São Paulo, segunda-feira, 20 de maio de 2002

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PARAOLIMPÍADA

Paraolímpicos deixam sede alugada no Rio após serem beneficiados pela Lei Piva e por isenções fiscais
Por poder, comitê muda-se para Brasília

ADALBERTO LEISTER FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

Beneficiado pela Lei Piva, no ano passado, e pela isenção fiscal do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) e do imposto sobre importação de equipamentos, neste ano, o CPB (Comitê Paraolímpico Brasileiro) mudou sua sede para Brasília, onde ficará mais próximo do poder.
A entidade, que anteriormente funcionava em uma acanhada casa alugada, de três quartos, em Niterói, no Rio de Janeiro, instalou-se agora, com sede própria, em um andar inteiro de um prédio na capital federal.
O novo espaço, que fica próximo da Secretaria Nacional de Esporte, custou R$ 1,3 milhão aos cofres do comitê, que ainda está pagando pelas novas instalações.
No ano passado, com a aprovação da Lei Piva, o esporte paraolímpico conseguiu recursos que nunca havia amealhado antes.
Pela nova lei, que entrou em vigor no segundo semestre do ano passado, 2% da arrecadação das loterias federais são destinados ao COB (Comitê Olímpico Brasileiro) e ao CPB, que fica com 15% desse montante.
"Nós estamos nos estruturando para podermos, pela primeira vez na história, fazer um planejamento de nossas atividades", declarou Vital Severino Neto, 51, que assumiu, no começo do ano passado, a presidência do comitê paraolímpico nacional.
"Por isso, achamos melhor vir para Brasília onde teremos um contato maior com o Ministério do Esporte e Turismo, com a Câmara e o Senado, além de ficarmos próximos do Tribunal de Contas da União", completou o dirigente, que pretende inaugurar a nova sede da entidade até o final deste mês.
O TCU será o órgão responsável por fiscalizar a destinação dos recursos distribuídos pela Lei Piva.
Em 2000, ano da Paraolimpíada de Sydney, o CPB teve um orçamento de R$ 5,5 milhões para fazer a preparação da equipe brasileira que foi aos Jogos.
O país conquistou, na Austrália, 22 medalhas -seis de ouro, dez de prata e seis de bronze.
Para a campanha em Sydney-2000, o comitê contou com apenas dois patrocinadores ocasionais. A Petrobras doou R$ 1 milhão, enquanto a Embratel entrou com R$ 300 mil.
O resto das despesas na competição foi financiado pelo Ministério do Esporte.
Atualmente sem parceiros, o CPB conta com os incentivos fiscais para realizar suas atividades.
"A verba da Lei Piva representa quase a totalidade do nosso orçamento", admitiu Andrew Parsons, secretário-geral do comitê.
Em 2001, ano sem grandes competições paraolímpicas, o dinheiro das loterias representou R$ 3,2 milhões para o comitê.
Neste ano, a previsão é que a arrecadação fique entre R$ 7,5 milhões e R$ 8 milhões.
"Vamos montar uma equipe paraolímpica permanente no atletismo, no tênis de mesa, no ciclismo, no halterofilismo e na natação. A idéia é expandir o programa nos próximos anos", contou Parsons.
Um total de 90 atletas paraolímpicos serão beneficiados com uma bolsa de R$ 500 mensais.
Com o incentivo, o CPB espera melhorar a performance brasileira neste ano, que contará com importantes Mundiais, como os de atletismo, ciclismo, basquete, natação, tênis de mesa e judô -alguns garantem vagas ao país para a próxima Paraolimpíada, que será realizada em Atenas, na Grécia, em 2004.
De olho na candidatura do Rio ao Pan-Americano de 2007, a entidade tentará trazer para o Brasil a versão paraolímpica dos Jogos.
"A tendência é que o mesmo país que abrigar o Pan, também seja sede dos Jogos para atletas paraolímpicos", contou Parsons.
O Rio disputa o privilégio com San Antonio, nos Estados Unidos. A escolha da Odepa (Organização Desportiva Pan-Americana) será feita em agosto.



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