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FUTEBOL
Pesquisa realizada em Ozoir, sede da seleção, mostra que maioria das pessoas é contrária à presença do Brasil
Brasileiros são malvistos por anfitriões
JOÃO CARLOS ASSUMPÇÃO
MÁRIO MAGALHÃES
enviados especiais a Ozoir-la-Ferrière
A maioria dos
habitantes de
Ozoir-la-Ferrière, cidade da periferia de Paris
que irá abrigar
os treinos da seleção brasileira, não vê com bons
olhos a chegada do time de Zagallo, marcada para sexta-feira.
Pesquisa encomendada pela Câmara Municipal de Ozoir aponta
que 51% de seus habitantes estão
insatisfeitos por receber a seleção.
Dos 426 moradores entrevistados entre 25 de abril e 7 de maio,
33% mostraram-se contentes com
a vinda dos brasileiros, 14%, indiferentes, e 2% ou não tinham opinião formada ou preferiram não
responder.
Entre os contrários à vinda do
Brasil, 26% deram, como explicação, a confusão que será provocada no trânsito. A partir de sexta,
quando os brasileiros chegarem à
França, só poderão circular em
Ozoir veículos que tiverem um
passe especial. Cada carro que entrar na cidade terá de passar por
uma barreira policial.
Além do problema de trânsito,
encontrar vaga na rua em horários
de treinos do Brasil virará tarefa
das mais árduas.
Dos entrevistados, todos indivíduos com pelo menos 16 anos de
idade, 23% citaram a perda do sossego noturno, quando deverão
acontecer as festas dos brasileiros,
e 18%, o aumento dos preços no
comércio local, como principais
fatores negativos de a cidade abrigar os treinos da seleção.
Dos que estão gostando de receber o Brasil, 26% disseram que
Ozoir passará a ser conhecida internacionalmente, 25% lembraram que os comerciantes da região
aumentarão seu faturamento e
22% citaram as festas, que deixarão a cidade mais animada.
Ozoir tem 22 mil habitantes.
Briga política
A possibilidade de a Prefeitura
de Ozoir ter prejuízo com a vinda
da seleção tornou-se um dos principais temas de discussão na Câmara Municipal.
Vereadores da oposição reclamam que a cidade investiu quase
US$ 1 milhão a fundo perdido para receber os brasileiros.
O prefeito Jacques Loyer, do
Partido Socialista, nega que haverá prejuízo. "Teremos várias fontes de receita, como as tribunas
vip, os produtos Ozoir-Brasil,
criados especialmente para o
evento, e o aumento de faturamento com o comércio."
Loyer cita ainda como exemplo
Los Gatos, cidade norte-americana que ficou conhecida por abrigar o Brasil na Copa-94, dizendo
que isso acontecerá com Ozoir.
A oposição, no entanto, não se
convence. "Só no gramado do estádio (dos Três Pinheiros, onde
treinará a seleção), foram gastos
mais de US$ 35 mil que não estavam no orçamento", reclama o
vereador Jean-François Oneto.
Se, de fato, a prefeitura tiver prejuízo, Jacques Loyer tentará cobri-lo com aumento dos impostos
de habitação, construção e terrenos não ocupados.
"Será um absurdo, porque no
ano passado, sem o Brasil em
Ozoir, esses impostos já subiram
mais de 3%", protesta Gilbert Philibert, líder da oposição.
Durante a estada do Brasil em
Ozoir, porém, o prefeito quer evitar polêmica.
"Esqueçamos durante um mês e
meio aquilo que nos separa e mostremo-nos dignos da honra que
nos foi concedida de receber a seleção campeã do mundo", apelou
Loyer.
Seus opositores, apesar de terem
aceitado o pedido de trégua, prometem voltar ao ataque depois de
terminada a Copa.
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