São Paulo, quinta-feira, 20 de junho de 2002

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AÇÃO

De fã a ídolo

CARLOS SARLI
COLUNISTA DA FOLHA

"Essa grana não podia vir em melhor hora, estava precisando arrumar minha casa e cheio de dívidas, mas o mais importante é mesmo o título."
Assim reagiu o pernambucano radicado no Rio Eraldo Gueiros à notícia de que vencera o Big Trip, concurso que há quatro anos premia o surfista brasileiro que correr a maior onda da temporada.
Ele já havia sido finalista nas duas primeiras edições, e, no ano passado, quando se dedicou quase que exclusivamente ao surfe de tow-in (com ajuda de jet-ski), que não é permitido no concurso, ficou de fora.
Acabou sendo um dos juízes que, pelo terceiro ano consecutivo, deu a vitória do Big Trip a Rodrigo Resende.
Este ano os papéis se inverteram. Quem não pôde inscrever nenhuma onda no concurso foi Rodrigo, que junto com seu companheiro de dupla, o havaiano Garret McNamara, Ricardo Bocão, Romeu Bruno, e outros sete juízes, por unanimidade, elegeram a onda de Eraldo.
Entre as três ondas finalistas, Eraldo e Carlos Burle figuravam em duas, uma de cada e uma na qual desceram juntos.
A que permitiu engordar a conta de Eraldo em R$ 30 mil, foi surfada em Mavericks (Califórnia), pouco antes de os dois trocarem o equipamento de remada pelo de tow-in e surfarem algumas das maiores ondas da história.
Burle, ao ver Eraldo completando essa onda, teria dito que ele venceria o Big Trip com ela.
Era novembro e a temporada mal havia começado, mas Burle acertou. Eraldo, Burle e Rodrigo fazem parte de um grupo extremamente restrito de surfistas que vive em função de desafiar as maiores ondas do planeta.
Eles são os principais responsáveis pelo atual reconhecimento dos big riders brasileiros no cenário internacional.
Um reconhecimento que desde a década de 70, quando os ""Brazilian Nuts" encararam as primeiras temporadas no Havaí, vem sendo conquistado à custa de muita água salgada engolida e de superar a resistência imposta pelos locais havaianos, além dos americanos e australianos.
Prestigiar e estimular esses talentosos atletas foi o maior incentivo para a realização do Big Trip.
Outros tantos brasileiros vão seguindo o rastro desses e, muito provavelmente, em breve teremos mais fãs virando ídolos.

Durante o julgamento, realizado segunda-feira, veio à tona a borbulhante discussão de incluir ou não o tow-in no concurso.
Duas razões principais fizeram com que se mantivesse restrito às ondas alcançadas com a propulsão física, na remada, até hoje: o aspecto da tradição que envolve o esporte e, principalmente, a limitação que seria imposta à maioria dos surfistas, que não tem estrutura nem equipamentos necessários para surfe com auxílio do jet-ski.
Uma questão financeira que infelizmente ainda impede muitos talentos até mesmo de viajar atrás dos grandes swells.
Estes, talvez, sejam os maiores interessados e merecedores de um prêmio como aquele que o Big Trip distribui.
A decisão sem dúvida foi difícil.
Ao optar pelo surfe convencional, o concurso abriu mão de ondas maiores e, portanto, com maior impacto para divulgação e consequente repercussão.

Snowboard
Será nos dias 31 de julho, 1º e 2 de agosto, em Valle Nevado, no Chile, a oitava edição do Brasileiro. Outras três provas sul-americanas e uma etapa do World Cup completam o calendário do Cone Sul.

Gás no surfe
Depois de anunciar o patrocínio do Super Trials Feminino, com três etapas que homenageiam Débora Farah e valem vagas no Circuito Brasileiro, e de duas etapas do Brasileiro de longboard, a Petrobrás confirma a realização de uma prova do WQS, o Mundial de acesso, nível quatro estrelas, em Florianópolis, em outubro.

Feira
Começa terça-feira no Centro de Exposições Imigrantes, em SP, a Surf & Beach Show, que reúne empresas de moda, acessórios e equipamentos do setor. Haverá ainda workshops e cursos sobre meio ambiente, tow-in, pranchas e salvamento aquático.

E-mail sarli@revistatrip.com.br



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