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FUTEBOL
O São Paulo na briga
JOSÉ GERALDO COUTO
COLUNISTA DA FOLHA
O São Paulo ainda tem vários clubes à sua frente na
tabela de classificação, mas a vitória de ontem sobre o Atlético-PR mostrou que o tricolor está
pronto para brigar pelas primeiras colocações.
Quebrar a invencibilidade do
Atlético-PR, derrubando-o da liderança isolada do torneio, foi
um feito nada desprezível, principalmente se levarmos em conta
que o time do Morumbi contou
com um jogador a menos quase o
tempo todo, graças à expulsão do
temperamental Belletti.
Alguém poderá argumentar
que o São Paulo teve a vitória facilitada pelo fato de ter feito um
gol logo aos 2min de partida.
De fato, um gol nessas circunstâncias costuma desestruturar o
adversário. Mas não garante nada. O Corinthians, ontem, também marcou um gol-relâmpago
em Recife e depois cedeu terreno
para o Sport vencer de virada.
O que levou o São Paulo a bater
o ótimo Atlético-PR foi, essencialmente, o seu meio-campo.
Fábio Simplício, Júlio Batista,
Kaká, Leonardo e o ala esquerdo
Lino formaram um conjunto afinado e versátil, com permanentes
trocas de posições e de ritmo, passando da velocidade ao jogo cadenciado de acordo com as necessidades da partida.
Duas circunstâncias beneficiaram o São Paulo: a ausência do líbero Nem, que tem sido fundamental na campanha do Atlético-PR, e a ótima atuação de França,
sobretudo no primeiro tempo.
O atacante são-paulino teve
uma evolução notável nos últimos meses, passando a atuar com
mais inteligência e visão de jogo.
Recuando para a armação de jogadas na intermediária adversária, tem servido muito bem seus
companheiros.
Quando avança para a entrada
da área, França atua como eficiente pivô. Tudo isso sem perder
sua capacidade de finalização.
Outro atacante que dá gosto de
ver jogar é o veterano Evair, que
ontem teve mais uma jornada
brilhante na vitória de seu time, o
Coritiba, sobre o Cruzeiro.
Atuando com técnica e inteligência, Evair cria espaços onde só
parece haver congestionamento e
arredonda bolas que lhe chegam
quadradas.
A rodada viu a queda de dois invictos. Além do Atlético-PR, também o Goiás perdeu sua primeira
partida. Mais que isso: perdeu a
"virgindade", como disse Armando Nogueira na TV, já que até ontem era o único time do campeonato que não havia sofrido nenhum gol.
Seguem invictos apenas três clubes: Ponte Preta, Santos e Fluminense. Dos três, o único que briga
pelas primeiras colocações é a
Ponte, o que mostra que a invencibilidade tem uma importância
mais psicológica e moral do que
prática.
A estréia de Alex no Cruzeiro foi
típica do jogador: um primeiro
tempo brilhante, coroado por um
golaço de falta, e um segundo
tempo apagado, em que o meia
mais uma vez pareceu esconder-se da bola.
Ainda assim, penso que o Cruzeiro atual talvez seja um bom lugar para o futebol de Alex florescer, ao lado de Rincón, Ricardinho e Edmundo.
Mas o detalhe mais curioso da
vitória do Coritiba sobre o Cruzeiro foi o coro da torcida "coxa
branca": "Eu, eu, eu, o Ivo se f..."
Quem mandou o Ivo Wortmann
trocar de time na hora errada?
Bem-vindo
O jogo era apenas um amistoso beneficente, mas na
meia hora em que esteve em
campo Ronaldo mostrou três
coisas que nunca lhe faltaram: técnica, disposição e inteligência. Deu um belo passe
para o primeiro gol, e pouco
depois fez o seu: de costas para o gol, deslocou o zagueiro
com um toque, virou-se para
o goleiro e fuzilou no canto.
Há motivo para comemorar.
Lista de candidatos
O leitor Luiz Antônio Alves
me pede para citar meio-campistas brasileiros que saibam "desarmar, conduzir,
passar, fazer lançamentos e
ainda aparecer para chutar
no gol", como propus coluna
de sábado. Embora não tenhamos um Seedorf ou um
Verón, há alguns que, bem
treinados, podem render
bem: Vampeta, Juninho Pernambucano, os dois Ricardinhos, Wagner (ex-São Paulo), Beto e Rochembach.
E-mail jgcouto@uol.com.br
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