São Paulo, quarta-feira, 20 de agosto de 2008

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Brasileiro vê in loco drama de Liu Xiang

DO ENVIADO A PEQUIM

Um brasileiro viu de perto o maior drama dos Jogos.
Médico da Confederação Brasileira de Atletismo, Cristiano Laurino estava ao lado da equipe chinesa que atendeu Liu Xiang instantes antes de o atleta deixar a Olimpíada e levar a China às lágrimas, anteontem.
A área reservada ao Brasil na pista de aquecimento do Ninho de Pássaro é vizinha à da China. E foi lá, longe das câmeras, conta Laurino, que os lances mais comoventes ocorreram. A começar pela chegada do atleta.
"O Liu Xiang já chegou mancando, com dor muito intensa. Já era nítido o semblante de preocupação e dor", diz Laurino, especialista em ortopedia esportiva. "Ele já foi logo abordado pelo fisioterapeuta, foi atendido pelos médicos, mas não havia muito o que fazer."
Segundo Laurino, Liu mal permanecia em pé. "Quando ficava em pé, ele reclamava de muita dor. Quando foi fazer o aquecimento, ele mal conseguia caminhar."
Entre uma cena e outra, tentativas desesperadas da equipe médica chinesa de aliviar os efeitos da inflamação no tendão-de-aquiles. "Eu vi fazerem uma massagem, uma fricção no ponto doloroso... Tentaram também colocar uma bandagem no local, para dar mais segurança nas pisadas", conta.
Mesmo sem condições, Liu tentou. Laurino não esquece a cena seguinte. "Eu vi vários chineses chorando."
Inflamações no tendão-de-aquiles são comuns em atletas de velocidade, diz o médico. "A dor está presente na vida do atleta. Um profissional convive com isso por anos. Mas há intensidades e localizações mais preocupantes, e deve ser o caso."
Ontem, Liu, 25, medalha de ouro em Atenas-04, apareceu na TV pedindo desculpas ao povo chinês. A entrevista foi gravada na segunda, e só alguns trechos foram exibidos pela CCTV, principal canal da emissora estatal.
"Há tantas pessoas preocupadas comigo e que me ajudaram... Peço desculpas. Mas não havia nada que eu pudesse fazer. Sabia que meu pé falharia. Estava doendo só de trotar pela pista, uma dor insuportável."
Ele disse que não quis arriscar uma ruptura no tendão, o que tornaria sua volta às pistas mais demorada e complicada. E falou estar confiante quanto à recuperação. "Sei que tenho capacidade para voltar ao nível de antes assim que meu pé estiver recuperado. Agora, o mais importante é curar este problema, não ficar procurando culpados ou erros. Eu posso garantir que não vou desistir fácil." (FÁBIO SEIXAS)


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