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POLIVALENTE
De pharmacia e ingratidão
BARBARA GANCIA
COLUNISTA DA FOLHA
Minha prima cretina da
ilha de Creta, Strava Gancia, que faz um bico nas Olimpíadas como correspondente
desta coluna, constatou que, ao
andar por Atenas, o único letreiro que um não-grego consegue
identificar é aquele onde se lê a
palavra "pharmacia".
Leandro Guilheiro, nosso judoca que levou o bronze na categoria leve, que se prepare. A
vida de medalhista olímpico no
Brasil nunca é coberta de louros.
Adhemar Ferreira da Silva,
nosso gigante olímpico do salto
triplo, medalhista de ouro em
1952 e 1956, é exemplo do tratamento dado aos deuses tapuias.
Lembro de estar em um elevador lotado, na inauguração do
shopping Higienópolis, quando
a porta se abriu para a entrada
de um passageiro que fez meu
coração parar: Adhemar Ferreira da Silva. Ele enfiou-se em um
canto do elevador, e eu já ia irrompendo em aplauso quando
me dei conta de que ninguém ligara a mínima para a sua presença. Assim que ele desceu, virei para as pessoas à minha volta e disse: "Vocês viram? Era o
Adhemar Ferreira da Silva!". O
pessoal me olhou como se dissesse: "Quem?". Baixei a cabeça e
fui de luto até o meu andar.
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