basquete morrer no Rio. Depois, em agosto, o
Fluminense jogaria em São Paulo.
A federação paulista faria um convite para o estadual.
Folha - E em Goiás?
Hortência - Estou negociando
com a Massageol (pomada anestésica, patrocinador) para patrocinar um time no próximo Paulista.
Mas é uma empresa nova no mercado, e está com medo de investir e
não ter como distribuir o produto
em São Paulo. O Vila Nova parece
não estar interessado em fazer um
trabalho com crianças em Goiás.
Folha - O que fazer para aumentar o interesse das empresas em
patrocinar o basquete?
Hortência - Um time de basquete de alto nível precisa de US$ 1
milhão por ano. A CBB (Confederação Brasileira de Basquete) tem
que ajudar a gente, fazer mais contratos com as televisões. É o único
caminho: ou bota na TV ou não
atrai patrocinador.
Álvaro Barcellos disse à Folha que
não pôde atender Hortência telefone por estar em reuniões importantes. "O ideal é manter a equipe,
mas não temos no Rio um campeonato à altura dela. E não acho
que seja factível o Fluminense disputar o Paulista", afirmou.
Barcellos e Hortência devem finalmente se encontrar hoje à tarde, no Rio, para conversar sobre o
futuro da equipe.
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