São Paulo, domingo, 20 de julho de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Team Darfur faz denúncia de genocídio

Team Darfur faz denúncia de genocídio

ADALBERTO LEISTER FILHO
MARIANA BASTOS

DA REPORTAGEM LOCAL

Logo após ganhar um ouro e uma prata olímpica nos Jogos de Inverno de Turim-06, o patinador Joey Cheek resolveu destinar os US$ 40 mil que ganhara de bônus pelas medalhas a uma ONG que trabalha com crianças refugiadas em Darfur.
Seu exemplo começou a ser seguido por outros atletas, de diversos países do mundo, que juntos doaram mais de US$ 1 milhão para a campanha.
A ação conjunta detonou a formação do Team Darfur, que denuncia o genocídio na região e hoje congrega mais de 360 atletas e ex-atletas de 50 países.
Entre os membros mais atuantes do grupo está a queniana Tegla Loroupe, ex-campeã de três das mais importantes maratonas do planeta (Nova York, Londres e Berlim).
"O que já vi em minhas andanças pelo mundo não é nada perto da grave injustiça que está sendo feita com o povo de lá [Darfur]. Não podemos permitir que o sofrimento dessas pessoas continue a ser ignorado pelo resto mundo", afirmou à Folha Loroupe, por telefone.
A queniana é embaixadora da ONU para o esporte e visitou os campos de refugiados da região. "O local é uma prisão para seus habitantes. As mulheres, quando saem para buscar lenha, correm grave risco de serem atacadas pelas milícias da região", descreve ela.
Apesar de sua atuação como ativista, Loroupe, que ainda corre aos 35 anos -foi oitava na Maratona de Nova York-07-, não defende o uso de símbolos ou gestos de sua campanha na Olimpíada de Pequim.
"A Olimpíada tem regras rígidas. Não é o lugar adequado para isso. Não irei à China. Acho que serei mais útil em outros lugares", diz Loroupe.
Cheek, um dos fundadores do Team Darfur e hoje seu presidente, por sua vez, tem visão um pouco diferente da colega.
"Acredito que os atletas devam obedecer às regras do Comitê Olímpico Internacional e às leis do país anfitrião. Mas o próprio COI tem dito que os atletas têm liberdade de expressão", declara o americano.
"Pessoalmente, usarei todos os recursos de que disponho para apoiar os atletas que sejam pressionados ou que tenham problemas para exercer esse direito", acrescenta ele.
Entre os auxílios está o serviço da Mishcon de Reya, escritório de advocacia da Inglaterra, que se ofereceu para defender atletas que sejam punidos, inclusive na Olimpíada, por opinar sobre a situação em Darfur.
Cheek lamenta que não haja atleta do Brasil entre os membros do Team Darfur.
"Existimos há menos de um ano e ainda não falamos com todos os países. Ter atletas do Brasil, em particular, seria um grande impulso para nossa causa na América do Sul, para mostrar que congregamos esportistas de todo o mundo."


Texto Anterior: Saiba mais: Esporte auxilia a integração de refugiados
Próximo Texto: O que ver na TV
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.