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JUCA KFOURI
Entre a tristeza e a felicidade
Faz sentido o são-paulino estar infeliz e o corintiano estar feliz? Não. Um está triste, e o outro, alegre
O TORCEDOR do São Paulo tem
por que estar triste. Perder
um tetracampeonato, e a
chance de tentar outro, não é pouco.
Mas o são-paulino não tem nenhum direito de estar infeliz.
A derrota/empate no Beira-Rio
foi daquelas que o verdadeiro esportista aceita, cumprimenta o adversário vitorioso e segue na vida, em busca de mais vitórias.
Ao contrário do que vimos acontecer com a seleção brasileira na Copa
do Mundo da Alemanha, o São Paulo
perdeu o título da Taça Libertadores
com honra.
E para um Internacional que lhe
foi claramente superior no primeiro
jogo, no Morumbi.
E com duas arbitragens acima de
quaisquer suspeitas.
Derrota doída, é claro, porque a vitória rondou a casa tricolor diversas
vezes.
Derrota cruel, porque com falha
do maior ídolo e maior responsável
pelas últimas conquistas.
Mas tão digna que mesmo no infortúnio não viu nenhum filho fugir
à luta, nem mesmo alinhavar uma
desculpa esfarrapada como é tão peculiar entre nós, porque Rogério Ceni admitiu o erro e chamou para si,
até com um certo exagero, toda a
responsabilidade.
Trata-se, agora, de dar novo rumo
às coisas e encarar o Brasileirão como o caminho da redenção.
Porque a fortuna que, fazia tempo,
pairava sobre nosso único tricampeão mundial, com tudo dando certo até com requinte, resolveu abandoná-lo, tamanha a seqüência de desastres que se acumularam por lá
nos últimos dias, um deles, e só este,
terrível, irreparável.
O jogo no Mineirão contra o Cruzeiro, nesta tarde, pode ser o do recomeço.
Já o corintiano tem motivo para
estar alegre, mas nenhuma razão
para estar feliz.
Alegre com a vitória sobre o Fluminense no Maracanã e com a chegada de Leão, a quem se atribui poderes miraculosos.
Mas não pode estar feliz com a vice-lanterna nem tem muito motivo
para otimismo.
Porque não só a situação interna
permanece de guerra surda como,
também, dificilmente se verá aquele
Leão que viveu seus melhores momentos como treinador no Santos
dos meninos Robinho, Diego e companhia, quando aprendeu a não ter
medo da felicidade.
Tanto que nem mesmo entre os
que o contrataram há quem acredite
que ele dure mais do que seis meses
no Parque São Jorge.
Melhor do que ninguém Leão conhece seu temperamento -e tem
dificuldade para domá-lo. A ponto
de no São Paulo ser voz corrente que
houve dois momentos de intensa
alegria no primeiro semestre do ano
passado: quando o time foi campeão
paulista, com Leão à frente, e quando o técnico pediu demissão e foi para o Japão.
Finalmente, para ficar no chamado Trio de Ferro, o palmeirense tinha motivos para estar alegre e feliz
até empatar com o Juventude, pelo
melhor desempenho entre os 20
participantes do Brasileiro desde o
término da Copa na Alemanha. E
começava a sonhar com mais do que
apenas não cair.
Felicidade que pode voltar se o time conseguir hoje, no Beira-Rio, um
bom resultado diante do Inter, muito provavelmente de ressaca.
Porque se não bastasse o fato de
Tite ter encontrado as rédeas para
levar o Palmeiras na direção que
merece, não é ele um profundo conhecedor dos segredos gaúchos?
Tristeza, infelicidade, alegria, felicidade. Tudo tão frágil, tudo tão passageiro, bolhas de sabão.
Menos para a orgulhosa torcida
colorada, que tem motivos de sobras
para curtir o título conquistado por
muito tempo, meses e meses, até dezembro, quando chegar ao Japão para a disputa do Mundial.
blogdojuca@uol.com.br
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