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Criador do uniforme verde e amarelo prefere o Uruguai
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
THAIS BILENKY
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA,
EM CAPÃO DO LEÃO (RS)
Marlene, 75, está revoltada. Desde que conheceu seu
marido, há quase 55 anos, é a
mesma história: chega a Copa do Mundo, e Aldyr está lá,
suando frio pelo país que, em
1950, tirou do Brasil o sonho
do primeiro título mundial.
Aldyr Garcia Schlee, 75,
criou há 57 anos a camisa verde e amarela da seleção brasileira. Mas ele vai torcer pelo
Uruguai, como faz desde que
se entende por gente.
Nada de birra, garante. É
que Aldyr nasceu em Jaguarão, cidade do Rio Grande do
Sul que faz fronteira com o
país vizinho, e cresceu escutando rádios uruguaias.
Ele morava em Pelotas
(RS) quando, aos 19 anos,
soube do concurso aberto pelo extinto jornal "Correio da
Manhã". O desafio: dar nova
cara ao uniforme da seleção
brasileira, azul e branco.
Ele comprou "uma tinta
guache holandesa, que foi
paga em prestações por um
ano". E começou a rabiscar.
Utilizar as quatro cores da
bandeira foi uma das exigências feitas pela CBD (Confederação Brasileira de Desportos, antepassada da CBF).
O horror para Aldyr, pois
"não é uma tradição no futebol mundial". Para driblar a
regra, ele decidiu "despejar o
azul e branco nas meias e calções". A ideia colou.
Reza a lenda que o modelo
repaginado serviria para tirar
a zica daquela derrota para o
Uruguai no Maracanã. "Precisa desmentir isso", afirma.
"Tanto que o Brasil perdeu
em 1954, na Suíça."
No dia 15 de dezembro de
1953, o "Correio da Manhã"
reproduziu pela primeira vez
o modelo canarinho.
Pouco depois, Aldyr foi
entregar sua criação aos jogadores. Na vez do craque Zizinho, escutou o que até hoje
considera "a maior definição" para o esporte: "Futebol
é uma merda".
Hoje, vive num sítio em
Capão do Leão (RS). Numa
parede da casa, a plaquinha
da "Rua Uruguai".
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