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regras do jogo
COI veta coalizão de cidades por 2016
Após Lula afirmar ter pacto com a Espanha, presidente do comitê condena aliança eleitoral de candidatas à Olimpíada
Mandatário se diz defensor do universalismo e prega necessidade de espalhar superevento para o maior
número de pessoas possível
RODRIGO MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
A 12 dias da definição da sede
da Olimpíada-2016, o belga
Jacques Rogge, 67, é tão assediado a ponto de receber ligação até do presidente dos EUA,
Barack Obama. Não é à toa. É o
presidente do COI (Comitê
Olímpico Internacional) que
controla a corrida olímpica disputada entre Chicago, Madri,
Rio de Janeiro e Tóquio.
Assim, é político nas respostas em entrevista por e-
-mail à Folha -sua assessoria
até deixou claro que ele não comentaria sobre as candidatas.
Mas Rogge é incisivo ao condenar acordos eleitorais entre
postulantes. O presidente Luiz
Inácio Lula da Silva propalou
pacto com o rei espanhol Juan
Carlos. Quem perdesse em um
turno entre Madri e Rio apoiaria o outro na sequência. Só
que o dirigente olímpico também minimiza o papel dos chefes de Estado na disputa.
FOLHA - Qual a importância do relatório para a escolha dos Jogos?
JACQUES ROGGE - O papel da comissão de avaliação é preparar
o relatório técnico detalhado,
não dar sua opinião. O relatório
é só mais uma parte do sistema
para ajudar os membros do
COI a entender as várias forças
e fraquezas das cidades.
FOLHA - O senhor acha que também há um elemento emocional na
decisão do COI pela sede da Olimpíada? Os membros costumam
apoiar cidades do seu continente?
ROGGE - Cada membro levará
em consideração os aspectos
técnicos que ele ou ela acha importante, mas também outros
elementos que eles pensam
que mereçam ser levados em
consideração. (...) Alguns focam nas instalações para atletas, outros, em infraestrutura,
alguns, nas finanças, e outros,
em uma combinação desses fatores. Seria injusto que eu tentasse adivinhar as escolhas individuais de mais de cem membros do COI. Cada um tem diferentes experiências, conhecimentos e "visões de mundo".
FOLHA - O COI já pensou em ter regra [rodízio de continentes] como
houve na Copa? É bom ter dois Jogos
seguidos no mesmo continente?
Qual a importância de levar a Olimpíada a novos lugares?
ROGGE - Na minha visão, não
seria inteligente ter uma regra
"rápida e dura". O COI (...) estabeleceu regras para controlar o
tamanho da Olimpíada. Esse é
o melhor mecanismo que temos para garantir que os Jogos
permaneçam de uma forma
que dê para gerenciar e que o
maior número de cidades no
mundo possa realizar o evento.
Nós também escolhemos as cidades com base no fato de poderem receber com sucesso os
Jogos -não com base em qual
local estão situadas. Claro, eu
sou um advogado do universalismo e da necessidade de espalhar os Jogos e sua experiência
para o maior número de pessoas possível. Realmente, a saúde e o sucesso do movimento
olímpico a longo prazo depende de nós atingirmos o maior
número de pessoas [o Rio pode
ser a primeira cidade da América do Sul a receber os Jogos].
FOLHA - Na sua opinião, como evoluiu a qualidade das candidaturas e
como isso afetou a corrida por 2016?
ROGGE - Elas [as cidades candidatas] têm que dar respostas
muito detalhadas para perguntas de nossa comissão de avaliação. Questões sobre, entre outras coisas, finanças, infraestrutura, transporte, instalações
de atletas, e é claro que, na última década, o COI tornou-se
mais e mais exigente, e realmente as cidades candidatas
estão mais dedicadas para fornecer material mais detalhado.
FOLHA - Depois da crise econômica, as garantias financeiras do governo para a organização do evento
são mais importantes?
ROGGE - Claramente, a atual
instabilidade financeira afetou
a todos nós, do COI a todas as
federações esportivas e os comitês olímpicos nacionais, e isso claramente teve um grande
impacto nos OCOGs [comitês
organizadores] também, embora isso seja provavelmente
uma preocupação menor para
as candidaturas para 2016. Pode-se esperar que a situação financeira atual vá ter melhorado. Garantias financeiras são
importantes por definição em
uma crise financeira.
FOLHA - Qual é o papel dos chefes
de Estado das candidatas na eleição? O senhor acha importante eles
comparecerem aos eventos do COI?
ROGGE - Nós entendemos que é
claro que os chefes de Estado
vão querer dar apoio às suas cidades, mas nós fizemos todo o
processo de uma forma que a
presença deles não é necessária. A presença de chefes de Estado é importante para as cidades candidatas em primeiro lugar, pois isso demonstra que o
projeto tem o apoio do mais alto nível no país. Mas não se deveria superestimar a influência
deles nos votantes.
FOLHA - Nas regras de condutas
para as candidatas para 2016 é proibido fazer qualquer acordo ou coalizão entre as cidades. Então, uma
candidata poderia fazer um acordo
em que, se uma das cidades perder
no primeiro turno, passaria a apoiar
a outra no próximo?
ROGGE - Elas não deveriam fazer isso, e, de qualquer jeito, os
membros do COI é que tomam
uma decisão baseados na documentação e nas perguntas que
eles fizeram. Os votos em Copenhague são o final de um longo e sistemático processo, não é
uma questão de "bloco de votos" ou "coalizões". Os membros do COI vão tomar a decisão e votar de acordo com que
cidade é melhor para sediar os
melhores Jogos em 2016.
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