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São Paulo, sábado, 20 de setembro de 2003

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FUTEBOL

Quatro anos após viverem um êxtase, país e torneio expõem crise do mercado

Nem EUA salvam Mundial feminino de seu anticlímax

RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O Mundial feminino começa hoje nos EUA destacando quase 60 recém-desempregadas.
A crise financeira que assola o futebol masculino em todo o planeta não poupou as mulheres. Cinco dias antes do início do Mundial, a liga norte-americana profissional anunciou seu fim.
Praticamente metade das seleções que atuarão no torneio da Fifa possuem jogadoras que trabalhavam na Wusa, principal liga feminina do mundo. Entre as desempregadas, estão as brasileiras Daniela (San Diego Spirit) e Kátia Cilene (San Jose Cyberrays).
O sonho de toda jogadora profissional era a Wusa, que empregava 375 pessoas. Algumas das principais jogadoras do mundo, que inclusive ajudaram a fundar a liga há quatro anos, chegaram a reduzir seus salários, mas não salvaram o eldorado da modalidade.
A média de público nos estádios caiu de 8.000 para 6.700 na temporada passada da Wusa. Basicamente, duas multinacionais sustentavam a liga, que esperava oito patrocinadores injetando US$ 2,5 milhões por ano para sobreviver.
Assim, o Mundial feminino, que terá quatro jogos hoje, começa na contramão da edição realizada há quatro anos, também nos EUA. Em 1999, em meio ao sucesso do torneio, germinou a liga. Agora, vê-se um anticlímax.
O evento, que foi tirado da China por causa da Sars (síndrome respiratória aguda grave), será transmitido nos EUA pelos canais ESPN, ESPN2 e ABC Sports, como há quatro anos, mas com menos destaque. No Mundial-99, os 32 jogos foram exibidos ao vivo. Agora, serão só 18 partidas.
Os EUA surgiram como alternativa para abrigar o torneio devido à popularidade do futebol feminino no país. A final entre EUA e China há quatro anos foi o jogo de futebol mais assistido pelos americanos -teve audiência 4% maior no país do que a obtida na decisão da Copa-94, realizada nos EUA e decidida por Brasil e Itália.
Há dúvidas se os índices de audiência serão os mesmos neste Mundial. Mesmo a seleção anfitriã, favorita ao título, não é mais garantia de sucesso. Com a Wusa e um maior intercâmbio internacional, o futebol feminino evoluiu em vários países, que hoje têm condições de desafiar os EUA.
Além de Noruega, atual campeã olímpica, e China, vice-campeã mundial, França, Itália, Japão, Coréia do Norte, Rússia, Canadá, Austrália e Argentina melhoraram, ocupam hoje boas posições no ranking da Fifa e esperam um bom resultado no Mundial.
O Brasil, que foi às semifinais do Mundial-99 e do torneio olímpico em Sydney, superou a Argentina com dificuldade no qualificatório (3 a 2) e é ainda uma incógnita.


NA TV - Noruega x França, na ESPN Brasil, ao vivo, às 13h


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