São Paulo, quarta-feira, 20 de junho de 2001

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NEGÓCIOS

No primeiro acordo da era "pós-CPI", braço esportivo da emissora estuda venda de 49% de suas ações para o IMG

Globo negocia com gigante do marketing

FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL

JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC

O IMG (International Management Group), a maior empresa de marketing esportivo do mundo, negocia a compra de 49% das ações da Globo Esportes, braço das Organizações Globo.
O grupo, com sede em Cleveland (EUA), está disposto a pagar US$ 50 milhões para se associar à segunda maior agência do país.
Embora as partes não admitam falar abertamente sobre o assunto, o acordo está praticamente fechado. Contatada pela Folha, a filial do IMG no Brasil não nega a existência da negociação, mas evita comentar ou dar detalhes.
Mais do que um acordo entre duas empresas de marketing, o negócio significa a volta dos investimentos estrangeiros ao esporte do país. A negociação Globo-IMG é a primeira desde a criação de duas CPIs no Congresso para investigar o futebol brasileiro, em outubro de 2000.
Desde então, os investimentos, que começaram a se intensificar em 1999 com a parceria HMTF-Corinthians, despencaram.
A associação com o IMG coloca a Globo Esportes, responsável por negociar pela Globo os direitos de transmissão das principais competições esportivas do Brasil, em condições de tirar da Traffic o status de maior agência de marketing do país -a empresa de J. Hawilla é parceira da Fifa, da Confederação Sul-Americana e da CBF.
A Globo Esportes investe US$ 250 milhões por ano no setor, que nos últimos meses enfrenta crise.
Em um ano, o modelo de parceria de clubes brasileiros com fundos estrangeiros foi colocado em xeque. Grêmio e Flamengo, que anunciaram acordos milionários com a ISL, viram seus projetos ruírem junto com a decretação da falência da sócia da Fifa na Suíça.
O Vasco, do deputado Eurico Miranda (PPB-RJ), também viu fazer água seu projeto com o Bank of America. O grupo norte-americano e o clube romperam, após divergências sobre investimentos, principalmente no propalado "projeto olímpico" de Eurico.
O único sobrevivente do modelo foi o HMTF, que acabou fechando também com o Cruzeiro.
O início das CPIs em Brasília coincidiu com a pior fase financeira da história dos clubes. No Brasil, são poucos os times que estão em dia com seus jogadores - entre os "grandes", estão entre as exceções Corinthians, Palmeiras, São Paulo, Cruzeiro, Vitória e Fluminense. No Rio, a situação chegou a tal ponto que os jogadores do Flamengo, sem salários há três meses, ameaçaram greve. No Sul, o Grêmio, campeão da Copa do Brasil, teve até telefones cortados.
Segundo a cúpula do esporte no país, a conclusão de pelo menos uma das CPIs -a da CBF/Nike, na Câmara, foi encerrada na semana passada- colocará um ponto final no "pesadelo" que o esporte vive há quase um ano.
O acordo entre a Globo Esportes e o IMG foi costurado no exterior. Apesar de o grupo ter uma filial em São Paulo, o principal executivo da Globo Esportes, Marcelo de Campos Pinto, viajou aos Estados Unidos para acertas os valores e condições do contrato.
Esta não é a primeira vez que o IMG tenta fincar os pés no país.
No início de 1999, o grupo norte-americano chegou a assinar um protocolo de intenções com a Traffic. O acordo só não foi concretizado porque a ISL, parceira da Fifa como a empresa de J. Hawilla, mostrou-se contrária à negociação. No mercado mundial, a agência suíça era a maior concorrente do IMG no setor.
Até a conclusão desta edição, Campos Pinto não foi encontrado para comentar a negociação.


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