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AÇÃO
De fã a ídolo
CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA
"Essa grana não podia vir
em melhor hora, estava
precisando arrumar minha casa e
cheio de dívidas, mas o mais importante é mesmo o título."
Assim reagiu o pernambucano
radicado no Rio Eraldo Gueiros à
notícia de que vencera o Big Trip,
concurso que há quatro anos premia o surfista brasileiro que correr a maior onda da temporada.
Ele já havia sido finalista nas
duas primeiras edições, e, no ano
passado, quando se dedicou quase que exclusivamente ao surfe de
tow-in (com ajuda de jet-ski), que
não é permitido no concurso, ficou de fora.
Acabou sendo um dos juízes
que, pelo terceiro ano consecutivo, deu a vitória do Big Trip a Rodrigo Resende.
Este ano os papéis se inverteram. Quem não pôde inscrever
nenhuma onda no concurso foi
Rodrigo, que junto com seu companheiro de dupla, o havaiano
Garret McNamara, Ricardo Bocão, Romeu Bruno, e outros sete
juízes, por unanimidade, elegeram a onda de Eraldo.
Entre as três ondas finalistas,
Eraldo e Carlos Burle figuravam
em duas, uma de cada e uma na
qual desceram juntos.
A que permitiu engordar a conta de Eraldo em R$ 30 mil, foi surfada em Mavericks (Califórnia),
pouco antes de os dois trocarem o
equipamento de remada pelo de
tow-in e surfarem algumas das
maiores ondas da história.
Burle, ao ver Eraldo completando essa onda, teria dito que ele
venceria o Big Trip com ela.
Era novembro e a temporada
mal havia começado, mas Burle
acertou. Eraldo, Burle e Rodrigo
fazem parte de um grupo extremamente restrito de surfistas que
vive em função de desafiar as
maiores ondas do planeta.
Eles são os principais responsáveis pelo atual reconhecimento
dos big riders brasileiros no cenário internacional.
Um reconhecimento que desde
a década de 70, quando os ""Brazilian Nuts" encararam as primeiras temporadas no Havaí, vem
sendo conquistado à custa de
muita água salgada engolida e de
superar a resistência imposta pelos locais havaianos, além dos
americanos e australianos.
Prestigiar e estimular esses talentosos atletas foi o maior incentivo para a realização do Big Trip.
Outros tantos brasileiros vão seguindo o rastro desses e, muito
provavelmente, em breve teremos
mais fãs virando ídolos.
Durante o julgamento, realizado segunda-feira, veio à tona a
borbulhante discussão de incluir
ou não o tow-in no concurso.
Duas razões principais fizeram
com que se mantivesse restrito às
ondas alcançadas com a propulsão física, na remada, até hoje: o
aspecto da tradição que envolve o
esporte e, principalmente, a limitação que seria imposta à maioria dos surfistas, que não tem estrutura nem equipamentos necessários para surfe com auxílio do
jet-ski.
Uma questão financeira que infelizmente ainda impede muitos
talentos até mesmo de viajar
atrás dos grandes swells.
Estes, talvez, sejam os maiores
interessados e merecedores de um
prêmio como aquele que o Big
Trip distribui.
A decisão sem dúvida foi difícil.
Ao optar pelo surfe convencional, o concurso abriu mão de ondas maiores e, portanto, com
maior impacto para divulgação e
consequente repercussão.
Snowboard
Será nos dias 31 de julho, 1º e 2 de agosto, em Valle Nevado, no Chile, a oitava edição do Brasileiro. Outras três provas sul-americanas
e uma etapa do World Cup completam o calendário do Cone Sul.
Gás no surfe
Depois de anunciar o patrocínio do Super Trials Feminino, com
três etapas que homenageiam Débora Farah e valem vagas no Circuito Brasileiro, e de duas etapas do Brasileiro de longboard, a Petrobrás confirma a realização de uma prova do WQS, o Mundial de
acesso, nível quatro estrelas, em Florianópolis, em outubro.
Feira
Começa terça-feira no Centro de Exposições Imigrantes, em SP, a
Surf & Beach Show, que reúne empresas de moda, acessórios e
equipamentos do setor. Haverá ainda workshops e cursos sobre
meio ambiente, tow-in, pranchas e salvamento aquático.
E-mail sarli@revistatrip.com.br
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