São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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JOSÉ ROBERTO TORERO

2002, a Copa de Fulano de Tal

Várias Copas tiveram um craque que lhes servem de resumo, de símbolo. 58 foi a Copa de Pelé, 62, a de Garrincha, 82, a de Paolo Rossi, 86, a de Maradona, 94, a de Romário, e 98, a de Zidane.
Daqui a décadas, como chamaremos a Copa de 2002?
Eu esperava muito de Figo, Verón e Totti. Mas os três já foram para casa. E não deixaram saudade. Zidane, coitado, mal entrou em campo. Mas há suplentes muito interessantes.
Um deles é Beckham, o eixo do time inglês. É um jogador que sempre faz o que há de mais racional a fazer, e o faz com perfeição. É um apolíneo. Outro é Diouf, do Senegal, grande driblador, que faz sempre o inesperado. Um dionisíaco.
Correndo por fora viria o nosso Ronaldo, que, mesmo atuando em espaços curtos e sofrendo uma marcação impiedosa, vem fazendo dribles, passes e gols.
Para ser o símbolo de uma Copa, porém, não basta ser o melhor jogador do torneio ou seu artilheiro. Há que ser o campeão. Cruyff, por exemplo, reinou em 74, mas, como foi derrotado pela Alemanha, aquela Copa ficou sendo mais de Beckenbauer do que do holandês. E ninguém fala de 54 como a Copa de Puskas.
Curiosamente, a glorificação do indivíduo depende do sucesso do grupo. Só o título permite que uma Copa seja chamada de Copa de Fulano de Tal.
E quem será o craque de 2002? Eu, por enquanto, acho que será a Copa de Beckham. Mas torço para amanhã já estar errado.

torero@uol.com.br



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