São Paulo, domingo, 20 de maio de 2007

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Rombo de clubes cresce 2 vezes mais do que a inflação

Dívida de dez dos maiores times do país aumentou 10,5% apenas no ano passado, contra 3,83% do IGP-M no período

Seis equipes registram mais de R$ 100 milhões de dívidas no final de 2006, sendo o Flamengo o atual líder da lista, com R$ 232,9 milhões


DA REPORTAGEM LOCAL

Dez dos maiores clubes brasileiros devem R$ 1,344 bilhão, segundo os balanços do ano passado. Isso representa crescimento de 10,5% sobre o valor registrado ao final de 2005.
Ou seja, o aumento do débito equivale a 2,7 vezes o Índice Geral de Preços de Mercado (IGP-M) do ano passado, que foi de 3,83%, considerando que foram acrescentados R$ 128 milhões aos passivos (obrigações a serem pagas) dos times.
Dos 10 clubes, 6 registravam débitos acima de R$ 100 milhões no final de 2006: Atlético-MG, Botafogo, Flamengo, Grêmio, Santos e Vasco. Com o caso do atacante Nilmar em 2007 -que gera dívida de R$ 22 milhões-, o Corinthians também ultrapassa hoje o patamar.
Os compromissos fiscais representam a maior fatia das pendência dos clubes. Quem amarga o maior débito é o Flamengo: são R$ 232,9 milhões, um aumento de R$ 17 milhões. Entre os rubro-negros, mais da metade do montante devedor é relacionado a tributos públicos.
Assim, superou o Botafogo, que totaliza um débito de R$ 216,8 milhões. O clube alvinegro verificou uma redução na dívida, mas também tem pendências com o governo.
Ao contrário dos débitos com TV, federações e atletas, as dívidas fiscais não geram dependência financeira, pois o governo não faz exigências aos cartolas. Mas podem gerar penhoras de rendas e bens.
O estádio Olímpico, por exemplo, serve como garantia para os débitos dos gremistas. Mas a diretoria do clube gaúcho tenta resolver outras pendências, vinculadas a entidades privadas. "Tínhamos pendências com outros clubes. Resolvemos com alguns, como o Palmeiras. Assim, pudemos voltar a negociar com eles", contou o presidente do Grêmio, Paulo Odone.
O clube formou grupo de credores que recebe parte da rendas, como a venda de atletas.
No São Paulo, o aumento do passivo- chegou a R$ 75,9 milhões- foi gerado por acordo para parcelar dívidas com o governo e por crescimento do gasto com o elenco. O clube aceitou pagar R$ 11,4 milhões em impostos, em troca de abatimento de R$ 4,7 milhões.
Do total de compromissos do São Paulo, cerca de um terço, R$ 22 milhões, é com contratos de direitos de imagem com atletas do elenco. "A finalidade do clube é esportiva, não de dar lucro. Investimos mais se temos receita", justificou João Paulo de Jesus Lopes, consultor da presidência do clube.
Com a menor dívida dos dez clubes, o Palmeiras viu seu débito saltar 66,3%. O valor chegou a R$ 48,7 milhões.
O Inter não publicou suas contas até 30 de abril, como manda a Lei Pelé. "Nosso balanço está pronto, mas o Conselho Fiscal, que é opositor, não deu parecer", disse o vice Mário Sérgio Silva. A reportagem não obteve os dados do balanço do Fluminense.0 (RODRIGO MATTOS)


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