São Paulo, quarta-feira, 20 de julho de 2011

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TOSTÃO

Aprendizes de mágico


O Brasil faz poucos gols por falta de maturidade e de talento do meio para a frente


ESTA COLUNA é uma repetição de muitos conceitos ditos aqui, antes e durante a Copa América.
Coletivamente, o Brasil jogou bem contra o Paraguai. Marcou por pressão, tomou a bola com facilidade, não deixou o adversário contra-atacar, trocou muitos passes e criou várias e excelentes chances de gol. Esse é o caminho. Faltaram mais maturidade e talento do meio para a frente.
O Brasil tem ótimos jogadores, mas não possui, hoje, um único grande craque no meio-campo e no ataque. Clube não é seleção. Temos grandes esperanças. Falta também um grande cobrador de faltas e escanteios.
A seleção não pode depender de um meia de ligação, seja Ganso ou quem for. A solução não é escalar mais um meia. O que falta é um craque para jogar no lugar de Ramires e alternar com o meia na marcação e na construção das jogadas. Esse jogador não existe. Casemiro, do São Paulo, é outra esperança.
Dizer que faltou alma, comprometimento, é um lugar-comum ufanista, para agradar aos torcedores e aumentar a audiência. Não podemos ter dois discursos prontos, que mudam se a bola bateu na trave ou se entrou, de duras críticas na derrota ou de exaltação na vitória.
É a mesma crítica de muitos argentinos, de que Messi não canta o hino nacional e de que não se sente feliz em jogar pela Argentina.
Diferentemente do Brasil, a Argentina mostrou um time bastante desorganizado, além de graves deficiências individuais na defesa.
O Brasil faz poucos gols. Não é porque prioriza a defesa. É por falta de maturidade e talento.
Contra o Equador, marcou quatro, porque eles precisavam vencer para se classificar e foram para a frente. Maicon jogou livre, o que não aconteceu contra o Paraguai. Fora o Equador, o Brasil fez 11 gols nos últimos 11 jogos. Baixíssima média de um gol por partida.
Além disso, a única evolução no futebol nos últimos tempos, fora o Barcelona, é que os técnicos aprenderam a armar boas defesas contra times mais fortes.
A derrota vai fazer bem aos jovens. A derrota humaniza, retira-os de um pedestal de ilusões, de se acharem gênios, caras escolhidos pelos deuses.
O Brasil é o país da maquiagem e da enganação. Quando foi anunciado que a Copa seria aqui, Ricardo Teixeira e o ministro do Esporte, Orlando Silva Jr., disseram que não haveria dinheiro público.
A última mentira é que o Brasil tinha um quarteto mágico na frente. Eles são ainda aprendizes, que confundem o truque no momento do espetáculo.


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