São Paulo, segunda-feira, 20 de agosto de 2001

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FUTEBOL

O São Paulo na briga

JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA

O São Paulo ainda tem vários clubes à sua frente na tabela de classificação, mas a vitória de ontem sobre o Atlético-PR mostrou que o tricolor está pronto para brigar pelas primeiras colocações.
Quebrar a invencibilidade do Atlético-PR, derrubando-o da liderança isolada do torneio, foi um feito nada desprezível, principalmente se levarmos em conta que o time do Morumbi contou com um jogador a menos quase o tempo todo, graças à expulsão do temperamental Belletti.
Alguém poderá argumentar que o São Paulo teve a vitória facilitada pelo fato de ter feito um gol logo aos 2min de partida.
De fato, um gol nessas circunstâncias costuma desestruturar o adversário. Mas não garante nada. O Corinthians, ontem, também marcou um gol-relâmpago em Recife e depois cedeu terreno para o Sport vencer de virada.
O que levou o São Paulo a bater o ótimo Atlético-PR foi, essencialmente, o seu meio-campo.
Fábio Simplício, Júlio Batista, Kaká, Leonardo e o ala esquerdo Lino formaram um conjunto afinado e versátil, com permanentes trocas de posições e de ritmo, passando da velocidade ao jogo cadenciado de acordo com as necessidades da partida.
Duas circunstâncias beneficiaram o São Paulo: a ausência do líbero Nem, que tem sido fundamental na campanha do Atlético-PR, e a ótima atuação de França, sobretudo no primeiro tempo.
O atacante são-paulino teve uma evolução notável nos últimos meses, passando a atuar com mais inteligência e visão de jogo. Recuando para a armação de jogadas na intermediária adversária, tem servido muito bem seus companheiros.
Quando avança para a entrada da área, França atua como eficiente pivô. Tudo isso sem perder sua capacidade de finalização.
Outro atacante que dá gosto de ver jogar é o veterano Evair, que ontem teve mais uma jornada brilhante na vitória de seu time, o Coritiba, sobre o Cruzeiro.
Atuando com técnica e inteligência, Evair cria espaços onde só parece haver congestionamento e arredonda bolas que lhe chegam quadradas.

A rodada viu a queda de dois invictos. Além do Atlético-PR, também o Goiás perdeu sua primeira partida. Mais que isso: perdeu a "virgindade", como disse Armando Nogueira na TV, já que até ontem era o único time do campeonato que não havia sofrido nenhum gol.
Seguem invictos apenas três clubes: Ponte Preta, Santos e Fluminense. Dos três, o único que briga pelas primeiras colocações é a Ponte, o que mostra que a invencibilidade tem uma importância mais psicológica e moral do que prática.

A estréia de Alex no Cruzeiro foi típica do jogador: um primeiro tempo brilhante, coroado por um golaço de falta, e um segundo tempo apagado, em que o meia mais uma vez pareceu esconder-se da bola.
Ainda assim, penso que o Cruzeiro atual talvez seja um bom lugar para o futebol de Alex florescer, ao lado de Rincón, Ricardinho e Edmundo.
Mas o detalhe mais curioso da vitória do Coritiba sobre o Cruzeiro foi o coro da torcida "coxa branca": "Eu, eu, eu, o Ivo se f..." Quem mandou o Ivo Wortmann trocar de time na hora errada?

Bem-vindo
O jogo era apenas um amistoso beneficente, mas na meia hora em que esteve em campo Ronaldo mostrou três coisas que nunca lhe faltaram: técnica, disposição e inteligência. Deu um belo passe para o primeiro gol, e pouco depois fez o seu: de costas para o gol, deslocou o zagueiro com um toque, virou-se para o goleiro e fuzilou no canto. Há motivo para comemorar.

Lista de candidatos
O leitor Luiz Antônio Alves me pede para citar meio-campistas brasileiros que saibam "desarmar, conduzir, passar, fazer lançamentos e ainda aparecer para chutar no gol", como propus coluna de sábado. Embora não tenhamos um Seedorf ou um Verón, há alguns que, bem treinados, podem render bem: Vampeta, Juninho Pernambucano, os dois Ricardinhos, Wagner (ex-São Paulo), Beto e Rochembach.

E-mail jgcouto@uol.com.br



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