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NEGÓCIOS
No primeiro acordo da era "pós-CPI", braço esportivo da emissora estuda venda de 49% de suas ações para o IMG
Globo negocia com gigante do marketing
FERNANDO MELLO
DA REPORTAGEM LOCAL
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DO PAINEL FC
O IMG (International Management Group), a maior empresa de
marketing esportivo do mundo,
negocia a compra de 49% das
ações da Globo Esportes, braço
das Organizações Globo.
O grupo, com sede em Cleveland (EUA), está disposto a pagar
US$ 50 milhões para se associar à
segunda maior agência do país.
Embora as partes não admitam
falar abertamente sobre o assunto, o acordo está praticamente fechado. Contatada pela Folha, a filial do IMG no Brasil não nega a
existência da negociação, mas evita comentar ou dar detalhes.
Mais do que um acordo entre
duas empresas de marketing, o
negócio significa a volta dos investimentos estrangeiros ao esporte do país. A negociação Globo-IMG é a primeira desde a criação de duas CPIs no Congresso
para investigar o futebol brasileiro, em outubro de 2000.
Desde então, os investimentos,
que começaram a se intensificar
em 1999 com a parceria HMTF-Corinthians, despencaram.
A associação com o IMG coloca
a Globo Esportes, responsável por
negociar pela Globo os direitos de
transmissão das principais competições esportivas do Brasil, em
condições de tirar da Traffic o status de maior agência de marketing do país -a empresa de J. Hawilla é parceira da Fifa, da Confederação Sul-Americana e da CBF.
A Globo Esportes investe US$
250 milhões por ano no setor, que
nos últimos meses enfrenta crise.
Em um ano, o modelo de parceria de clubes brasileiros com fundos estrangeiros foi colocado em
xeque. Grêmio e Flamengo, que
anunciaram acordos milionários
com a ISL, viram seus projetos
ruírem junto com a decretação da
falência da sócia da Fifa na Suíça.
O Vasco, do deputado Eurico
Miranda (PPB-RJ), também viu
fazer água seu projeto com o Bank
of America. O grupo norte-americano e o clube romperam, após
divergências sobre investimentos,
principalmente no propalado
"projeto olímpico" de Eurico.
O único sobrevivente do modelo foi o HMTF, que acabou fechando também com o Cruzeiro.
O início das CPIs em Brasília
coincidiu com a pior fase financeira da história dos clubes. No
Brasil, são poucos os times que estão em dia com seus jogadores -
entre os "grandes", estão entre as
exceções Corinthians, Palmeiras,
São Paulo, Cruzeiro, Vitória e Fluminense. No Rio, a situação chegou a tal ponto que os jogadores
do Flamengo, sem salários há três
meses, ameaçaram greve. No Sul,
o Grêmio, campeão da Copa do
Brasil, teve até telefones cortados.
Segundo a cúpula do esporte no
país, a conclusão de pelo menos
uma das CPIs -a da CBF/Nike,
na Câmara, foi encerrada na semana passada- colocará um
ponto final no "pesadelo" que o
esporte vive há quase um ano.
O acordo entre a Globo Esportes e o IMG foi costurado no exterior. Apesar de o grupo ter uma filial em São Paulo, o principal executivo da Globo Esportes, Marcelo de Campos Pinto, viajou aos
Estados Unidos para acertas os
valores e condições do contrato.
Esta não é a primeira vez que o
IMG tenta fincar os pés no país.
No início de 1999, o grupo norte-americano chegou a assinar
um protocolo de intenções com a
Traffic. O acordo só não foi concretizado porque a ISL, parceira
da Fifa como a empresa de J. Hawilla, mostrou-se contrária à negociação. No mercado mundial, a
agência suíça era a maior concorrente do IMG no setor.
Até a conclusão desta edição,
Campos Pinto não foi encontrado
para comentar a negociação.
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