São Paulo, domingo, 20 de setembro de 1998

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BASQUETE
Equipe de Santo André treina com versões diferentes e tentará obter vantagem prática nas partidas em casa
Estadual feminino tem mistura de bolas

LUÍS CURRO
da Reportagem Local

Um dos principais elementos do jogo de basquete, a bola, virou arma estratégica de uma das equipes do Estadual feminino. Com sete equipes participantes, o campeonato ainda está em seu início, mas a Arcor/Santo André, uma das favoritas ao título, já faz planos para levar vantagem extra sobre as adversárias. A Arcor está usando nos treinos três tipos diferentes de bolas, na opinião das atletas -todas fabricadas pela Penalty, fornecedora do Estadual, que nega disparidade entre seus produtos (leia texto nesta página). Uma delas é a versão 4.1, cor laranja, também utilizada nos treinamentos das demais equipes. A segunda é uma nova versão, a 5.1, de cor laranja, que por enquanto nenhuma outra equipe além do Arcor possui, conforme apurou a Folha. A terceira bola é também 5.1, mas nas cores vermelha, branca e azul, encaminhada pela FPB (Federação Paulista de Basquete) para todos clubes testarem. Caso seja aprovado, esse modelo pode ser usado futuramente. Recentemente lançada, a versão 5.1 laranja só chegou a Santo André porque a Arcor foi a única equipe a solicitar uma remessa nova de bolas ao fornecedor. "A maior parte das bolas antigas, todas do modelo 4.1, estava vazando nas emendas", justificou Adão Pereira, diretor de esportes da Arcor. Comparando-se as duas versões, aparentemente não há diferenças de tamanho ou peso. Mas as atletas da Arcor asseguram que a versão nova (laranja) é mais pesada. "Quem não está acostumado não sente, mas a 5.1 é mais pesada. Dá para sentir claramente na hora do arremesso", declarou a ala Janeth Arcain, 29, bicampeã na WNBA (versão feminina da NBA), cuja bola é menor e mais leve do que as utilizadas no Brasil. "A 5.1 é bem mais pesada e um pouco maior, e a 4.1 encaixa mais na mão, por isso prefiro ela", acrescentou a armadora Helen Luz, 25, criticando a nova versão. O que mais impressiona é que, segundo as mesmas jogadoras, a versão colorida da 5.1 é diferente da laranja. "A colorida é mais leve, lembra a 4.1", disse Helen. Toni Chakmati, vice-presidente da FPB, concordou que a 5.1 é mais pesada, "devido à melhoria da qualidade do couro". "Mas tanto faz jogar com uma ou com outra. As duas estão dentro das especificações e são oficiais. Não há o que reclamar", acrescentou ele. De acordo com a FPB (Federação Paulista de Basquete), os árbitros têm autonomia e responsabilidade para decidir se a bola escolhida está apta para a partida. Chakmati disse que uma bola está em condições quando, "solta a uma altura de 1,80 m, sobe, após o quique, a uma altura entre 1,20 m e 1,40 m". A treinadora da Arcor, Lais Aranha, tentará tirar vantagem prática, principalmente quando jogar em Santo André. "Antes das partidas em casa, treinaremos com a 5.1, que só nós temos, e jogaremos com ela. Fora, praticaremos com a 4.1, que será a bola do jogo." "Como faz diferença, temos mesmo que utilizar a bola que nos favorece", apoiou Helen. O oposto já aconteceu com a Arcor, que treinou com a 5.1 antes de enfrentar o Toledo, em Araçatuba, no último dia 4. "Eles usaram a 4.1 e sentimos a diferença", disse Adão Pereira. "Com peso diferente, saem "air balls'. A bola passa direto pela cesta", afirmou Helen. Favorita disparada naquele jogo, a Arcor venceu por apenas três pontos. "Tinha que se ter definido bem antes do campeonato, para todo mundo estar preparado da mesma forma", afirmou Janeth. A próxima partida da equipe no Estadual está marcada para dia 30, em Santo André, contra a Unimed/Ourinhos -que marca a volta dos dois times ao Estadual, interrompido nesta semana por causa dos Jogos Abertos do Interior.



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