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Clube perdeu
patrocínio e
presidente
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio
Um presidente omisso,
um time sem patrocínio e
barato, seis treinadores contratados desde o início do
ano, conflitos entre os jogadores e ameaças de torcedores. Esse é o roteiro da trágica campanha do Botafogo-RJ no Brasileiro-99.
A vitória sobre o Santos,
no sábado, primeira em
quatro meses, alivia a pressão, mas não mascara a séria
ameaça de rebaixamento do
clube, último colocado, com
apenas cinco pontos ganhos
-oito derrotas, um empate
e uma vitória em 11 jogos.
Os cálculos indicam que o
Botafogo, um dos clubes
mais tradicionais do país, vai
precisar de 18 pontos (seis
vitórias) nos dez jogos que
falta disputar para assegurar
sua permanência na Série A.
"Sei que estou em um barco furado, mas vou até o final", disse o ex-presidente
Carlos Augusto Montenegro, que assumiu o cargo de
interventor em agosto.
Montenegro substituiu o
presidente José Luiz Rolim,
considerado pelos torcedores um dos principais responsáveis pelo fracasso do
time no Brasileiro.
Sem experiência, Rolim
administrou o futebol do
clube com uma política de
salários baixos, contratando
jogadores obscuros e dispensando ídolos da torcida.
No cargo até o final do ano,
quando termina o seu mandato, Rolim desapareceu do
clube desde o mês passado e
se recusa a falar sobre a desastrosa campanha do time.
Imediatista e facilmente
pressionado, Rolim não tem
paciência com os treinadores. Desde o início do ano,
cinco deles -Valdyr Espinosa, Dé, Gílson Nunes,
Mauro Fernandes e Carlos
Alberto Torres- trabalharam com o time antes da entrada de Antônio Clemente.
A combinação da sua política de poucos investimentos em contratações e a alta
rotatividade de treinadores
já havia fracassado no primeiro semestre. O time ficou
longe da disputa pelo título
do Estadual do Rio, obtendo
um sexto lugar.
A péssima atuação do time
no torneio foi mascarada pelo vice na Copa do Brasil. O
time perdeu o título no Maracanã para o Juventude,
que também luta para escapar do rebaixamento.
"Sem dúvida, a Copa do
Brasil foi uma enganação e
não podíamos nos basear
nela", disse Montenegro.
Para piorar a situação, o time perdeu o patrocínio do
banco Bilbao Vizcaya, ex-Excel, no final do primeiro
semestre e Rolim não conseguiu uma nova parceria.
No início do segundo semestre, a diretoria ainda se
desfez de alguns jogadores
experientes -Bebeto, Válber e Fábio Augusto.
Com um time frágil, o fracasso alvinegro era questão
de tempo. Logo na primeira
rodada, foi goleado pelo
Cruzeiro, por 4 a 1. Na terceira, outra goleada, desta vez
para o São Paulo, por 6 a 1.
Na quinta rodada, o técnico Mauro Fernandes não suportou a pressão e foi demitido após a terceira derrota
da equipe. Na ocasião, Montenegro assumiu o futebol
do clube, colocou Torres no
comando do time e passou a
apelar para a superstição.
Levou jogadores à Igreja
do Nosso Senhor do Bonfim,
em Salvador, exigiu mudança no uniforme, mas nada
deu certo. Até um pai-de-santo foi até a sede do clube
fazer "um trabalho".
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