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JOSÉ ROBERTO TORERO
2002, a Copa de Fulano de Tal
Várias Copas tiveram
um craque que lhes servem de resumo, de símbolo. 58 foi a Copa de Pelé, 62, a
de Garrincha, 82, a de Paolo
Rossi, 86, a de Maradona, 94, a
de Romário, e 98, a de Zidane.
Daqui a décadas, como chamaremos a Copa de 2002?
Eu esperava muito de Figo,
Verón e Totti. Mas os três já foram para casa. E não deixaram
saudade. Zidane, coitado, mal
entrou em campo. Mas há suplentes muito interessantes.
Um deles é Beckham, o eixo
do time inglês. É um jogador
que sempre faz o que há de mais
racional a fazer, e o faz com perfeição. É um apolíneo. Outro é
Diouf, do Senegal, grande driblador, que faz sempre o inesperado. Um dionisíaco.
Correndo por fora viria o nosso Ronaldo, que, mesmo atuando em espaços curtos e sofrendo
uma marcação impiedosa, vem
fazendo dribles, passes e gols.
Para ser o símbolo de uma
Copa, porém, não basta ser o
melhor jogador do torneio ou
seu artilheiro. Há que ser o
campeão. Cruyff, por exemplo,
reinou em 74, mas, como foi
derrotado pela Alemanha,
aquela Copa ficou sendo mais
de Beckenbauer do que do holandês. E ninguém fala de 54 como a Copa de Puskas.
Curiosamente, a glorificação
do indivíduo depende do sucesso do grupo. Só o título permite
que uma Copa seja chamada de
Copa de Fulano de Tal.
E quem será o craque de 2002?
Eu, por enquanto, acho que será
a Copa de Beckham. Mas torço
para amanhã já estar errado.
torero@uol.com.br
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