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São Paulo, sexta-feira, 20 de junho de 2003

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Alterações de treinador não surtem efeito; camaroneses fazem história e deixam pentacampeões em situação delicada na Copa das Confederações

Parreira falha, e seleção perde a 1ª para africanos

Paulo Whitaker/Reuters
Carlos Alberto Parreira deixa o gramado do Stade de France, enquanto a seleção de Camarões festeja a vitória sobre o Brasil


PAULO COBOS
ENVIADO ESPECIAL A PARIS

Para Carlos Alberto Parreira, uma equipe, para ser boa, precisa marcar e atacar com eficiência.
Ontem, na estréia da seleção brasileira na Copa das Confederações, seu time não fez nada disso. Novamente com um ataque sofrível e, desta vez, uma defesa vulnerável, o Brasil perdeu para Camarões por 1 a 0 no Stade de France.
Como a Turquia venceu os EUA por 2 a 1, a seleção ocupa a lanterna do Grupo 2 no primeiro torneio oficial da nova era Parreira.
Foi a primeira derrota de um time principal brasileiro para uma equipe africana (o país já havia fracassado contra rivais desse continente em Olimpíadas, mas havia vencido todos os 18 jogos anteriores com a seleção adulta).
"Já sabíamos que esse jogo seria difícil, pela qualidade e experiência que Camarões tem. Eles mereceram a vitória", disse Parreira, que viu seu time piorar depois das únicas substituições que fez -Ilan no lugar de Adriano no ataque, e Adriano Souza no posto de Kléberson no meio-campo.
O que aconteceu ontem na volta do time nacional ao palco da final da Copa-98, quase cinco anos depois, na verdade, foi uma reprise das outras escalas pelo planeta na terceira era Parreira na seleção.
Desde que assumiu, em janeiro, o técnico colocou o time para jogar cinco vezes. Nesses confrontos, viu a seleção marcar só quatro vezes (média pífia de 0,8 gol por partida) e vencer só em uma oportunidade, contra a Nigéria. O que mudou contra Camarões foi a atuação da defesa, que até então havia levado dois gols.
O jogo começou morno. O primeiro lance que fez a torcida se manifestar não teve nada de belo. Em uma dividida, o atacante Adriano levantou demais o pé e atingiu a cabeça do rival Ndoumbe. Quando os telões do estádios mostraram o sangue correndo na cabeça do camaronês (o que continuou até o segundo tempo), fortes vaias foram endereçadas ao jogador brasileiro.
Com a bola rolando, algo de interessante ocorreu aos 19min. Depois de arrancada de Lúcio, a defesa de Camarões tentou sair jogando e falhou. A bola sobrou para Adriano, que chutou forte, mas não venceu o goleiro Kameni.
Sem conseguir encontrar espaço para penetrar, os africanos só ameaçaram depois de falhas individuais dos brasileiros. Uma delas aconteceu aos 31min, quando Belletti perdeu a bola no meio-campo e deu espaço para Idrissou cruzar para Foe, que cabeceou forte, mas no centro do gol.
O primeiro tempo se arrastava para acabar sem um lance digno de se lembrar quando, já nos acréscimos, Kléberson, destaque brasileiro, tocou para o até então apagado Ronaldinho, que dominou, correu por quase todo o campo rival e tocou com categoria na saída do goleiro, mas viu a bola sair rente à trave esquerda.
O segundo tempo começou ainda mais monótono. Emoção de verdade só aos 17min, novamente com Camarões, mas mais uma vez Dida salvou a seleção.
Cansado de ver seu time concentrando as jogadas pela esquerda, Parreira sacou Adriano, um dos cinco canhotos do Brasil, e colocou o destro Ilan.
A alteração, assim como a entrada de Adriano Souza no lugar de Kléberson, não deu resultado. Camarões continuou melhor e marcou o gol da vitória aos 37min. Após saída de bola de Dida, Lúcio e Juan falharam. Eto'o chutou forte, de fora da área, no ângulo de Dida, adiantado.
Desarrumado, o Brasil foi ao ataque, mas só levou perigo real aos 47min, em forte chute de Belletti. Logo depois, entretanto, Camarões, em rápido contra-ataque, perdeu grande chance de conseguir uma vitória mais dilatada diante dos brasileiros.
Hoje, a seleção viaja para Saint-Étienne, onde fica concentrada para a partida de amanhã, contra os EUA, na vizinha Lyon. Na segunda, encerra sua participação na primeira fase contra a Turquia.
Para ficar tranquilo em relação à classificação para a semifinal, o time precisa vencer os dois jogos.


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