São Paulo, sexta-feira, 20 de agosto de 2004

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POLIVALENTE

De pharmacia e ingratidão

BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA

Minha prima cretina da ilha de Creta, Strava Gancia, que faz um bico nas Olimpíadas como correspondente desta coluna, constatou que, ao andar por Atenas, o único letreiro que um não-grego consegue identificar é aquele onde se lê a palavra "pharmacia".
Leandro Guilheiro, nosso judoca que levou o bronze na categoria leve, que se prepare. A vida de medalhista olímpico no Brasil nunca é coberta de louros.
Adhemar Ferreira da Silva, nosso gigante olímpico do salto triplo, medalhista de ouro em 1952 e 1956, é exemplo do tratamento dado aos deuses tapuias.
Lembro de estar em um elevador lotado, na inauguração do shopping Higienópolis, quando a porta se abriu para a entrada de um passageiro que fez meu coração parar: Adhemar Ferreira da Silva. Ele enfiou-se em um canto do elevador, e eu já ia irrompendo em aplauso quando me dei conta de que ninguém ligara a mínima para a sua presença. Assim que ele desceu, virei para as pessoas à minha volta e disse: "Vocês viram? Era o Adhemar Ferreira da Silva!". O pessoal me olhou como se dissesse: "Quem?". Baixei a cabeça e fui de luto até o meu andar.


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