São Paulo, Segunda-feira, 20 de Setembro de 1999
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Clube perdeu patrocínio e presidente


SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

Um presidente omisso, um time sem patrocínio e barato, seis treinadores contratados desde o início do ano, conflitos entre os jogadores e ameaças de torcedores. Esse é o roteiro da trágica campanha do Botafogo-RJ no Brasileiro-99.
A vitória sobre o Santos, no sábado, primeira em quatro meses, alivia a pressão, mas não mascara a séria ameaça de rebaixamento do clube, último colocado, com apenas cinco pontos ganhos -oito derrotas, um empate e uma vitória em 11 jogos.
Os cálculos indicam que o Botafogo, um dos clubes mais tradicionais do país, vai precisar de 18 pontos (seis vitórias) nos dez jogos que falta disputar para assegurar sua permanência na Série A.
"Sei que estou em um barco furado, mas vou até o final", disse o ex-presidente Carlos Augusto Montenegro, que assumiu o cargo de interventor em agosto.
Montenegro substituiu o presidente José Luiz Rolim, considerado pelos torcedores um dos principais responsáveis pelo fracasso do time no Brasileiro.
Sem experiência, Rolim administrou o futebol do clube com uma política de salários baixos, contratando jogadores obscuros e dispensando ídolos da torcida.
No cargo até o final do ano, quando termina o seu mandato, Rolim desapareceu do clube desde o mês passado e se recusa a falar sobre a desastrosa campanha do time.
Imediatista e facilmente pressionado, Rolim não tem paciência com os treinadores. Desde o início do ano, cinco deles -Valdyr Espinosa, Dé, Gílson Nunes, Mauro Fernandes e Carlos Alberto Torres- trabalharam com o time antes da entrada de Antônio Clemente.
A combinação da sua política de poucos investimentos em contratações e a alta rotatividade de treinadores já havia fracassado no primeiro semestre. O time ficou longe da disputa pelo título do Estadual do Rio, obtendo um sexto lugar.
A péssima atuação do time no torneio foi mascarada pelo vice na Copa do Brasil. O time perdeu o título no Maracanã para o Juventude, que também luta para escapar do rebaixamento.
"Sem dúvida, a Copa do Brasil foi uma enganação e não podíamos nos basear nela", disse Montenegro.
Para piorar a situação, o time perdeu o patrocínio do banco Bilbao Vizcaya, ex-Excel, no final do primeiro semestre e Rolim não conseguiu uma nova parceria.
No início do segundo semestre, a diretoria ainda se desfez de alguns jogadores experientes -Bebeto, Válber e Fábio Augusto.
Com um time frágil, o fracasso alvinegro era questão de tempo. Logo na primeira rodada, foi goleado pelo Cruzeiro, por 4 a 1. Na terceira, outra goleada, desta vez para o São Paulo, por 6 a 1.
Na quinta rodada, o técnico Mauro Fernandes não suportou a pressão e foi demitido após a terceira derrota da equipe. Na ocasião, Montenegro assumiu o futebol do clube, colocou Torres no comando do time e passou a apelar para a superstição.
Levou jogadores à Igreja do Nosso Senhor do Bonfim, em Salvador, exigiu mudança no uniforme, mas nada deu certo. Até um pai-de-santo foi até a sede do clube fazer "um trabalho".


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