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QUARTAS/ AMANHÃ
Projeto rejuvenesce time, que usa sangue novo contra o Brasil
Fábrica inglesa de talentos vê maior teste para suas crias
PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A SEUL
Quando o lateral-esquerdo Ashley Cole, destaque da seleção inglesa na Copa-2002, nasceu, John
Lennon já havia sido assassinado,
Charles e Diana estavam na véspera de se casar e Margaret Thatcher já havia dado início à sua revolução liberal.
Cole, 21, é só um dos representantes da nova geração do futebol
inglês, que vai enfrentar o Brasil
nas quartas-de-final do Mundial.
Nenhuma das oito seleções que
restam na competição aposta tanto no sangue novo quanto a comandada pelo sueco Sven Goran
Eriksson. Além de Cole, são mais
quatro jogadores nascidos nos
anos 80 (o zagueiro Bridge, 21, os
meias Hargreaves, 21, e Joe Cole,
20, e o atacante Vassel, 22). Além
desses, o time tem outros cinco
atletas com menos de 24.
A Alemanha, por exemplo, tem
dois jogadores que nasceram nos
anos 80, assim como o Brasil. A
Turquia ostenta apenas um.
Além disso, na Inglaterra, jogadores jovens não estão no Mundial apenas para ganhar experiência, como fez o Brasil em 1994,
com Ronaldo, e agora, com Kaká.
Toda a geração dos anos 80 convocada entrou em campo na primeira fase, antes de a equipe garantir a classificação às oitavas.
Em alguns momentos, Eriksson
chegou a colocar três da geração
anos 80 ao mesmo tempo no time,
que ainda está invicto na Copa.
A turma "olímpica" teve papel
ainda mais decisivo. Contra a Dinamarca, já pela segunda fase, os
dois primeiros gols ingleses foram marcados por Rio Ferdinand, 23, e Owen, 22. O último foi
marcado por Heskey, que completou 24 anos em janeiro.
Owen, aliás, foi quem marcou o
início do rejuvenescimento da seleção de seu país, tradicional reduto de veteranos na Europa. Em
98, na França, ele e Rio Ferdinand
eram os únicos com menos de 23
anos. Seu bom desempenho -fez
um gol antológico contra a Argentina- incentivou a substituição de veteranos pelos jovens.
Na Copa da França, a Inglaterra
tinha 11 jogadores com mais de 30
anos. Agora, são apenas seis.
Desses, quatro não jogaram um
minuto sequer no Mundial. O
único trintão com vaga de titular é
o goleiro David Seaman, 38, um
dos "vovôs" da Copa.
Juventude, na Inglaterra, não é
sinônimo de inexperiência. Mesmo com vários jogadores sem vivência em Copas, o time não perde o controle. Segundo o Datafolha, a equipe registra, ao lado do
Brasil, a segunda menor média de
faltas cometidas por partida -13.
O número de cartões também é
baixo, tanto que a Inglaterra só recebeu quatro amarelos até aqui.
A nova cara inglesa é fruto de
um projeto de longo prazo da federação de futebol do país.
A entidade tem um programa
que, ao descobrir jovens talentosos, muda a vida desses garotos,
que são colocados em regime de
concentração em modernos centros de treinamento.
"Eu sou fruto desse programa.
Eles me ajudaram até na assinatura do meu contrato com o time de
Southampton, há quatro anos",
afirma o zagueiro Bridge.
Para Emile Heskey, outro que
passou pelo programa e hoje brilha no Liverpool, esse trabalho
tem outras funções.
"Eles procuram formar não
apenas jogadores, mas cidadãos.
Somos instruídos a falar em público, a dar entrevistas, a comentar outros assuntos que não estão
ligados ao futebol e a ter interesse
por outras coisas também, até para o dia em que encerrarmos a
carreira de atleta. É genial."
Colaborou João Carlos Assumpção,
enviado especial a Tsuna
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